Impeachment com férias na House of Cunha

Cassem-se Dilma & Temer ou não. Casse-se Cunha ou não. Mas parar de trabalhar nesta hora é mais uma imoralidade



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

É verdade. Políticos brasileiros se esforçam com afinco para não merecer respeito.

Pariram – no plural mesmo- um discutível processo de impeachment da presidente da República pela figura mais emblematicamente negativa que dispunham na atualidade: Eduardo Cunha. O homem dos 60 milhões na Suíça. O astro de 'House of Cunha'.

O sentido dessa coincidência do mal, ter sido essa criatura, a criadora de um processo desta envergadura, como vingança a não votos para sua própria absolvição, expõe ao que o povo brasileiro está sujeito.

continua após o anúncio

Como se não bastasse, os políticos ainda inventaram mais uma: uma semana após a 'instauração' do impeachment, começaram a falar em férias, recesso. Veja se tem cabimento um absurdo deste. É a suma da desfaçatez.

Instalam formalmente uma crise, a maior que se imagina num governo democrático, numa sociedade politicamente organizada, um processo de impeachment. E ainda têm o cinismo de cogitar férias.

continua após o anúncio

Se alguém de lá estranhar o termo 'férias' no sentido de dizer que não são férias, fica pior. Aí será o dolo maquiavélico típico de cúmplices políticos. Perceberam que não têm quantidade suficiente de adeptos ao impeachment e querem 'usar' as férias parlamentares para fazer campanha política pela aprovação do impedimento.

Tudo como se o impeachment não exigisse um instituto jurídico chamado 'crime', qualificado constitucionalmente. Tipificado, preciso, exato e publicamente sabido, coisa que até agora não se sabe qual crime 'seria'.

continua após o anúncio

Uns falam em 'pedalas', seria alguma inveja feminina 'mortal' ao emagrecimento de Dilma após andar de bicicleta? Outros falam em decretos ilegais. Outros querem o impeachment porque não aguentam mais a presidente e sua sabida dificuldade com o manifestação humana conhecida como 'fala'. Já se cogita a 'pedalada mental'.

Se Dilma Rousseff merece ou não ser impichada, é até um 'direito' democrático de qualquer pessoa, achar, querer, supor.

continua após o anúncio

Mas aproveite e pergunte a dez brasileiros de razoável formação cultural: por que Dilma está inserida num processo de impeachment? Observe serenamente a resposta e veja como muita gente boa não consegue responder efetivamente, limpidamente. E colecione respostas as mais diversas, ou as mais genéricas e superficiais. Se quiser aprofundar a 'pesquisa', peça uma ideia de o que é a tal da 'pedalada' e se ela constitui crime de responsabilidade.

Impeachment não é assunto para carinhosas donas de casa ou 'pacatos' chefes de família trabalhadores, sejam homens ou mulheres. Ou é. Mas aí vale tudo, entram em cena a 'achologia', os 'achólogos'. O tema é bem difícil e requer algum preparo, conhecimento de conceitos jurídicos complexos, observação e equilíbrio para sopesar lados díspares.

continua após o anúncio

A apropriação da política pelo povo é das melhores conquistas da democracia. Gera cobranças, exigências e fiscalizações. Mas o corpo político brasileiro ainda é escandalosamente impune. Ou seja, provincianamente impune.

Voltaire, no Dicionário de Filosofia, verbete Amizade, dizia que os príncipes têm cortesãos, e os voluptuosos têm companheiros de devassidão. Não se vive sem a política, mas o nível brasileiro dela chegou ao detestável, ao esbanjamento acintoso com o dinheiro público. Coisa de mandatários voluptuosos e mimados, e cúmplices de devassidões.

continua após o anúncio

Essa Câmara dos Deputados, agora conhecida como 'House of Cunha' inventando procedimentos próprios e vergonhosas votações em segrego com cortininhas pretas que mais parecem um confessionário demoníaco do conchavo, como a votação de 8.12.15, já prontamente anulada pelo Supremo Tribunal Federal, é o fim da picada.

Não se trata de um moralismo portátil ou um dedo em riste a apontar o erro do outro. Mas com o fácil dinheiro público as pessoas deveriam ser mais preocupadas. Férias, recesso ou seja lá o nome que se dê a uma parada festeira no meio de um processo de impeachment, que atira toda a sociedade numa poça de lama é uma falta de respeito. Cassem-se Dilma & Temer ou não. Casse-se Cunha ou não. Mas parar de trabalhar nesta hora é mais uma imoralidade.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247