Impeachment: o julgamento dos absurdos

Como disse a presidente Dilma, a história nos provou que golpes não constroem a harmonia e a pacificação dos povos

Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, em novembro. 24/11/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, em novembro. 24/11/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: Chico Vigilante)


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O início da tramitação de um dos pedidos de impeachment da presidente Dilma por Eduardo Cunha não surpreende. Está dentro do script e não foge à história deste país: a direita no Brasil sempre foi e continua sendo golpista.

Não importa onde estejam, na oposição formal ou dentro do próprio governo, se igualam na luta pela tomada do poder – todos traidores  sem nenhum escrúpulo da ordem constitucional e democrática.

Neste delicado momento da vida brasileira não é difícil, no entanto, entender o que realmente está acontecendo.

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A ação de Eduardo Cunha, além de tentar tirar de foco sua história podre de ladrão e dono de contas na Suiça, visa abertamente se vingar de um governo que não o protegeu assim como não protegeu nenhum corrupto neste país.

Cunha sabe que é corrupto mas se acha melhor e mais poderoso que todos os outros, posando de bom moço para os holofotes mas ameaçando ligar o ventilador no meio que lhe cerca- mais para queijo suíço do que perfume francês.

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Para entender a atual situação basta ver quem está a favor e quem está se posicionando contra o impeachment.

 Basta compararmos a história política de homens contra o impeachment como o ex-ministro Ciro Gomes, o senador Roberto Requião, o governador do Piauí, Flávio Dino, entre muitos outros, com figuras favoráveis ao golpe como Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e Romero Jucá, todos eles com vários processos na Justiça por assalto aos cofres públicos.

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Apoiam o golpe porque jogam na mesma cartilha de Eduardo Cunha. Geddel  quando Ministro da Integração foi acusado de improbidade administrativa na liberação de recursos para cidades baianas.

Jucá no governo Sarney, à frente da Funai, foi acusado de cobrar propina para permitir exploração ilegal de madeira em terras indígenas; no governo Collor, de desviar à sua fundação dinheiro federal destinado a “ações sociais”; como senador, foi acusado de comprar votos, de dar calote em bancos públicos, de receber propina de empreiteiras, de empregar parentes e de fazer caixa dois.

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Moreira Franco teve denúncia oferecida contra ele pelo  Ministério Público Federal por prática do delito de peculato (modalidade "desvio"), tipificado no artigo 312 do Código Penal.

Eliseu Padilha, ex-ministro do governo de FHC voltou em 2014 a ser réu da acusação de prejuízo aos cofres públicos, por acordo celebrado entre o extinto DNER  e a empresa 3 Irmãos, culminando o caso no Escândalo dos Precatórios, em que um grupo de lobistas e funcionários públicos recebiam propina para favorecer pagamento de indenizações milionárias pelo DNER.

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São exatamente os quatro - este tipo de gente fina - que o jornal O Globo afirma ser o quartel general do vice-presidente Michel Temer, a espera do momento certo de dar o bote, após o golpe.

 Além disso, obviamente, Temer já selou acordos com as principais lideranças do PSDB, como José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, a turma do quanto pior pra o Brasil melhor pra eles.

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Por que Aécio Neves teria algum interesse de cassar Eduardo Cunha ? Aécio tem uma pilha de processos contra ele, de ser um dos principais  beneficiários da   famosa Lista de Furnas, até a inexplicada história da aeronave cheia de cocaína, passando por bater na namorada em público.

Se a moda de moralizar o Congresso Nacional pega, ele estaria certamente no início da fila para os corretivos.

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Enquanto nossa grande imprensa critica Cunha mas faz seu jogo e o da oposição, jornais internacionais como o britânico Financial Times desmascaram a farsa qualificando a abertura dos procedimentos de impeachment da presidente Dilma Rousseff como atos de "políticos rivais tentando salvar a própria pele em meio a um escândalo de corrupção".

A reportagem vai mais adiante ao afirmar que Cunha acusado de esconder milhões de dólares de propina em contas na Suíça, achava que o partido da situação, o PT, iria protegê-lo mas quando isso não aconteceu, ele deu início à tramitação do impeachment como retaliação.

Por que Eduardo Cunha diante de tantos pedidos de impeachment decidiu acatar este apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr e Janaína Paschoal, neste momento? Simplesmente porque não tem mais esperanças de salvar sua pele. Sua decisão é política. Ele mente quando diz que é técnica.

A Constituição brasileira determina que processos de impeachment só podem ser deflagrados se a Presidente da República   cometer crimes de responsabilidade e a            lei 1.079/50 especifica todos os tipos de crimes qualificados como de responsabilidade.

Qualquer brasileiro pode em dois cliques na internet fazer uma pesquisa e vai perceber que não existe fundamento jurídico para tal.

O atual pedido contra Dilma se baseia “nos decretos presidenciais deste ano de 2015 que autorizam um aumento de gastos do governo, apesar de já haver a previsão de que a meta de superavit poderia não ser atingida. São as famosas pedaladas fiscais “.

Isso é ridículo. Se as contas deste ano ainda não foram motivo de avaliação como podem se basear nisso para basear um pedido de impeachment?

O Congresso Nacional já aprovou, inclusive, projeto de lei que autoriza o governo a fechar o ano com déficit no orçamento, na mesma semana do início da tramitação do impeachment. Tudo isso parece uma piada de muito mal gosto.

Diante disso, o Brasil tem que reagir e já está reagindo. Entidades como , UNE, UBES, CNBB, MST, UJS, ABGLT, partidos e centrais sindicais como PT, PCdoB, Rede, PSol, PDT, CUT, e movimentos como Forum 21, Frente Brasil Popular, Golpe Nunca Mais, entre outras, tem se manifestado contra o golpe anunciado.

No lançamento do movimento Golpe Nunca Mais realizado no Palácio dos Leões, em São Luís, o governador Flávio Dino e o ex-ministro Ciro Gomes  em discursos veementes prometeram resistência ao golpe e luta em defesa da Constituição.

Ciro disse que a tese das 'pedaladas em 2015' raia o absurdo, uma vez que o Congresso acaba de aprovar a nova meta fiscal e avisou :Não aceitaremos que um chefe de quadrilha processado na justiça por corrupção leve o País à ruptura democrática.

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou em nota que o pedido de abertura do processo de impeachment "carece de subsídios que regulem a matéria" e manifesta "imensa apreensão", pois "o impedimento de um presidente da República ameaça ditames democráticos, conquistados a duras penas". "[...]

O documento faz questionamentos como: “Que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de agravar a situação nacional com consequências imprevisíveis para a vida do povo? [...] além de pregar a união nacional, sem  partidarismos, a fim de construir um desenvolvimento justo e sustentável".

A oferta espontânea por um grupo de juristas renomados de apresentar pareceres sobre a legalidade do pedido de impeachment é mais uma prova de que no país existem muitas cabeças pensantes em prol da democracia.

O discurso deles é unificado em torno do fato de que não houve crime de responsabilidade, porque este implica na vontade de fraudar, na intenção de cometer o crime, e isso claramente não ocorreu.

Vários governadores que em setembro se manifestaram contra o impeachment voltaram a demonstrar seu repúdio ao golpe. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), criticou duramente o vice-presidente, Michel Temer: "Vice é para ter atribuições, para ajudar na governabilidade, e não para conspirar", sentenciou.

Para aumentar o tamanho da crise em torno do processo de impeachment, na noite desta segunda-feira a rede Globo “vasou” partes de uma carta enviada por Temer a Dilma, dando ao fato uma importância mais dramática do que realmente tem e ao conteúdo do documento uma inedicidade inexistente.

A Globo chamou o documento de petardo político mas o que Temer disse todo mundo já sabia. Citou várias ocasiões em que se considerou relegado ao segundo plano, como vice decorativo, por não ter sido ele ou seu partido, convocados a dar opinião sobre a situação nacional.

Temer afirmou ter certeza de que a condição de desconfiança não vai mudar e repetiu o jargão já gasto da necessidade de união do país, insinuando como já o fez antes, que ele é a figura capaz de cumprir o papel de unificar o Brasil.

A direita e os partidos de oposição e o vice Michel Temer não querem apenas tirar Dilma mas sim jogar o país no abismo, afim de tomar o poder e afastar de vez qualquer possibilidade de volta do PT.

Neste momento de extrema seriedade conclamo a todos os deputados e senadores do Congresso Nacional a cancelarem o recesso parlamentar a fim de dar uma solução rápida ao processo em andamento.

Não podemos nos dar ao luxo de comemorar e festejar quando os abutres se preparam para golpear de morte os direitos sociais conquistados nos últimos anos, pisar na Constituição e colocar em risco os direitos democráticos garantidos a custa de sangue, suor e lágrimas do povo brasileiro.

E como disse a presidente Dilma em seu discurso a respeito, a história nos provou que golpes não constroem a harmonia e a pacificação dos povos.

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