Impeachment ou redenção – o futuro do despresidente
Superadas prisões e ditaduras, os progressistas não podem sucumbir a pragmatismos infrutíferos, pois a extrema direita segue seu curso
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Fosse pela lógica da atual aceitação e aprovação do despresidente, sua expulsão do Palácio do Planalto para adentrar uma prisão de segurança máxima seria o único caminho provável. Ele é um garoto mimado que brinca de soldadinhos em frente de casa. Birrento, está contrariado porque suas maldades com os moradores do bairro não estão colando. Morre de medo de sair de sua mansão ou ser 'apreendido', pois as molecagens precisam parar e já levou pito do vizinho de frente. Falta aos vizinhos da direita levar adiante as dezenas de ações de despejo. Sabe que não tem qualquer chance de chegar a um segundo turno nas eleições de 2022.
Assim, seria óbvio o conteúdo do editorial da Folha de S. Paulo “Ensaio de ditador”, estampado na capa de 6/8, não fosse real a ameaça de golpe e instalação de uma ditadura de meio homem no país. No entanto, enaltecer as tardias manifestações de TSE e STF esconde o fato do acovardamento dos magistrados nesses quase dois anos, com elementos suficientes para já terem julgado o ocupante do Planalto por seus crimes pregressos e a chapa que integrou nas eleições. Por enquanto, soam apenas como notas de repúdio, agora em papel timbrado.
Ranfastídeos em extinção, os tucanos jogam por terra sua última chance de sobrevivência política. Fiadores do golpe de 2016, do fim das coligações em 2017 e do despresidente a partir de 2019, evaporam seus parcos princípios em duas votações neste mês de agosto, divididos ao apoiar o famigerado voto impresso e a volta das coligações. Não é à toa que o alquimista herdeiro de Mário Covas pula fora do barco e o único representante do partido com projeção é o aprendiz arrumadinho que acabou com o comitê de contingência e as restrições sanitárias em São Paulo visando às eleições de 2022.
Também foi paradoxal que o Tendências/Debates do jornal de 8/8 tenha sido ocupado por dois “Rochas” em posições antagônicas, ainda que queiram ser bases do que defendem. Paulo Rocha (“A Cultura resiste”) mostrou a possibilidade de ação de todos para todos, quando o assunto é cultura e o resgate daquilo em que somos melhores: a diversidade. Camila Rocha foi na direção oposta (“O futuro da nova direita brasileira”), defendendo a política de uns poucos para se favorecerem de todos – uma preposição a mais muito significativa –, que é o mote dessa propalada nova direita, que não vê direitos outros, apenas usurpações dos pobres que a incomodam.
Mas o centrão não é de escrever seu nome na história de boas realizações e sim na fisiológica. É provável que uma saída esteja sendo articulada, com a renúncia do ogro que habita Brasília para poder concorrer a deputado federal ano que vem, já que possui cativos os votos da milícia carioca local e manteria o foro privilegiado para evitar processos mais céleres com as dezenas de crimes praticados. E voltaria em 2023 ao lado dos filhos, também garantidos pelo mandato em curso e por uma eventual articulação de vitória do 03 em São Paulo, como foi em 2018.
Hamilton Mourão assumiria com chances de reeleição, executando idêntico projeto de poder, sem ser tão tosco ou rude como o atual despresidente, com comportamento mais próximo a um ser humano. E ainda é militar. Seria a terceira via buscada por direitistas saudosistas, transformando-se em segunda, assumindo-se a continuidade de um projeto progressista para o ano que vem. E aqui tornam-se relevantes, contra as mentiras oficiais, as verdades explicitadas no artigo “Lula livre, Brasil livre”, também publicadas no jornalão paulista em 3/8, um marco de esperança. Mas o fato mais notório foi ter sido assinado por representantes de uma mescla de partidos e movimentos de esquerda que ainda não definiram um rumo único ou divergente nas eleições de 2022. Superadas prisões e ditaduras, os progressistas não podem sucumbir a pragmatismos infrutíferos, pois a extrema direita segue seu curso.
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