Impeachment é pouco para Bolsonaro
"Nenhum governo eleito democraticamente produziu, em tempo algum, tantos prejuízos, sob todos os pontos de vista, e provocou tantos retrocessos autoritários quanto esse que há 11 meses infelicita a nação", escreve o jornalista Alex Solnik. "Impeachment é pouco para Bolsonaro, mas seria um bom começo para os brasileiros voltarem a ter esperanças de futuro melhor", acrescenta
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - Nenhum governo eleito democraticamente, produziu, em tempo algum, tantos prejuízos, sob todos os pontos de vista, e provocou tantos retrocessos autoritários quanto esse que há 11 meses infelicita a nação.
Depois de um ano de campanha que dividiu o país, a primeira medida do governo Bolsonaro, que deveria ter sido a de pacificador, foi facilitar o acesso da população a armas de grosso calibre e alta letalidade.
Os primeiros atos da política externa foram praticamente declarar guerra à Venezuela e ofender publicamente autoridades da França, da Noruega, da Argentina e da Alemanha.
Nenhum governo ameaçou e ameaça diariamente a democracia quanto o atual. Declarações do filho do presidente e do ministro da Economia Paulo Guedes acerca da volta de um AI-5 foram repudiadas pelo Congresso e pelo STF, aumentando a turbulência e provocando incerteza.
A censura às artes e à imprensa, embora explicitamente proibida pela constituição vem sendo praticada de modo deslavado por ele e por cúmplices de seu delírio totalitário, que ignoram que nem tudo o que presidente manda fazer deve ser feito.
Artistas consagrados, como Fernanda Montenegro, João Gilberto e Martinho da Vila ou são ignorados ou insultados covardemente.
O governo afastou, por estupidez ideológica, médicos cubanos que jamais foram substituídos, deixando regiões inóspitas carentes e perdeu fundos de milhões de dólares de países como Alemanha e Noruega que ajudavam a preservar a floresta amazônica.
Em ofensiva inédita na vida brasileira, Bolsonaro ameaçou, em reação a reportagens desfavoráveis a ele, tirar a Rede Globo do ar e tirou de licitação federal a Folha de S. Paulo, ao mesmo tempo em que estimulou boicote até a anunciantes do jornal.
Dentre suas declarações antidemocráticas, elogiou o Chile dos tempos da ditadura Pinochet, provocando repúdio até mesmo do governo de direita chileno.
Ofendeu os argentinos afirmando primeiramente que não deveriam votar em Alberto Fernandez e, depois, tendo ele vencido, que votaram no candidato errado.
Demonstrou em inúmeras ocasiões sua submissão a Donald Trump e à bandeira norte-americana, além de oferecer vantagens àquele país sem o Brasil receber nada em troca, jogando a soberania brasileira no lixo.
A sua política econômica só conseguiu ampliar, no presente, a já enorme desigualdade, multiplicar o número de miseráveis e desvalorizar a moeda, que nunca valeu tão pouco em relação ao dólar. E, no futuro, promete vida de privações aos aposentados.
O ministro da Educação está em cruzada permanente pela destruição do ensino público, manipulando verbas e espalhando fake news ofensivas às tradições das universidades brasileiras.
O governo ofende a população negra, que é maioria, colocando na presidência da entidade criada para defender os direitos dos negros um negro para quem a escravidão foi benéfica para os descendentes dos escravos.
O estado laico vem sendo ameaçado até em declarações do Itamaraty em fóruns internacionais.
A ministra dos Direitos Humanos jamais se posicionou em defesa desses valores todas as vezes – inúmeras – em que foram violados.
As investigações em torno de acusações que envolvem o presidente da República e seus filhos são blindadas de forma descarada, impedindo que se cumpra a máxima de que ninguém está acima da lei e isso com a total complacência do ministro da Justiça.
Impeachment é pouco para Bolsonaro, mas seria um bom começo para os brasileiros voltarem a ter esperanças de futuro melhor.
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