Imigrantes contra-atacam
'Uma lei está sendo vista como a mais dura contra imigrantes nos EUA', relata o jornalista Pedro Paiva
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“Um dia sem imigrantes”. Esse foi o lema da paralisação que aconteceu hoje, em diversas cidades dos Estados Unidos, contra a recente lei anti-imigrantes sancionada pelo governador da Flórida, e candidato à presidência, Ron DeSantis. A mobilização foi chamada pelas redes e pede também um boicote nacional aos produtos do estado.
A lei SB-1718 está sendo vista como a mais dura contra imigrantes no país. DeSantis assinou a lei nas vésperas do fim do Título 42, uma medida instituída por Trump durante a pandemia para dificultar a entrada daqueles que pedem asilo na fronteira sul do país. A manobra política, que visa atrair o eleitorado mais conservador nas prévias republicanas, é extremamente cruel. Segundo a lei, imigrantes teriam que ser questionados sobre o status imigratório em hospitais e as punições para empregadores seriam mais severas. O objetivo maior, aterrorizar a comunidade indocumentada, foi atingido com sucesso.
O movimento, organizado pelas redes sociais, teve mais força na Flórida, onde a nova legislação passa a valer no dia 1º de julho. Restaurantes, mercados, salões e outros pequenos negócios da comunidade latina fecharam as portas. Muitos prestadores de serviço também não trabalharam, dentro e fora do estado, em solidariedade aos imigrantes indocumentados.
Em pelo menos 6 cidades da Flórida, aconteceram manifestações contra a nova lei. Atos de rua também foram organizados em pelo menos outros 6 estados, incluindo o Texas e a Califórnia, que também têm uma grande população de imigrantes, sobretudo latinos, sem documentos. Todas as manifestações aconteceram de forma pacífica.
Mas a greve não é a única forma de luta na qual os imigrantes estão se apoiando. Motoristas latinos de caminhão, em todo o país, começaram, nas redes sociais, uma campanha de boicote contra os produtos da Flórida. Em vídeos que circulam pelo TikTok, caminhoneiros afirmam que não entram mais no estado enquanto a lei estiver valendo. Ainda que, segundo o jornal The Independent, a Associação dos Caminhoneiros da Flórida não tenha sentido até agora o impacto desta movimentação, fazendeiros e comerciantes começam a se preocupar.
No caso das fazendas, a preocupação não vem apenas sobre a possibilidade de boicote nos transportes. Segundo a Associação dos Trabalhadores Rurais da Flórida, aproximadamente 60% da mão de obra nas fazendas do estado é indocumentada. Muitos deles pararam de ir ao trabalho por medo de serem deportados. Recentemente, em entrevista à MSNBC, Nikki Fried, Comissária de Agricultura da Flórida e candidata democrata a governadora, afirmou: “800 mil imigrantes vão deixar o estado. Eu não sei quem é que vai fazer as colheitas”.
A lei está sendo chamada de inconstitucional por muitos ativistas e juristas. Segundo eles, o tema da imigração não é de responsabilidade estadual, mas sim federal. Espera-se que, já no mês que vem, disputas judiciais tentem derrubar a legislação. Vale lembrar, porém, que no fim da linha está a Suprema Corte, formada por 2/3 de juízes conservadores indicados por presidentes republicanos.
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