Inflação, indiferença e rejeição
Com a inflação tão alta e por tanto tempo, a popularidade de Bolsonaro está em baixa
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Os dados sobre a inflação no Brasil foram divulgados no ultimo dia 11 de maio pelo IBGE e o professor Fernando Nogueira Costa, do IE da UNICAMP, que mantém um blog que todos deveriam manter entre os favoritos - , recentemente ele publicou um artigo denominado: “Repetição da Herança Maldita do Regime Militar: Regime de Alta Inflação” e tratou da inflação ressuscitada pelo governo Bolsonaro.
Em nome da honestidade, não podemos esquecer da pandemia, nem que a inflação tem ocorrido no mundo todo, mas é aqui que vivemos e o IPCA subiu 1,06% em abril, após alta de 1,62% em março, é o pior resultado para o mês desde 1996.
Mesmo com a deflação de 6,27% da energia elétrica, nos primeiros quatro meses do ano, a variação já é de 4,29%, 0,79 ponto percentual superior à meta perseguida pelo BC para 2022.
No acumulado em 12 meses, os números também impressionam. Até abril, o índice foi a 12,13%, vindo de 11,3% em março. É a maior taxa, por essa medida, desde outubro de 2003 (13,98%), lembrando que Lula herdou uma inflação superior a 12,6% e um país de joelhos perante o FMI, além de enfrentar, em 2007 e 2008, a maior crise econômica mundial desde 1929.
A tabela abaixo mostra a inflação crescente até fevereiro de 2022.
Segundo Nogueira da Costa o “resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril reforça o cenário de espalhamento para a inflação”, revelando pressões inflacionárias espalhadas pela economia, com altas fortes das cotações de alimentos, combustíveis, bens industriais e serviços.
E o que faz Bolsonaro? Ele segue empenhado em não fazer nada, salvo gastar milhões de reais de dinheiro público para andar de motocicleta e de jet-ski, além de causar tensão institucional (seu esporte favorito, para histeria de seus devotos).
O ‘índice de difusão’ (parcela de subitens do IPCA com variação positiva no mês) trouxe mais uma vez más notícias. O número, que mostra o percentual de itens em alta no mês, ficou em 78,25%. Vivemos tempos de inflação altamente disseminada.
Há os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que pressiona os preços de commodities e afeta as cadeias globais de suprimentos.
A alta dos preços da ‘alimentação no domicílio’ em 12 meses, a variação da ‘alimentação no domicílio’ passou de 13,72% para 16,11%. Os combustíveis seguem tendo aumentos expressivos, com os preços da gasolina subindo absurdamente (para alegria dos acionistas), sem que o governo se incomode.
Há ainda o aumento dos preços de bens industriais, que em abril, aumentaram 1,22%, o nono mês seguido de alta na casa de 1% ou mais. Em 12 meses, esses produtos avançam 14,22%. Há dois anos, em abril de 2020, a inflação de bens industriais nessa base de comparação era de 0,05%.
O dólar mais barato poderia aliviar parte dessas pressões, mas a moeda americana voltou a subir nas últimas semanas, sendo negociada até R$ 5,15.
Há, por fim, a inflação de serviços, que acelerou de 0,45% em março para 0,66% em abril, o que levou o acumulado em 12 meses de 6,3% para 6,94%. No caso da inflação subjacente de serviços, que exclui os grupos de serviços domésticos, cursos, turismo e comunicação, o quadro é ainda pior. A alta no mês passado foi de 0,79%, fazendo o acumulado em 12 meses passar de 6,98% para 7,74%.
Esse quadro inflacionário é a uma das grandes fragilidades do presidente Jair Bolsonaro em sua busca pela reeleição, por causar estragos no poder de compra da população. E novas pressões sobre os preços estão em curso.
Com a inflação tão alta e por tanto tempo, a popularidade de Bolsonaro está em baixa, ele já chegou a ser rejeitado por 62% e hoje 50% dos eleitores não votariam nele de forma alguma, o eleitor o reconhece como um presidente indiferente ao povo e à pobreza.
Essas são as reflexões.
Pedro Benedito Maciel Neto, 58, advogado, sócio da www.macielneto.adv.br , conselheiro da SANASA e autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, ed. Komedi, 2007 – pedromaciel@macielneto.adv.br
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