Interrogatório de Temer lembra o de outro corrupto notório
"Essa decisão do ministro Edson Fachin de permitir que o interrogatório de Temer seja feito por escrito, e concedendo 24 horas de prazo para as respostas (é mais ou menos como fazer a prova do vestibular em casa), me lembrou um escândalo de corrupção dos anos 1950, envolvendo o ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros", diz o colunista do 247 Alex Solnik, ao relembrar o " escândalo dos Chevrolet da Força Pública"
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Essa decisão do ministro Edson Fachin de permitir que o interrogatório de Temer seja feito por escrito, e concedendo 24 horas de prazo para as respostas (é mais ou menos como fazer a prova do vestibular em casa), me lembrou um escândalo de corrupção dos anos 1950, envolvendo o ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros.
Ele já estava fora do governo quando o Procurador do Estado Hélio Bicudo, que fora nomeado por ele, escarafunchou os arquivos do Estado, abertos por ordem do governador que o sucedeu, Jânio Quadros, seu maior rival até encontrar as provas de um dos inúmeros casos em que Adhemar colocou dinheiro público na sua conta privada: o escândalo dos Chevrolet da Força Pública.
O próprio Bicudo me contou o que aconteceu, há alguns anos, muito antes da sua ideia infeliz de assinar um impeachment da presidente Dilma por causa de “pedaladas fiscais”.
“As provas eram irrefutáveis” disse Bicudo. “Eu tive todo o acesso, consegui a cópia do cheque depositado na sua conta! A grande prova!”
O processo correu rapidamente, o dia do interrogatório foi marcado, mas quanto ao local, surgiu a dúvida: na Justiça ou na delegacia de polícia? “Na minha casa”, pediu Adhemar. E Bicudo concordou.
- Passamos a tarde toda lá. Eu mostrei a cópia do cheque pra ele: “aqui está o cheque, como é que o senhor deposita na sua conta?!” “Ah, não... mas eu ia devolver”... Ele ia devolver, veja só...
Notem que nem naqueles longínquos anos 50, em que a corrupção era tida como piada de salão Adhemar cogitou responder por escrito, 24 horas depois. Só pediu para ser na sua casa.
Apesar das provas contundentes, ele se livrou da prisão com um habeas-corpus do STF - "comprado", disse Bicudo.
E, na eleição seguinte, voltou ao governo.
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