Jânio de Freitas e a consciência do jornalismo
Com a demissão de Jânio de Freitas, 90 anos, a Folha de S. Paulo cometeu um ato de crueldade contra os jornalistas e o jornalismo do país

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Por Paulo Moreira Leite
Vamos esquecer os argumentos econômicos, as conversas sobre "reestruturação da redação", "novas tecnologias" e toda explicação destinada a esconder fatos reais e banalizar a gravidade da situação do jornalismo brasileiro.
Com a demissão de Jânio de Freitas, 90 anos, a Folha de S. Paulo cometeu um ato de crueldade contra os jornalistas e o jornalismo do país, que, em grandes e pequenas publicações, e também nas redes sociais, travam uma batalha necessária para conhecer a verdade e apenas ela.
Nesta tarefa, indispensável à democracia em qualquer parte do mundo, em particular em situações de tumulto e ameaças às liberdades, Jânio sempre cumpriu um papel essencial.
Num universo onde a verdade que se esconde é tão grave quanto a mentira perfumada que se publica, em décadas de profissão Jânio pratica um jornalismo que vai além dos quesitos elementares, como clareza no texto, do rigor na apuração, da vibração com as notícias exclusivas.
Seus textos mostram a consciência dos riscos representados pela corrupção moral que ronda jornais e jornalistas de nossa época.
Deixam claro que as piores ameaças ao jornalismo nem sempre estão do lado de fora das redações -- podem nascer dentro das empresas de comunicação.
Ao longo dos anos, Jânio tornou-se a principal voz dissonante no coro dos contentes instituído pelos grupos de mídia, que há muito operam o debate político e a cobertura econômica em nome de interesses próprios.
Foi dessa forma que, numa atividade de décadas, com artigos e reportagens coerentes, onde não temia publicar o que sabia, ajudou a construir uma consciência crítica no país.
Já está fazendo falta.
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