Invasor diz a índio xicrin que estava desmatando “porque Bolsonaro liberou”

"Tomar as reservas dos índios – que é política explícita do governo Bolsonaro – tem relação direta com o desmatamento e as queimadas. Quanto menos índios na Amazônia mais a floresta estará exposta a ataques de forasteiros e será mais fácil explorá-la", escreve o jornalista Alex Solnik. "É preciso proteger os índios; eles é que protegem a Amazônia"



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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

  Os índios xicrins eram ilustres desconhecidos dos brasileiros do Sul até saírem hoje na capa da Folha de S.Paulo.

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  A foto registra o momento em que alguns deles voltam à aldeia carregando espingardas e motosserras que tomaram de invasores brancos, logo após expulsá-los da sua reserva, a Terra Indígena Trincheira Bacajá, no município de São Felix do Araguaia, no sul do Pará.

  O relato dos xicrins aos repórteres Fabiano Maisonnave e Lalo de Almeida não deixa dúvidas acerca do que acontece na Amazônia desde a posse de Bolsonaro na presidência.

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  Bekara Xicrin conta que um dos invasores explicou que ele e seus colegas estavam ali abatendo árvores na área que em breve seria pasto “porque Bolsonaro liberou”. Reserva indígena virou terra de ninguém.

  O índio responde com firmeza:

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  “Não, esse indígena não quer, guerreiros velho não quer; não pode desmatar”.

  E os invasores se retiram, intimidados pelos xicrins, em maior número e armados de bordunas.

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  O ataque ocorreu porque os xicrins cansaram de esperar providências do governo federal por meio da Funai. O objetivo oculto por trás do descaso não é difícil entender: tomar à força as reservas para entregá-las à criação extensiva de gado, à soja e ao garimpo, o que Bolsonaro já proclamou mais de uma vez.

  Todas atividades que destroem a maior floresta tropical do mundo de forma lenta, segura e gradual.

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  Há um debate na praça a respeito de quem seriam os donos da Amazônia.

  “É nossa”, defendem brasileiros, bolivianos, venezuelanos e populações dos demais países inseridos na Amazônia – mas que moram nas cidades ou em áreas rurais distantes deles.

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  “É do mundo”, gritam ambientalistas, e também o presidente francês Emmanuel Macron – que também habitam a milhares de quilômetros da floresta.

  Acho que os verdadeiros donos da Amazônia são os xicrins e os outros indígenas que a habitam há milhares de anos.

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  São eles os maiores protetores da floresta amazônica porque sua sobrevivência depende dela. A degradação da região começou quando o primeiro branco, o espanhol Francisco Orellana, descobriu o Rio Amazonas, em 1500.

  Tomar as reservas dos índios – que é política explícita do governo Bolsonaro – tem relação direta com o desmatamento e as queimadas. Quanto menos índios na Amazônia mais a floresta estará exposta a ataques de forasteiros e será mais fácil explorá-la.

  É preciso proteger os índios; eles é que protegem a Amazônia.

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