Indo à direita

Numa época em que o Exército avança sobre as ruas e a maior liderança operária do país é condenada pelo capacho norte-americano Moro, parte da esquerda decidiu fechar os olhos para o golpe e continuar a vida normalmente como se nada houvesse ocorrido

Foto externa do Congresso Nacional 
Foto externa do Congresso Nacional  (Foto: Leandro Monerato)


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Estranhamente, a nova fase do golpe - em que o imperialismo e a direita iniciaram um ataque em regra para derrubar Temer e liquidar o PMDB tal como ele existe, em que o arbítrio, a censura, o terror estatal contra trabalhadores da cidade e do campo se expande - deu margem a uma espécie de euforia eleitoral na esquerda. Numa época em que o Exército avança sobre as ruas e a maior liderança operária do país é condenada pelo capacho norte-americano Moro, parte da esquerda decidiu fechar os olhos para o golpe e continuar a vida normalmente como se nada houvesse ocorrido.

No bojo deste pântano oportunista, há uma ideia que circula questionando a vigência do perigo fascista. O fato dos coxinhas terem saído das ruas desde o impe-achment seria base para esta ideia.

Contudo, a dificuldade em que o golpe se encontra para derrubar Temer por dentro do regime político, está obrigando o imperialismo a dar novo impulso ao movimento fascista que se desenvolve, desde 2010, com a reorganização da Ação In-tegralista Brasileira (AIB), e que, em junho de 2013, vai ganhar cartão verde da Globo para atacar nas ruas o movimento pelo passe livre.

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A permanência do PSDB no governo Temer, detonou uma ruptura de Miguel Reale Jr. e companhia com o partido. No dia seguinte, a CBN (Sistema Globo de Rádio) lhe deu mais de 30 minutos em rede nacional para propagandear o início de um movimento apartidário afim de "moralizar a política". Miguel Reale Jr. não leva apenas o nome do principal intelectual do in-tegralismo, seu pai, mas é uma das principais figuras do fascismo brasileiro hoje.

Ao romper com PSDB gritando a sete cantos a falência de todo o regime, com aplausos da Globo, ele mostra até onde vai a disposição dos golpistas.

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O Estadão, por sua vez, voltou a fazer campanha em defesa da proposta de Eduardo Bolsonaro de tornar crime a apologia do comunismo. A proposta foi apresentada no ano passado e tem o objetivo de alterar as Leis Antirracismo e Anti-terrorismo para punir quem fizer "apologia" do regime com penas que podem chegar a até 30 anos de reclusão.

Segundo o Estadão o projeto está "parado na CCJ desde junho de 2016". Ou seja, quando finalmente o golpe se prepara para prender Lula, o jornal fundamental da burguesia brasileira já indica a necessidade de avançar, o próximo passo é criar as condições para liquidar com toda a es-querda do país.

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O cálculo é que a derrubada de Temer é uma operação de risco e que pode dar margem a um novo impulso à esquerda antigolpista. Mas os fatos acima indicam que não estão se detendo diante dos obstáculos, muito pelo contrário. Cada obstáculo que o golpe encontra, obriga-o ir aumentando a agressividade de seus métodos para avançar.

O Exército já tem sido mobilizado desde o começo do ano e vai se tornando árbitro da situação nacional. Criam-se leis para proibir a existência de qualquer oposição. E se os métodos normais de repressão não derem conta do recado, milícias fascistas deverão estar prontas para reprimir o movimento operário.

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Não poderemos nos surpreender se num curto período, o fascismo reaparecer não mais como um movimento amorfo de verde-amarelos, mas um grupo organizado de com-bate. A Frente Nacionalista criada em 2015 não deixou de existir, mas saiu de cena para fortalecer seus efeti-vos de pitbulls. Melhor não esperar ver para crer.

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