'Joaquinzação' de Fachin reitera o golpe de Cunha em nome do rito do impeachment

O juiz Fachin reiterou e carimbou a obra golpista do presidente da Câmara, mesmo a saber que ele vai cair por causa de seus atos de corrupção e desmandos regimentais, no que concerne às normas e regras da Câmara dos Deputados

Brasília - Ministro Edson Fachin, durante sessão do Supremo Tribunal Federal para julgar como deve ser o rito de tramitação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso (José Cruz/Agência Brasil)
Brasília - Ministro Edson Fachin, durante sessão do Supremo Tribunal Federal para julgar como deve ser o rito de tramitação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso (José Cruz/Agência Brasil) (Foto: Davis Sena Filho)


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Fui à Cinelândia participar da manifestação contra o golpe, que visa derrubar a presidente Dilma Rousseff, eleita legalmente e democraticamente pelo povo brasileiro. Apoiei também a destituição de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados. A decepção foi o juiz Edson Fachin, relator do processo do PCdoB sobre as ações de Cunha.

Fachin surpreendeu, mas agradou a direita golpista que o criticava duramente há dias, antes de proferir seu relatório, que autorizou os desmandos de Cunha. Só que os golpistas ficaram surpresos tanto quanto à esquerda por motivos obviamente diferentes. No fundo e em termos práticos, Fachin apoia o golpe.

O Supremo Tribunal Federal (STF) é conservador e o juiz Fachin já virou herói instantaneamente da direita, conforme os elogios dos principais colunistas da imprensa de mercado e familiar, como aconteceu com Joaquim Barbosa. Há dois dias, os bate-paus dos oligopólios midiáticos desencavam o magistrado. Conveniências e oportunismos, como provas de que essa gente não tem compromisso com o Brasil e seu povo.

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O Lula e a Dilma falharam muito ao escolherem os ministros do Supremo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a escolha dos juízes da suprema corte, além de ser uma prerrogativa do presidente da República, como o é também no Brasil, o mandatário escolhe magistrados que pensam similarmente com o presidente que os nomeou, bem como com seu partido, a se submeterem, evidentemente, aos ditames da Constituição.

Franklin Roosevelt só conseguiu aprovar o New Deal, que tirou os Estados Unidos do buraco, na década de 1930, com a retirada de juízes conservadores (republicanos) da Corte daquele País, para, posteriormente, nomear magistrados que aprovassem as profundas mudanças na sociedade, de acordo com o programa de recuperação econômica apresentado por Roosevelt ao Congresso, mas muitas vezes bloqueado na Justiça por causa da maioria de juízes republicanos.

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Presidentes, seja do País que for, não vacilam quanto a esse importante processo de escolha de juízes de altas cortes. E deu no que deu, em um STF extremamente conservador, com magistrados distantes da sociedade e íntimos dos interesses da burguesia brasileira. Com Lula e Dilma, os juízes passaram a ser escolhidos em listas tríplices por seus colegas ao invés de serem escolhidos diretamente pelo presidente da República, que tem esta prerrogativa constitucional. Ponto.

Agora temos juízes que atuam como o juiz e político de direita, Gilmar Mendes, um notório tucano, a fazer política contra o Governo Trabalhista e a se alinhar, nitidamente, com a oposição liderada pelo PSDB e DEM. Realmente, Gilmar e muitos de seus colegas da ativa e já aposentados fizeram, no decorrer de anos, o contraponto político contra os governos de Lula e de Dilma, até porque tivemos períodos em que os democutanos, como oposição, estavam quase mortos, porque derrotados, além de os dois presidentes eleitos pelo PT terem altos índices de aprovação.

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Para refrescar a memória, Lula saiu do poder com mais de 80% de aprovação popular, e Dilma, em seu primeiro governo chegou a superar Lula, sendo que apenas há um ano ela tinha mais de 70% de aprovação. Derrotando-se o golpe de direita, o Brasil volta a ficar em paz e, aí sim, vai ser possível retomar o crescimento econômico até agora prejudicado pela crise política fomentada pela oposição do PSDB e seus apoiadores. A derrota do golpe significa que a mandatária petista, enfim, vai assumir seu segundo mandato com mais de um ano de atraso.

Lula e Dilma cometeram graves erros quanto às nomeações de juízes e procuradores-gerais da República. Até sexta tem votação no STF sobre o rito do impeachment, que é golpe, sim. Dilma não cometeu crimes de responsabilidade e muito menos crimes comuns. Uma mandatária honesta e republicana não poderia jamais sofrer um golpe eminentemente político, o que é um absurdo.

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Um golpe liderado por um homem com a moral de Eduardo Cunha, que cometeu inúmeros crimes comprovados. É o fim da picada, mas é a realidade de um País que por causa da crise política está com sua economia paralisada à espera de solução. Um golpe gerado também no ninho do PSDB, a chocar seus ovos o político derrotado nas eleições presidenciais de 2014, senador Aécio Neves.

A acompanhar o tucano inconformado e rancoroso, o vice-presidente Michel Temer, que se transformou em um dos piores traidores da história do Brasil, porque é um absurdo um vice, mesmo se estiver insatisfeito, fazer um papelão desse sem ter esse direito, porque acima de tudo seu cargo e função requerem uma conduta ilibada, acima de suas paixões e interesses pessoais, políticos e partidários.

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Todo vice tem a obrigação de ser recatado. Isto mesmo. Recatado e fiel como uma virgem da Idade Média. E por quê? Porque suas ambições se colocadas ao público, mesmo se sinceras e leais, sempre podem ser questionadas e, com efeito, tornarem-se alvos de dúvidas, fofocas, maledicências e desconfianças. Ser vice é como ser um monge, como procederam os vices do presidente FHC, Marco Maciel, e o do Lula, José Alencar.

O triunvirato do golpe, exemplificados em Eduardo Cunha, Aécio Neves e Michel Temer, com o apoio irrestrito de Gilmar Mendes, o juiz tucano do Mato Grosso, vai ser derrotado, apesar do relatório do juiz Edson Fachin que favoreceu a continuidade do golpe, conforme às ações de Cunha, que ao perceber que a oposição golpista não teria maioria, criou uma nova comissão, agora com maioria oposicionista, que foi nomeada pelo voto secreto.

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O juiz Fachin reiterou e carimbou a obra golpista do presidente da Câmara, mesmo a saber que ele vai cair por causa de seus atos de corrupção e desmandos regimentais, no que concerne às normas e regras da Câmara dos Deputados. De qualquer forma, não vai ter golpe, pois não há condições políticas e jurídicas realmente consistentes.

Vai ter, sim, muito barulho das manchetes da imprensa dos magnatas bilionários, criação de chicanas jurídicas e oba-oba de coxinhas de classe média paneleiros e despolitizados, com a finalidade de levar esse processo injusto e golpista até fevereiro ou março de 2016, e, consequentemente, dar fôlego à continuidade da crise e assim inviabilizar o Governo.

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Uma estratégia perversa da direita para infernizar e desgastar a presidente Dilma e seu Governo democrático e trabalhista. Do contrário, o povo vai para as ruas, como aconteceu ontem, só que a partir de agora, paulatinamente, com muito mais gente. Impeachment nessas condições é golpe! A verdade é que a "joaquinzação" de Fachin reitera o golpe de Cunha em nome do rito do impeachment. O golpe não passará! É isso aí.

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