Inquérito das fake news é inegociável

Moisés Mendes avalia que enquadrar os que financiaram o gabinete do ódio seria um "belo presente aos brasileiros" descrentes do Judiciário

Alexandre de moraes
Alexandre de moraes (Foto: Reprodução | Carlos Moura/SCO/STF)


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Por Moisés Mendes, para o 247 

O Brasil transforma uma pergunta inquietante na sua própria resposta, quando indaga sobre possíveis punições a facções de direita e extrema direita investigadas ou já denunciadas e processadas pelos mais variados crimes.

A resposta, não apenas retórica, é essa: o Brasil não espera nada. O país acostumou-se à impunidade dos que estão dentro ou no entorno do poder.

Mas há um vestígio de esperança, quando a questão específica, entre os muitos delitos transformados em caso judicial, trata de um tormento admitido por Bolsonaro.

O tormento é provocado pelas investigações sobre as fake news, que juntaram no mesmo inquérito as mentiras e os atos contra a democracia. O superinquérito que corre no Supremo é a expectativa que nos sobra.

O resto é o resto. Não há expectativa alguma em relação aos investigados pela CPI do Genocídio cujos indiciamentos foram requeridos ao Ministério Público. Quase nada se espera de punição das quadrilhas das vacinas.

Ninguém espera nada das investigações sobre as rachadinhas de Flavio e do Queiroz. Nem o mais otimista dos brasileiros aguarda algum desfecho para as sindicâncias sobre as máfias do orçamento secreto. Muito menos para a pergunta sobre quem mandou matar Marielle.

Mas sabemos que o inquérito da fake news nos livra do pessimismo absoluto. Se Bolsonaro chegou a admitir que pediu uma trégua a Alexandre de Moraes, antes de enviar a famosa cartinha de 9 de setembro, é porque esse inquérito põe em pânico as estruturas da família.

Agora, no dia 9 de junho, Moraes prorrogou por mais 60 dias o inquérito que investiga Bolsonaro pela declaração de que há uma conexão entre a vacina contra a Covid e o aumento do risco de contaminação pelo HIV.

O caso de Bolsonaro já está dentro do superinquérito das fake news e dos atos golpistas. Moraes poderá encaminhar ao Ministério Público as conclusões das investigações da Polícia Federal, enquadrando os envolvidos nas fake news e nas manifestações pró-golpe, entre os quais os filhos do homem e os amigos dos filhos e mais os agregados.

Poderá também, segundo o próprio Moraes anunciou no final de abril, pegar os financiadores milionários da fábrica de notícias falsas e difamações, para que não sejam punidos apenas os operadores, que todo mundo sabe quem são. Mas poderá deixar Bolsonaro de lado, para depois da eleição.

Porque tudo o que Bolsonaro quer é transferir a tensão para Moraes e para o TSE, ao provocar o ministro e o tribunal todas as semanas. Diz o sujeito que ninguém é valente o suficiente para cassar o registro da sua candidatura por causa de uma notícia falsa.

O novo prazo para encerramento do inquérito de Bolsonaro vencerá a dois meses da eleição. Moraes estará sentando na cadeira de presidente do TSE.

Não há como imaginar que, às vésperas da eleição, Moraes possa pegar Bolsonaro pelas fake news do HIV, o que poderia criar o maior imbróglio político desde o golpe de 2016 contra Dilma.

Mas o ministro poderá e deverá pegar o resto. E o resto é vasto. O ministro sabe das expectativas criadas, principalmente em torno do esquema criminoso de financiamento das fake news.

Enquadrar os endinheirados que financiaram até aqui não só o gabinete do ódio, mas todos os gabinetes do golpe, seria um belo presente aos brasileiros tão descrentes de um Judiciário que ainda vacila diante dos poderosos.

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