Internacionalizar a luta palestina

(Foto: Cebrapaz/Divulgação)


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Um fim de ano diferente. Derrotamos o fascismo nas urnas (muita luta ainda teremos pela frente, é bem verdade) e tivemos uma Copa do Mundo que não marcou apenas a celebração do tricampeonato (merecidíssimo) da Argentina, mas revelou ao mundo a questão palestina, tão invisibilizada pela mídia hegemônica.

Mídia essa regada pelo dinheiro sionista, o mesmo que apoia e faz lobby entre congressistas conservadores, como é o caso do grupo American-Israeli Public Affairs Committee (AIPAC) ao atuar junto aos congressistas dos EUA e oferecer ajuda financeira a Israel, tornando-o uma das forças armadas mais sofisticadas do mundo e abastecendo os cofres da indústria de armamentos. (Seria mera coincidência a presença constante das bandeiras de Israel junto às aglomerações promovidas por Jair Bolsonaro, assim como sua política de acesso às armas?)

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São poucas as pessoas que levam a discussão para o dia a dia, inclusive pessoas de nosso campo esquerdista/progressista. Não irei aqui discorrer sobre ela em si, pois exigiria um ensaio significativo. No entanto, há excelentes livros como “A questão Palestina” (Edward W. Said) e “Palestina – do mito da terra prometida à terra da resistência” (Sayid Marcos Tenório). Em todo caso, quero dizer que falar da Palestina é intrínseco à nossa luta e ao nosso internacionalismo. Afinal, o território que hoje resiste ao apartheid e etnocídio sionista de Israel, é o berço de toda luta.

E foi durante a Copa do Mundo que conseguimos romper a bolha midiática. Nas ruas e estádios do Catar, a irmandade árabe empunhando a bandeira da Palestina permitiu visibilidade. A seleção de Marrocos, em especial, foi fundamental para isso. Mais do que avançar à semifinal, derrotando seleções que simbolicamente representavam seus colonizadores (Espanha, Portugal e França), a cada vitória, entrava em campo também a bandeira da Palestina.

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Esse é mais um dos momentos que devemos aproveitar a oportunidade para que ecoemos igualmente as vozes dos palestinos, pressionando a ONU e países aliados para que tomem atitudes verdadeiramente práticas, que acabem com o problema que eles mesmo criaram ao inventarem um estado farsante em 29 de novembro de 1947, por pressão do imperialismo e do sionismo, dividindo de forma injusta e autoritária uma terra que já possuía seu povo.

Aquilo que defenderam como sendo a solução, tornou-se um problema maior, com aumento das repressões e crimes contra o povo palestino. Como resultado, o avanço sobre o território palestino só aumenta. Desde então, a Palestina teve roubada mais de 80% de seu território pelos colonos judeus sionistas, expulsando milhões de palestinos.

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Sob a conivência da ONU e cia., os palestinos que resistem estão sitiados em seu próprio território, sofrendo ataques covardes e sendo usados como cobaias pelo aparato militar e tecnológico israelense – lembrando que 70% desse armamento é comprada por governos que mantêm relações econômicas com esses assassinos.

Ataques caracterizados como crimes de guerra, desrespeitando a própria Convenção de Genebra, como lembramos o que ocorreu 14 anos atrás, quando Israel lançava um massivo ataque contra a Faixa de Gaza utilizando bombas de fósforo branco durante 21 dias, vitimando mais de 1300 palestinos e deixando mais de 5000 feridos.

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Aqueles que não são mortos, tornam-se prisioneiros de guerra e padecem nas cadeias de Israel, em claro abuso de poder e nova violação dos direitos humanos internacionais. O caso mais recente foi de Nasser Abu Hamid, 50 anos, que sofria de câncer de pulmão e morreu depois que as autoridades israelenses se recusaram a transferi-lo para um hospital para lhe dar o tratamento necessário.

Em recente relatório divulgado pela Sociedade de Prisioneiros Palestinos (PPS), foi denunciado que pelo menos 835 palestinos permanecem em prisões israelenses sob a chamada detenção administrativa, sem acusações ou crimes comprovados. Mais abusivo ainda os dados publicados pela Comissão para Assuntos de Detentos e Ex-Detentos, confirmando que mais de 600 crianças palestinas estão aprisionadas pelos tribunais israelenses.

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Só em 2022, até agora, 232 palestinos foram assassinados, sendo 48 crianças e mais de 9700 feridos. Vale lembrar que 2022 é o sexto ano de aumento anual consecutivo no número de ataques de colonos israelenses na Cisjordânia ocupada.

São ataques covardes, desumanos, incluindo escolas da própria ONU, vitimando crianças e adolescentes.

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Destroem suas plantações e casas, obrigando os verdadeiros donos das terras à reconstrução, mas limitando acesso de caminhões e materiais de construção. Mais uma demonstração de intimidação para que aqueles que resistem, abandonarem suas terras para a colonização sionista para a multiplicação de assentamentos ilegais de colonos israelenses na Cisjordânia (4,8 mil unidades/por ano). Piorando a situação, novamente sob a chefia do fascista Benjamin Netanyahu, há evidências de que tais ocupações se tornarão ainda mais intensas, com mais sangue de inocentes sendo derramado.

Em sua política de terror para gerar um ambiente inóspito à sobrevivência, Israel segue restringindo o acesso à eletricidade e água potável, principalmente em Gaza. As mais de 2 milhões de pessoas que ali resistem têm apenas 4 horas de eletricidade por dia, e 96% da água potável está contaminada.

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Para quem quiser conhecer um pouco mais a realidade das crianças palestinas, recomendo o documentário “Nascido em Gaza” (2014), disponível na Netflix e que acompanha dez crianças que (sobre)vivem sob os bombardeios israelenses em Gaza. O olhar das crianças que vivem sob a tensão e constante medo de novos ataques sionistas é marcante. Mais um crime imperdoável de Israel: roubar a infância das crianças.

Sendo assim, aqueles que se consideram marxista-leninistas (portanto, internacionalistas), têm o dever de olhar para o que ocorre na Palestina e reverberar sua voz na sociedade, garantindo que essa pauta esteja presente em nosso dia a dia, sensibilizando as pessoas, seja no mercado, nas salas de aulas, no ponto de ônibus, em todo lugar.

Não podemos mais nos contentar com falas vazias e notas de repúdio, tal como fez a própria ONU recentemente ao condenar o estado genocida de Israel, sem que tomasse qualquer atitude concreta. A Palestina precisa de nossa solidariedade. É necessário que pautemos o que está por trás do sionismo e sua ligação direta com o capitalismo/neocolonialismo que enriquecem certas nações às custas de sangue palestino.

A luta pela Palestina é uma luta de todos nós!

(Em tempos de festas natalinas, é bom reforçarmos: Jesus era palestino).

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