Instrumentos do golpe

Apesar de os líderes do MBL afirmarem que ele é mantido pela contribuição financeira de seus seguidores, por recursos pessoais e por doações de empresários, para promover seus atos e divulgá-los nas redes sociais, o financiamento do MBL por capital estrangeiro vem sendo repetidamente constatado e questionado pela mídia nacional e internacional

Apesar de os líderes do MBL afirmarem que ele é mantido pela contribuição financeira de seus seguidores, por recursos pessoais e por doações de empresários, para promover seus atos e divulgá-los nas redes sociais, o financiamento do MBL por capital estrangeiro vem sendo repetidamente constatado e questionado pela mídia nacional e internacional
Apesar de os líderes do MBL afirmarem que ele é mantido pela contribuição financeira de seus seguidores, por recursos pessoais e por doações de empresários, para promover seus atos e divulgá-los nas redes sociais, o financiamento do MBL por capital estrangeiro vem sendo repetidamente constatado e questionado pela mídia nacional e internacional (Foto: Pedro Maciel)


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Os mais jovens, assim como os menos estudiosos, tratam com chacota aquilo que chamamos de conspiração.

A verdade é que os golpes de Estado (tanto o de 1964, quanto o de 2016) foram planejados e financiados por instituições e entidades, que na tutela de interesses distantes dos interesses do país, conspiraram contra a própria honra e renunciaram a legar dignidade aos seus descendentes.

E nos tempos da presidência de João Goulart o Brasil foi vítima de dois golpes.

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O primeiro relacionado à instituição do parlamentarismo e o segundo o golpe civil-militar que instituiu uma ditadura que vigeu por mais de duas décadas.

Mas como ocorrem as articulações que antecedem os golpes de Estado? Elas têm início através de conspirações que corroem as instituições e estruturas do país. Geralmente essas articulações contam com apoio de entidades que se nos apresentam com características nobres e altruístas, entidades de pesquisa, educacionais ou assistenciais, mas são meros instrumentos do golpe.

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Nos anos 1960 as atividades e articulações conspiratórias contra a nossa democracia contavam com diligente apoio do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, conhecido como IPES, cuja função primordial era integrar os diversos movimentos sociais de direita para criar as bases de uma oposição que pudesse deter "o avanço do comunismo soviético no ocidente", e depor o Presidente “corrupto” e “comunista” João Goulart.

O IPES e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) recebiam recursos da CIA e os repassavam àqueles que cumpriam o papel de criar a instabilidade política, necessária ao cenário de caos que se pretendia criar e que justificaria o golpe.

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Merece registro que pouco após a sua fundação o IPES passou a ser dirigido pelo general Golbery do Couto e Silva, um dos artífices da ditadura militar. 

O maior financiador do IPES foi o governo dos EUA do então presidente Kennedy. Os acordos sobre esse financiamento teriam sido intermediados pelo embaixador americano no Brasil e visavam desestabilizar o governo de João Goulart (não há mais dúvida sobre isso, os documentos são públicos).

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É triste registrar que empresas nacionais também participaram da estruturação financeira dessas entidades golpistas, bem como o banqueiro Magalhães Pinto.

Basicamente o IPES elaborava filmes publicitários, documentários, panfletos, e propagandas contra o governo brasileiro, publicou também um livro intitulado "UNE, instrumento de subversão"...

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O discurso do IPES era o da defesa da democracia e da moralidade, mas legou à História país: o Grupo de Ação Patriótica (GAP), o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e o incêndio da UNE, além do confronto sangrento com estudantes da USP, em 1968.

O Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) possuía suas origens nos interesses tutelados pela CIA, em entrevista concedida em 1998 à FOLHA DE SÃO PAULO, o general Hélio Ibiapina revelou que o IBAD possuía ligações com a Agência Central de Inteligência.

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O IPES e o IBAD estavam fortemente ligados aos golpistas de então, senadores, deputados, empresários e banqueiros e, alheios aos interessas do Brasil, contavam ainda com apoio de setores dominantes da Igreja Católica e da imprensa corporativa.

O golpe de 2016 nos apresentou, dentre outros, o Movimento Brasil Livre – MBL.

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Segundo o sociólogo brasileiro Theotonio dos Santos o MBL seria financiado pela CIA, como parte da "guerra psicológica" da agência na América Latina. A FOLHA DE SÃO PAULO apresentou o “Movimento Brasil Livre” como uma organização virtual e o principal grupo convocador dos protestos contra o governo Dilma e contra o PT.

Ainda sobre o MBL o portal World Socialist Web Site sugeriu que o movimento seria inspirado e financiado por grupos de direita comandados por bilionários, o que evidenciaria perigo à classe trabalhadora. 

A deputada Jandira Feghali do PCdoB afirmou que o MBL recebe financiamento internacional.

Fato é que apesar dos líderes do MBL afirmarem que ele é mantido pela contribuição financeira de seus seguidores, por recursos pessoais e por doações de empresários, para promover seus atos e divulgá-los nas redes sociais, o financiamento do MBL por capital estrangeiro vem sendo repetidamente constatado e questionado pela mídia nacional e internacional.

O MBL é o novo IPES? É possível que sim. O que demonstra que a metodologia dos golpe em 1964 e de 2016 é a mesma, seus instrumentos muito parecidos e seu caráter idêntico.

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