Já começou a campanha de desqualificação da Marina

não vi ciência nenhuma na análise de Sader a respeito da candidatura de Marina Silva à Presidência da República, apenas wishful thinking de quem a teme e, desde já, a combate

não vi ciência nenhuma na análise de Sader a respeito da candidatura de Marina Silva à Presidência da República, apenas wishful thinking de quem a teme e, desde já, a combate
não vi ciência nenhuma na análise de Sader a respeito da candidatura de Marina Silva à Presidência da República, apenas wishful thinking de quem a teme e, desde já, a combate (Foto: Celso Lungaretti)


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Emir Sader é um sociólogo petista que se apresenta também como cientista político. Fez, claro, um doutorado que lhe dá o direito de portar título tão pomposo, mas eu acho graça em atribuir-se cientificidade à política.

Para entendermos os lances atuais da nossa política e dos nossos políticos profissionais, melhor instrumental nos dão Freud e Agatha Christie. Para explicar-nos os episódios do passado, bastam os historiadores. E, sem possuir estatísticas a respeito (alguém as tem?), suspeito que a taxa de acerto dos prognósticos de cientistas políticos seja inferior à de cartomantes, tarólogos e jogadores de búzios.

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O certo é que não vi ciência nenhuma na análise de Sader a respeito da candidatura de Marina Silva à Presidência da República, apenas wishful thinking de quem a teme e, desde já, a combate. Começando pelo título: A direita quer que Marina seja sua tábua de salvação (acesse o artigo clicando aqui).

Ou seja, é preciso martelar na cabeça do eleitorado de esquerda uma inexistente associação entre Marina e a direita, para favorecer a candidata que, como presidenta da República, jamais peitou pra valer o grande capital, o agronegócio, os bancos, os picaretas que exploram a fé e os militares que debocham da Comissão da Verdade, entre outros. E que nem sequer teve a coragem de dar asilo a Edward Snowden, mostrando ser uma criatura bem pior do que o criador, pois Lula não virou as costas a Cesare Battisti.

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Para preservar sua respeitabilidade acadêmica, lá pelas tantas Sader coloca esta ressalva, seguida de mais veneno:

"Plenamente dispostos (?) a enterrar definitivamente ao (?) debilitado Aecio, as (?) vozes da direita se excitam, entre frenesi e angustia de perder essa oportunidade. Não importa se Marina não é uma pessoa confiável. Que pode assustar os empresários do agronegócio. Que tenha suas manias ecológicas. O que importa é tirar o PT do governo. Depois a gente vê. Se ela chegar a ganhar, vai precisar do apoio parlamentar e dos governadores tucanos, vai precisar da mídia. Se dá uns apertões e ela vai ceder, até porque não tem apoio próprio".

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Erros de concordância e de regência à parte, o certo é que Marina bate de frente, sim, com o capitalismo. E exatamente no que ele tem de mais terrível e ameaçador nos dias atuais: o fato de estar simplesmente encaminhando a espécie humana para a extinção.

Se danosa ao extremo é a exploração do homem pelo homem e se deveríamos chorar lágrimas de sangue por continuar havendo tanta miséria e sofrimento inútil quando já estão dadas as condições para todos os seres humanos disporem do necessário para uma sobrevivência digna, é no front ecológico que se trava a batalha primordial do momento. Ou desarmamos a armadilha em tempo, ou poderá não existir século 22.

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Precisamos mudar radicalmente a sociedade em que vivemos, mas a prioridade primeira é assegurarmos que vá haver um amanhã, caso contrário todo o resto será inútil. Simples assim. E Marina, com "suas manias ecológicas", está bem no centro desta discussão, a mais importante para a humanidade quando já se vislumbra o Leviatã no horizonte.

Quanto à base parlamentar para garantir a tal da governabilidade, é engraçado o Sader tocar neste assunto, se lembrarmos que foi ela o motivo de o PT haver traído tantos princípios, incorrido em práticas tão condenáveis e colado sua imagem à de figuras execráveis como Paulo Maluf, José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros, Jader Barbalho, ACM e que tais.

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Marina é uma incógnita e Dilma, a certeza de que tudo permanecerá como dantes no quartel de Abrantes. Terá a acriana disposição e garra para, eleita, lutar verdadeiramente contra a podridão política, ao invés de a ela se adequar, ainda que a contragosto e cedendo a chantagens, como o PT tem feito desde 2002? Honestamente, não dá para sabermos agora.

Assim como Sader não tem como saber se bastam "uns apertões e ela vai ceder, até porque não tem apoio próprio" -a opinião que ele atribui aos direitistas mas, no fundo, no fundo, quer mesmo é plantar na cabeça dos seus leitores. Os incautos podem passar batidos por tais sutilezas, mas não um jornalista veterano como eu.

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Enfim, sugerir que adversários pertencentes ao campo da esquerda estariam sendo circunstancialmente úteis para a direita, sem exibir evidência nenhuma de anuência da parte deles, é apenas futrica -cujo arsenal, segundo Sader, já estava quase esgotado do lado da direita, mas parece ser inesgotável nos arraiais de certa esquerda que nada aprendeu nem esqueceu desde o stalinismo.

Por último, como sou um mero comunicador e não almejo à respeitabilidade acadêmica, vou fazer um paralelo futebolístico. Depois de o grande goleiro do tricolor paulista, falhando três vezes, propiciar nova desclassificação de sua equipe, o comentarista Juca Kfouri aconselhou-lhe a aposentadoria: "Rogério Ceni precisa escolher se gosta mais do São Paulo ou de si mesmo".

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O PT também precisa decidir se gosta tanto de si mesmo a ponto de colocar em risco a permanência da esquerda no Palácio do Planalto. Pois só não vê quem não quer que, num 2º turno entre Dilma e Aécio Neves, o PSDB terá suas chances muito aumentadas em função do desgaste acumulado pelo situacionismo em três governos sucessivos, do desempenho pífio da economia brasileira e do desencanto que todos percebemos existir e já pipoca nas ruas faz mais de um ano.

Enquanto isto, a carismática Marina, personificando a mudança e trazendo esperança, tiraria a escada de Aécio (o antipetismo), deixando-o pendurado na brocha.

É algo em que os petistas deveriam pensar, antes de utilizarem contra uma adversária métodos que pegam mal até mesmo quando usados contra os inimigos.

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