Jair não vai liderar coisa nenhuma

Liderar blocos de oposição sem possuir mandato exige capacidade negociadora, requer habilidade de negociação, diálogo e, mais que tudo, carisma

Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento no Palácio da Alvorada 01/11/2022
Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento no Palácio da Alvorada 01/11/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


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Analistas projetam o futuro de Jair e do jairismo. O ex-presidente inelegível portaria ou não o condão de moldar as performances da oposição em desconstrução ao governo Lula? É claro que não, e as razões são óbvias.

Nunca, em tempo algum, Jair demonstrou talento gregário. Como presidente, e antes como deputado, foi um desagregador, afastando aliados dia sim, outro também, levando correligionários a não apenas abandonar seu barco, mas a sair atirando contra ele, por traidor. Só a caneta presidencial sustentou asseclas em torno de seus delírios. 

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O êxodo de jairistas começou com Gustavo Bebianno, passou pelo general Santos Cruz, chegou a Alexandre Frota, alcançou Sérgio Moro e encontrou em Abraham Weintraub o new desafeto mais boquirroto. Há muitos outros.

O acidente histórico que alçou Jair ao Planalto não pode ser confundido com traquejo político do dito cujo. O movimento jurídico e midiático de criminalização da política, de duplo ápice – a prisão de Lula e o impeachment de Dilma Rousseff –, não encontrou ninguém melhor que o capitão para lhe dar seguimento. Daí a catástrofe e o arrependimento de alguns.

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Liderar blocos de oposição sem possuir mandato exige capacidade negociadora, requer habilidade de negociação, diálogo e, mais que tudo, carisma. O suposto carisma de Jair, mito para meia dúzia de idiotas, é às avessas: sua deficiência cognitiva e sua precariedade comunicativa influenciam, na verdade, pouca gente além dos espíritos milicianos. Em regra, afasta. 

Os partidos que se propõem a fazer oposição cerrada ao governo Lula preferirão um candidato confiável, que não crie ele próprio problemas a cada vez que abrir a boca. O “capital político” de Jair é balela. Enquanto seus quatro anos de promoção de horror ainda estão quentes, é natural que sua figura mantenha certo peso, mas é questão de tempo – não se pode esquecer de que os desfechos criminais ainda estão por vir. 

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Os 58 milhões de votos que Jair obteve em 2022 são voláteis e circunstanciais – qualquer nome anti-PT chegaria a essa marca num pleito “polarizado” (perdão).

Aconselhar políticos não é hábito saudável a jornalistas, tampouco aconselhar-se com eles. Porém, o momento revela-se irresistível: a direita brasileira tem uma oportunidade imperdível de se afirmar civilizada, lançando candidatos do espectro conservador mas que, nem por isso, sejam milicianos, negacionistas ou golpistas.

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