Identitarismo serve para justificar agressões imperialistas

A esquerda não pode cair na demagogia imperialista e, assim, dar aval para as agressões capitalistas. Muito menos deve acreditar que a suposta inclusão de grupos oprimidos em cargos de poder do regime opressor capitalista é algo positivo

Joe Biden e Kamala Harris
Joe Biden e Kamala Harris (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)


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Por Juca Simonard

Parte da esquerda brasileira aderiu completamente à política engana-trouxa do imperialismo, principalmente norte-americano, do identitarismo. Partidos que se intitulam socialistas adotaram uma política de apoio ao “capitalismo colorido”, de suposta inclusão de setores oprimidos (negros, mulheres, LGBT, etc.), como um dos pontos centrais de sua atual política. Por isso, muitos comemoraram a vitória da chapa de Joe Biden, que incluiu uma mulher negra, Kamala Harris, como vice-presidente, nos Estados Unidos. Uma repetição do apoio à genocida Hillary Clinton, em 2016, por ela ser mulher.

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Fato é que a política identitária tem sido usada como uma das principais políticas do imperialismo para conseguir apoio de uma parte da esquerda pequeno-burguesa e esconder sua política assassina, bélica e criminosa através de um verniz “humanista”, “democrático” e “em defesa das minorias e dos oprimidos”. Os senhores da guerra, desta forma, aparecem como um “mal menor” a ser apoiado contra um determinado espantalho e conseguem, assim, conquistar votos e apoio de um setor dito progressista.

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Senhores da guerra, nazistas e escravagistas na luta por inclusão e igualdade

Por exemplo, o Departamento de Estado dos EUA, neste mês de março - que deveria ser o mês de luta das trabalhadoras - fez uma série de publicações nas redes sociais afirmando seu suposto “compromisso com a igualdade de gênero”. Ao mesmo tempo, a direita mundialmente aproveita este período para defender ainda mais medidas repressivas (aumento de penas, criação de novos crimes, etc.) para “defender a mulher”.

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Para qualquer pessoa com um mínimo de pensamento crítico, isso não passa de demagogia. Afinal, repressão e cadeia nunca foram soluções para resolver os problemas sociais e o Departamento de Estado norte-americano é responsável pela política imperialista de invasão e destruição de milhares de países, que joga milhões de pessoas na extrema miséria - e, naturalmente, quem mais se prejudica são os setores oprimidos da sociedade. Também, os EUA são o principal pilar do regime absolutamente reacionário na Arábia Saudita, por exemplo.

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Da mesma forma, a OTAN, organização militar dos países imperialistas, afirmou que “a diversidade é nossa força”. A declaração é, no mínimo, cômica levando em consideração que a organização já teve como presidente, entre 1961 e 1964, o chefe das forças armadas nazistas, Adolf Heusinger, que, após a queda de Hitler, foi mantido como general na Alemanha Ocidental pelo imperialismo “democrático”.

A OTAN é a organização que apoiou o golpe neonazista na Ucrânia em 2014. Os nazistas ucranianos podem ser chamados de tudo, menos de defensores da “diversidade”. Também foi a OTAN que deu cobertura às milícias armadas que derrubaram o governo de Muammar al-Gaddafi - sodomizado com um bastão até a morte - e estabeleceram a volta do comércio de escravos na Líbia - antes do golpe, um dos países com maior IDH na África.

Estranho de tipo de defesa da inclusão e da diversidade. Na realidade, o que o imperialismo nos oferece é que todos os tipos de absurdos sejam efetuados por mulheres/negros/LGBTs no poder e disfarcem o caráter reacionário da política levada adiante. Inclusão de mulheres, negros, etc. na opressão da maioria do povo. Diversidade na classe opressora.

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Política para justificar invasões e sanções

Mas, por mais que a demagogia seja central na política identitária e “democrática”, ela não se resume a isso. Ela serve também para justificar as agressões imperialistas. A “defesa das minorias” é usada na campanha do imperialismo para atacar a China, denunciada por possível violação dos direitos humanos da população uigur. A “defesa da mulher” para atacar países onde as mulheres têm determinadas restrições, como o Irã.  E assim por diante: “defesa de democracia” para atacar supostas ditaduras; “defesa do meio ambiente” para impedir o desenvolvimento de países capitalistas atrasados; etc.

Detalhe importante: se todas essas violações supostamente cometidas por países inimigos forem cometidas por aliados ou pelo próprio imperialismo, está liberado.

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A esquerda não pode cair na demagogia imperialista e, assim, dar aval para as agressões do capitalismo. Muito menos deve acreditar que a suposta inclusão dos oprimidos em cargos de poder do regime opressor capitalista é algo positivo.

Imperialismo, o principal inimigo dos oprimidos

Isso porque o principal inimigo de todos os oprimidos é justamente o imperialismo, isto é, o controle dos monopólios capitalistas sobre o mundo. São os monopólios que, ao redor do mundo, levam adiante as guerras, a política de austeridade contra o povo, de carestia, de fome e de miséria que prejudica a imensa maioria da população mundial. 

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São os monopólios que sustentam a atual sociedade de classes, causa de todos os males citados anteriormente, mas também da opressão de determinados setores do povo. 

Por mais que a emancipação da mulher e do negro digam respeito ao programa democrático, o capitalismo não consegue mais cumprir um papel progressista na sociedade (como cumpriu no período revolucionário da burguesia). As questões democráticas não resolvidas e, inclusive, pioradas pelo imperialismo, só podem ser solucionadas com a derrubada do poder dos monopólios, ou seja, pela vitória do programa revolucionário da classe operária. Ao invés da aliança em torno da demagogia identitária imperialista, os oprimidos precisam de uma aliança com o proletariado para resolverem seus problemas. 

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