Jair Messias anunciando o anunciado

"A tensão que já sufoca o país não fará outra coisa que aumentar. E Jair Messias não fará outra coisa que incentivar esse aumento", diz Eric Nepomuceno

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)


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Por Eric Nepomuceno, para o 247

Pensando bem, até que ele não se portou tão mal. Quase, quase, mas não foi o que se poderia esperar de um desequilibrado sem remédio. 

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No lançamento da sua candidatura à reeleição, Jair Messias se ateve praticamente o tempo todo ao discurso escrito para ser lido por ele. 

Fez quase tudo direitinho: leu devagar, pausado e enfático (creio que as partes enfáticas tenham sido grifadas ou marcadas em negrito), até que, no finalzinho, degringolou, mas ainda assim se conteve – à sua maneira. 

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Ainda bem que não citou nomes de integrantes tanto do Tribunal Superior Eleitoral como do Supremo Tribunal Eleitoral, leia-se Alexandre de Moraes, Luiz Edson Fachin ou Luis Roberto Barroso. 

Preferiu se limitar a denunciar os “surdos de capa”, leia-se togas, que não ouvem o povo.

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Ninguém sabe ao certo que “povo” é esse, além dos incensadores mais radicais do psicopata que ocupa a presidência.

E, claro, desancou o sistema eleitoral pelo qual foi eleito ao longo dos tempos, primeiro como deputado federal e agora como o pior e mais abjeto presidente da história da República. 

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Mas nem isso é o mais importante na fala enevoada de Jair Messias na apresentação de sua candidatura.

Importante de verdade é o chamamento que ele fez para que essa gente se una e promova uma gigantesca, multitudinária manifestação no dia sete de setembro, daqui a um mês e meio, quando deveriam ser celebrados os 200 anos de independência do Brasil de Portugal.

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No sete de setembro do ano passado Jair Messias fez um chamamento despudorado para um golpe.

Foi sossegado, ou quase, por uma figurinha menor porém hábil, o mesmo Michel Temer que agora ele ataca de maneira indireta e suja, como é do seu feitio.

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A questão hoje é exatamente essa: quem vai serenizar o sempre histérico Jair Messias no dia 7 de setembro? E o que será que ele quis dizer ao chamar sua malta para sair num 7 de setembro “pela última vez”?

Terá sido um recado claro e consistente de quem sabe que dentro de um ano poderá estar atrás das grades e não nas ruas?

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Nunca é demais repetir o óbvio: daqui em diante a tensão que já sufoca o país não fará outra coisa que aumentar. E, mais que nunca, Jair Messias, seus filhotes e os asseclas que perambulam à sua volta não farão outra coisa que incentivar esse aumento.

Resta saber o que farão, se é que farão alguma coisa, os militares da ativa. Porque os empijamados que rodeiam Jair Messias já estão a postos para não apenas cumprir suas ordens como para estimular seus desvarios cada vez mais endoidecidos.   

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