Jesus votaria pela Lei do Desarmamento, certeza!

Marco Feliciano
Marco Feliciano (Foto: Reprodução | Reuters)


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Primeiramente, somos cristão hipócritas. Logo para começar este texto, não quero aliviar nem mesmo o meu lado: somos cristãos contra as lições de Jesus Cristo! E isso envergonha a face mais pura e mais terna do Senhor de Nazaré...

Segundo, sinceramente, vivemos a contemporaneidade em que os crentes e católicos mais conservadores chamam de “finais dos tempos”. Isto é, segundo estes (e sou católico para empreender bem o lugar de fala), “Jesus está voltando” e julgará a todos à medida de sua régua santa. 

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Que curiosidade irônica: no tempo que profetizam os cristãos sobre o arrebatamento, o momento derradeiro em que todos morreremos, ou (os justos) serão levados aos céus pela Mão de Deus, é justamente o tempo em que cristãos mais desejam o mal ao irmão (a figura do outro, sem qualquer alteridade ou empatia)! O tempo em que o tempero da morte e do desejo que o alheio (o diferente de mim; o negro da favela que parece bandido; o outro que não professa a minha fé; e os vários tipos de outros) deve morrer, sucumbir, sumir, ou por força da natureza, ou pelos punhos másculos de aço (das armas) que possuo. 

Se a lei dos homens não resolve as violências, portanto, estou autorizado, legitimado para usar mais violência (ter armas, por exemplo; amarrar no poste o menino batedor de carteira e bater na cara dele até sangrar, sem lição para aprender, pois, a depender da quantidade de mãos, este irá morrer e eu “não tô nem aí”).

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Escrevo este texto bem parecido com os atuais cristãos chamados de “homens de bem”: cheio de “ódio”[1] e “rancor” no meu coração. É isso que tem sido estes pseudo-cristãos, e nisso que estão tentando me transformar (uma pena!).

E por que digo que não estou bem emocionalmente? Cara, vê o absurdo e improvável (seria se fôssemos verdadeiros cristãos) de um pastor evangélico usando “óleo santo” e a Palavra de Deus para abençoar uma quantidade enorme de armas[2] de vários calibres, doeu sem dó na minha alma. Grito revolta, tristeza e uma certa desesperança com a humanidade.

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Não quero me alongar neste texto (que é mais um desabafo reflexivo para vê se amanhã eu me torno um verdadeiro cristão). Entretanto, trago de forma bem ligeira, dois aspectos a que possamos analisar: 

1) como enxergamos nos dias de hoje, as chamadas Cruzadas, as Guerras “Santas” em que cristãos iam ao fronte de batalha, “abençoados” por Deus para matar e matar e matar; tirar vidas sob o calor da emoção e a desculpa esfarrapada de que era para proteger a fé cristã, senão apenas para proteger relações de poder e riqueza de alguns, suas propriedades?

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2) o que nos vem ao estômago quando lembramos que, nos tempos da “Santa” Inquisição, pessoas eram queimadas vivas em praça pública sob a justificativa (bossal) de que haviam cometido alguma heresia com o nome sagrado de Jesus Cristo?

Isso é história real. E a maioria dos cristãos que converso (não desconversam) repudiam estes tempos, pois significa arbitrariedade, dor, sofrimento, morte, impróprios à semântica, às metáforas, às parábolas, às lições de amor de Jesus Cristo. 

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Marx (você goste ou não) nos ensina que “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. E vê esse pastor (não apenas ele, mas tudo que temos visto de padres empunhando armas dentro da Igreja, ou fazendo “arminha com a mão” na própria Missa), certamente é o tapa na cara que recebemos da farsa histórica (já ocorrida noutros tempos). E não aprendemos nada!

Por derradeiro, vamos ao centro deste texto: o verdadeiro Jesus Cristo, não o Galileu deste pastor (e outros pastores e padres e seus seguidores). Não vou “perder seu tempo”, leitor, leitora. Vou direto ao tratado de desarmamento que Jesus pregou no seu tempo. Assim diz o evangelista:

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"10. Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. (O servo chamava-se Malco.) 11. Mas Jesus disse a Pedro: “Enfia a tua espada na bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?”. 12. Então os soldados de Roma, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o ataram." (João, 18, 10-12)

Não tenho dúvidas: se hoje Cristo viesse fisicamente à Terra e fosse ao parlamento brasileiro, votaria contra qualquer lei que empunhasse armas nas mãos de seus filhos, de todos nós...

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[1] Deixo duas observações sobre o texto: 

i) não, eu não sinto “ódio” e usei esta palavra apenas para ilustrar os tempos líquidos de hoje, em que tem prevalecido, inclusive nas atitudes de certos cristãos, a política da morte em detrimento da vida (não ao ódio; sim ao amor!); 

ii) falar de que Jesus é pelo desarmamento da população não é ideologia de “A” ou “B”; é lógica; basta ouvir (sem ouvidos moucos) as palavras do evangelho e veremos que o Filho de Deus é pela Paz e contra qualquer tipo de violência, de qualquer natureza; e

iii) não estou a chamar todos os cristãos (fiz em forma de hipérbole) de hipócritas porque, aliás, tenho enorme admiração pelos cristãos verdadeiros. Minha tristeza é com os cristão que se fingem de bons, mas que seus atos são maus. Mas vale para refletirmos nosso papel no mundo...

[2] Para quem desejar assistir à aberração desse tipo de anti-bênção do pastor, segue o endereço do vídeo:

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