Intervenção no MEC é vitória de militares sobre olavistas

Ao comentar a nomeação do tenente-brigadeiro Ricardo Machado Vieira para a secretaria executiva do MEC, o “número 2” da pasta, Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia, afirma que não é possível saber sobre o entendimento dele acerca da educação; "Machado Vieira, porém, entende de militares – e aí é que está a relevância de sua nomeação, que marca uma vitória do entorno militar do presidente sobre a chamada ala olavista do governo, a turma ideológico-aloprada indicada e apoiada pelo mentor intelectual da família Bolsonaro, o filósofo Olavo de Carvalho", diz

Intervenção no MEC é vitória de militares sobre olavistas
Intervenção no MEC é vitória de militares sobre olavistas (Foto: Dir.: em cima (Marcelo Camargo - ABR))


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Por Helena Chagas, para Os Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia

Há muitos dias se ouve em Brasília que a demissão do ministro da Educação, Vélez Rodríguez, seria uma questão de dias, horas talvez. Longas horas. A cada vez que a imprensa informava isso, o presidente Jair Bolsonaro recuava – regido talvez pela lógica do espírito-de-porco, ou por pura implicância com os jornalistas.

Não sabemos se, quando você estiver lendo isso, Vélez ainda estará naquela cadeira no MEC, reinando sobre a bagunça que se instalou numa das mais importrantes e cruciais pastas do Executivo. Ministro ele deixou de ser há tempos, conforme muitos já notaram e escreveram – o que Bolsonaro não conseguiu evitar.

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Mas o principal fato político desta sexta-feira, que amanheceu com um movimento mais importante até do que a demissão de Vélez, foi a nomeação do tenente-brigadeiro Ricardo Machado Vieira para a secretaria executiva do MEC, o “número 2” da pasta. Não sabemos o que ele entende de educação. Ocupava um cargo no FNDE, fundação encarregada da comra de livros didáticos e outros programas.

Machado Vieira, porém, entende de militares – e aí é que está a relevância de sua nomeação, que marca uma vitória do entorno militar do presidente sobre a chamada ala olavista do governo, a turma ideológico-aloprada indicada e apoiada pelo mentor intelectual da família Bolsonaro, o filósofo Olavo de Carvalho.

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Depois da dúzia de demissões resultante do tiroteio entre olavistas e não-olavistas, que desestruturou completamente o MEC nas últimas semanas, a nomeação de um militar para o segundo cargo é uma espécie de intervenção no Ministério. No Planalto, a avaliação é de que resolveria o problema nas duas hipóteses, a da demissão e a da permanência de Vélez como uma espécie da Rainha da Inglaterra educacional.

A presença do militar, com codições de tocar a pasta de forma interina com a confiança do Planalto, e ser uma espécie de cão-de-guarda depois, serve sobretudo na possibilidade de que venha a ser nomeado um político para a Educação em meio às barganhas pela votação da reforma da Previdência.

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Essa é, por exemplo, a ideia do ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Para o cargo, circulam nomes do DEM e de outros partidos vistos como possíveis aliados, sobretudo para agradar os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Essa nomeação poderá ser, inclusive, um dos itens do acordo de paz selado entre o Planalto e o Congresso nesta quinta.

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