Imposto às grandes fortunas para financiar um auxílio digno e permanente

"A esquerda deveria concentrar seus esforços na apresentação de projeto de lei unificado de imposto às grandes fortunas, promover mobilizações populares e tratar de fazer aprovar uma lei de taxação das grandes fortunas, para obter recursos que permitam auxílios emergenciais dignos e prolongados para a massa da população", escreve o sociólogo Emir Sader

(Foto: Paulo Pinto (Ag. PT) e ABR)


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As duas maiores preocupações dos brasileiros hoje são defender-se do vírus e da fome. O governo é o maior obstáculo para que se possam defender de ambos.

No caso do vírus, o Instituto Butantan e a Fiocruz fornecem, na medida do possível, as vacinas para a vacinação, que avança lentamente, apesar de todo o empenho do SUS. Os governadores tratam de importar vacinas, enfrentando todas as dificuldades impostas pelo governo e pela 

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Anvisa, em particular.

Mas a vacinação é a única via para tratamos de sair desta situação. Já que não há empenho nenhum do governo para que a circulação de pessoas diminua.

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Grande parte da população, os trabalhadores, tem que sair todos os dias para trabalhar ou para buscar formas de sobrevivência. Aglomeram-se nos pontos de ônibus e de trens, para ir e voltar, abarrotados de gente. Certamente é aí que se dá a grande maioria das contaminações. Certamente hoje são os trabalhadores e as trabalhadores a grande maioria das vitimas da covid-19.

Com o auxílio merreca que o governo libera, depois de três meses sem nenhum auxílio, não permitirá que nenhum trabalhador deixe de sair, podendo ficar em casa, para proteger-se mais e proteger aos outros. O governo fica na armadilha da necessidade de dar um auxílio, mas alegando que não pode superar o teto de gastos. O Congresso aprovou um orçamento propício para cortes ainda maiores dos recursos para políticas sociais.

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Temos uma via para desbloquear esse impasse, mesmo nos marcos do atual governo. Foi se criando um consenso, em muitos países do mundo, da necessidade de taxar as grandes fortunas. O FMI, o governo norte-americano, o G-8, entre outros, propõem taxar as grandes corporações. 

A esquerda deveria concentrar seus esforços na apresentação de projeto de lei unificado de imposto às grandes fortunas, promover mobilizações populares e tratar de fazer aprovar uma lei de taxação das grandes fortunas, para obter recursos que permitam auxílios emergenciais dignos e prolongados para a massa da população.

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Pode ser um elemento que ajude o povo a superar este momento tão difícil para a grande maioria e possa, inclusive, se defender melhor da pandemia, podendo não sair todos os dias para buscar formas de sobrevivência. Aí se criará no Brasil o clima para uma verdadeira reforma tributária, socialmente justa, em que quem ganha mais, paga mais. 

Para isso é necessário um longo e sistemático trabalho político da esquerda, para provar que no sistema atual, quem paga mais são os que ganham menos. Que a grande maioria dos impostos são indiretos, penalizando os mais pobres. Que uma reforma tributária não tem como objetivo fundamental simplificar os impostos, mas torná-los mais justos. Objetivo fundamental para que o Estado tenha recursos para a reconstrução do País. E para que se combata, também na tributação, o caráter de País mais desigual do continente mais desigual do mundo.

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