Jacó Bittar, construtor do Brasil democrático
“Democracia não está no discurso, mas na prática”
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Pedro Benedito Maciel Neto
Arlindo Dutra
“Democracia não está no discurso, mas na prática”
Jacó Bittar
Conheci Jacó Bittar em 1978, foi um encontro impactante para um menino de quatorze anos, convivi com ele por mais de quarenta anos, contudo, consultando o Google cheguei à Wikipedia, e lá encontrei uma apresentação pobre do Jacó.
Ele foi muito mais que um petroleiro e político; foi mais que fundador e o primeiro presidente do PT, o mais importante partido de centro-esquerda do mundo; não foi apenas fundador do Sindicado dos Petroleiros de Campinas e Paulínia e da CUT – Central Única dos Trabalhadores; foi mais que prefeito de Campinas.
Lembramos que, mais de uma vez, ele nos disse que o que mais o honrou na sua caminhada, foi ter servido Campinas. A partir dessa lembrança o ex-vereador Arlindo Dutra, com quem divido a autoria desse artigo, lembrou fatos importantes da nossa história, relacionados ao PT dos anos 1980, à cidade e à caminhada a caminho do Palácio dos Jequitibás.
Arlindo lembrou que nos anos 1980 a participação popular não era retórica e “o PT, em amplo crescimento, contava com 46 Núcleos organizados em bairros, em seguimentos e em categorias”.Lembrou também as dificuldades estruturais da campanha de 1988 eram enormes, o que obrigou “Jacó, junto com alguns amigos a pintar as placas de campanha em frente à Catedral. Ninguém entendia como um candidato a Prefeito de Campinas estava no meio do povo a pintar placas, enquanto outros tinham poderosos comitês espalhados pela cidade?”.
Mesmo sem recursos Jacó foi eleito prefeito, o vice-prefeito era o arquiteto Antônio da Costa Santos (morto em 2001, em circunstâncias jamais explicadas de forma satisfatória).
A vitória surpreendeu, pois era dada como certa a vitória do então vice-prefeito Vanderlei Simionato.
Na posse sua primeira mensagem: “Democracia não está no discurso, mas na prática”.
O país acabava de sair de um período ditatorial e buscava consolidar a democracia e Jacó foi o primeiro prefeito da cidade eleito sob a égide das novas Constituição Federal (1988), constituição estadual (1989) e Lei Orgânica (1990), dentre outras tantas novas leis, tudo era novo.
Mas, iniciada a gestão, vieram as dificuldades.
Parte do empresariado da cidade, tristemente conservador, não aceitou o sindicalista no comando da cidade e logo em 1989 a cidade foi vítima de um locaute - paralisação das atividades comandada por empresários.
Os empresários do transporte coletivo retiraram todos os ônibus da cidade por uma semana, como forma de pressionar o prefeito, que havia negado o reajuste na tarifa de ônibus;
Mas eles não conheciam Jacó, que transformou o caos, em oportunidade e revolucionou o sistema de transportes; transformou a EMDEC, uma empresa em liquidação, em gerenciadora e operadora do sistema de transporte.
As empresas de transporte passaram a receber o que lhes cabia, apenas após o serviço prestado, o cumprimento do contrato passou a ser exigido, multas passaram a ser cobradas; foi renovada a frota; criado o ‘Passe Popular’; o ‘Passe Passeio’ (dois domingos por mês a população tinha a passagem gratuita, ampliando a possibilidade de lazer).
Em 1990, vão-se trinta anos, foi implantado o primeiro módulo do VLT, inexplicavelmente, desativado pelo governo do PSDB.
Teve início a duplicação das avenidas John Boyd Dunlop, Piracicaba, Theodureto de Camargo; além da Estrada dos Amarais.
Concluiu o Túnel I do complexo Joá Penteado e uma das suas marginais; reformou o Viaduto da Suleste; pavimentou o Parque Florence, realizou a ligação com o Rossim, Jardim Nova Mercedes, Jardim Nova América etc.
Recuperou-se financeiramente a IMA e a Sanasa (o que viabilizou a conclusão da nova sede da companhia, dando início à sua profissionalização), que concluiu a ETA 4 e implantou a rede de esgoto no Jardim São Cristóvão, Nova América, Florence, Nova Mercedes, Recanto do Sol, Ademar de Barros etc.
O Pronto Socorro Mario Gatti foi transformado em um hospital, iniciaram-se as obras do Hospital Ouro Verde, reformou e construiu novos Centros de Saúde, criou o programa saúde da família, trouxe o SAMU etc.
Construiu creches - as maiores nos bairros DIC I e DIC III -, além do único CAIC (Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente) na Vila União.
E Arlindo Dutra diz: “não podemos esquecer a Praça Maior. Ele transformou a pedreira do Chapadão - uma área que funcionava como depósito de entulho e outros descartes, num verdadeiro Cartão Postal”, tudo com recursos próprios.
Desassoreou a Lagoa do Taquaral e reformou a Caravela, em parceria com a CPFL; trouxe o Parque Ecológico e o Lago do Café para a cidade; iniciou o Parque Linear Jardim Capivari, o Bosque do DIC I e criou o Bosque dos Artistas.
Criou o DUF (Departamento de Urbanização de Favelas); construiu um bairro novo, o Parque Floresta, para receber centenas de famílias vítimas das enchentes; viabilizou a Vila União, com toda infraestrutura, áreas de lazer e dois grandes Centros Comunitários.
Assumiu um desafio: plantar UM MILHÃO de ÁRVORES, resgatar um ambiente saudável e equilibrado; isso trouxe ao debate o aquecimento global. Alguns dirão: “mas ele não plantou um milhão de árvores”, verdade, mas semeou um milhão de consciências.
Corajoso, fechou o aterro Santa Bárbara e implantou o Delta I, que até hoje recebe o Lixo orgânico da cidade.
Criou a defesa civil em 1990 e em 1991 oficializou a criação da Guarda Municipal, dois serviços que são hoje referência no país.
Realizou o primeiro Concurso Público com um plano de cargos e salários, garantindo a estabilidade e a valorização do servidor.
Aconteciam encontros nas diversas regiões da cidade, a população era ouvida e as demandas incluídas no orçamento; isso originou o “Orçamento Participativo”, hoje denominado “Orçamento Cidadão”.
Essas são algumas poucas realizações de um governo que, passados trinta anos, ainda é referência de inovação, um governo liderado Jacó, um dos próceres da construção do Brasil democrático nos últimos cinquenta anos.
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