Impeachment sai pelo povo. Por Lira, dono da bola, não tem jogo

"Lira foi eleito, justamente, para esconder os ratos. Em linguagem mais clara, para evitar o andamento de qualquer processo que mexa com o presidente. O impeachment, em particular", escreve o jornalista

(Foto: ABr)


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Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia

Ai de quem esperar do presidente da Câmara dos Deputados, o alagoano Arthur Lira (PP), um gesto à altura do cargo que ocupa no que diz respeito ao destino do governo tosco e letal de Jair Bolsonaro. Desse mato não sai coelho, paca ou tatu. Nem mesmo os ratos, muito bem guardados nos porões e protegidos pelas sombras. Lira foi eleito, justamente, para esconder os ratos. Em linguagem mais clara, para evitar o andamento de qualquer processo que mexa com o presidente. O impeachment, em particular.

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A nota oficial que o parlamentar do Centrão redigiu, esta semana, poderia ser base para o seu próprio afastamento do cargo. De forma elucidativa, ele deixou claro que não se importa com os motivos ou com a gravidade destes. A bola é dele e o jogo só começa quando e se ele quiser. Ele não quer e pronto. O que são, afinal, 530 mil mortes causadas pela incúria do governo federal na pandemia da Covid-19? E o que saiu da seara da incompetência e da irresponsabilidade para o campo da corrupção na compra de vacinas, tudo escancarado no andamento da CPI do Genocídio? Para ele, nada disso vale nada. 

E o que dizer das ameaças feitas por Bolsonaro à democracia e às eleições de 2022, de serem estas canceladas, caso não se retroceda ao voto impresso dos tempos da República Velha? Bobagem, dirá o deputado. E o fato de ser o Brasil uma referência mundial em agressão aos direitos humanos, perseguição a jornalistas, preconceito e feminicídios? Mimimi da esquerda, é o que ele vai afirmar.

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Pouco acrescenta, na opinião de Lira e do seu grupo político, a destruição do ar que respiramos através do maior desmatamento de florestas de que se tem notícia, crime ambiental ao qual se agrega a presença de autoridades federais. A Amazônia se acaba e ele, nem nem. Isso é motiva para tirar presidente do poder? Não, dirá o presidente da Câmara.

E o que dizer do surgimento de recentes escândalos, como o da rachadinha, envolvendo o presidente da República no rolo que já era expertise do seu filho mais velho? Coisa de somenos importância, justificará o zeloso deputado.

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Para Lira, nada disso conta. Pérolas de tergiversação como a que ele expeliu nessa sexta-feira demonstram que ele faz com afinco o dever de casa. Como é o caso de, sem aparentar vergonha, escrever algo como “Deixemos que o eleitor tenha emprego e vacina, que deixe o seu veredito em outubro de 2022 quando encontrará com a urna; essa sim, a grande e única juíza de qualquer disputa política.”

Antes de uma disputa política, o deputado ignora que está em questão um morticínio que, em qualquer país do mundo onde o parlamento tivesse compromissos com a sua história, já seria motivo de seu impeachment.

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O impeachment de Bolsonaro já é defendido por 54% da população, segundo o Datafolha, dados divulgados neste sábado. Mas, para acontecer, ele depende fundamentalmente do povo nas ruas, da sociedade civil, do Judiciário e de uma imprensa livre. Afinal, foi para evitá-lo que o presidente da República e seu governo tanto fizeram para eleger os atuais presidentes do Legislativo.

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