Hoje tive medo
O voto útil deve ser logo no primeiro turno! Não podemos correr riscos de toda essa calamidade ganhar novamente
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Domingo, 11 de setembro. Na cidade racista em que moro – e tive o desprazer de nascer – o desfile do dia da Independência foi hoje, por conta da chuva que caiu no dia 7. Estava voltando para casa, após ter ido à casa de meus pais dar banho e cuidar de meu avô, debilitado por conta de um AVC que teve no início do ano, e quando me dei conta, estava no meio de uma multidão verde-amarela, que voltava do evento. Multidão fascista em sua grande maioria, que conseguiu até mesmo sequestrar essa data.
Sem qualquer exagero, juro que tremia no volante do carro. Meu carro, inclusive, adesivado com “Lula” e outro com a “raiz quadrada de 169” e o símbolo antinazista. Tremi e não foi de raiva. Foi justamente por medo. Por todos os lados, cercado de “cidadão de bem”, empunhando bandeiras e fantasiados com a camisa amarela. Entre eles, alguns com faixas antidemocráticas que pediam intervenção militar, destituição do STF e do Congresso. E, sem surpresa, várias propagandas de políticos bolsonaristas espalhadas pela avenida.
Não tinha outro caminho. E eu já estava no epicentro da ignorância. Ainda tremendo, respirei fundo. Não era justo eu ter medo. Eu não podia ter medo. E minha decisão foi aumentar o volume do som do carro no último...com o jingle da campanha de Lula. Lembrei-me do ditado popular: quem canta, seus males espanta. E foi isso que fiz. Em meio aos olhares fuzilantes e impropérios que pareciam vomitar, segui meu caminho, cantando (literalmente) sem medo de ser feliz!
É claro que lembrei dos acontecimentos recentes, como o assassinato de petistas que estavam simplesmente – tal como eu – manifestando a liberdade de expressão política. E até mesmo as agressões que Boulos e Ciro sofreram. Mas ao mesmo tempo, não poderia me intimidar. Já nos ensinou Marighella que não é racional renunciar nossa liberdade. O medo não pode nos paralisar e muito menos nos intimidar.
Passado o susto, cheguei em casa. E parei para refletir: que tempos são esses que estamos vivendo? Quando pensaríamos em temer adesivar nossos carros, carregar nossas bandeiras sem sermos hostilizados? Não estamos mais em uma ditadura militar, mas sofremos das mesmas angústias e receios. Isso não é normal!
Temos não apenas o direito, mas a obrigação de acabarmos com esse ódio. E só será possível quando extirparmos esse sujeito vil que hoje ocupa a presidência. Convencer aqueles que ainda seguem apoiando esse ser abjeto não é o caminho, afinal, essas pessoas não abrem mão dele e de seus aliados por se sentirem representadas e livres para manifestar seus pensamentos mais desumanos possíveis. Essa escória da sociedade deverá ser combatida diariamente. Nosso foco deve ser naqueles que ainda acham que esta é uma eleição como as demais, e que por isso, se sentem no direito de votar em outros candidatos que não seja em Lula (pelo menos no primeiro turno). Precisamos trazer a realidade para essas pessoas, eleitores e eleitoras de Ciro, Tebet, Soraya, Sofia Manzano, Péricles. Precisamos mostrar que a disputa está entre a civilidade e a continuação da barbárie.
Não é uma eleição de projetos e propostas, infelizmente. E prolongar essa disputa para um eventual segundo turno, é alimentar a sanha bolsonarista e suas máquinas de ódio e fake news, que não medirão esforços para tumultuar e confundir a população. O voto útil deve ser logo no primeiro turno! Não podemos correr riscos de toda essa calamidade ganhar novamente. Entendam: a situação é tão urgente que uniu partidos e adversários políticos históricos contra um inimigo em comum.
Não será nada fácil, pois os canalhas nazifascistas são sujos, baixos, asquerosos. Quando não matam, ameaçam e exploram a fragilidade das pessoas. Devem ter visto aquele bolsonarista abjeto, negando marmita àquela senhora que se dizia eleitora de Lula. Ou ainda o garoto em situação de rua no Rio de Janeiro que, por estar vestindo uma camiseta vermelha, foi humilhado por “cidadãos de bem” no dia do desfile da Independência, e negaram-lhe comida. E o que dizer de certos empresários que estão ameaçando demitir funcionários que não votarem no genocida? Percebam, camaradas, que as serpentes que eclodiram dos ovos nunca se importaram com o povo e com o país. Não há nada de patriotismo, nem mesmo no deus que dizem zelar. O que os nutre é o ódio, o egoísmo, o lucro, a fome, a desigualdade, a corrupção, a morte de quem pensa diferente.
Não esqueçamos das mais de 700 mil vidas que se foram por negligência deste presidente, alimentada pelos discursos negacionistas de seus apoiadores. Não se esqueça da boiada passando e destruindo nossos biomas, assim como o etnocídio contra indígenas, quilombolas, camponeses. Não se esqueça que jamais foi contra a corrupção que se levantaram, pois esses canalhas seguem lucrando às custas de cortes de políticas públicas, propina sobre vacinas, entreguismo das empresas nacionais. Não vamos esquecer da fome que voltou a assombrar e castigar as famílias, já afetadas pela inflação e desemprego. Não se esqueça dos 51 imóveis comprados com dinheiro vivo. E qual o motivo de se decretar sigilo de 100 anos sobre suas ações, presidente (sic)? Afinal, se fosse realmente honesto, patriota, cristão, por que teme?
Assim, reforço aqui o pedido para que não tenhamos mais que nos esconder e possamos vivenciar a verdadeira democracia que conquistamos com muito suor e sangue: o voto útil para derrotar esse inútil, deve ser já no primeiro turno. Esse é o nosso desejo em comum. Só com a restituição da verdadeira democracia, com respeito às instituições, é que poderemos nos manifestar, protestar, exigir políticas para nosso país, sem que o medo ditatorial esteja presente. Se você também quer derrotar o fascismo, não deixe para um arriscado segundo turno. Quanto antes acabarmos com esse pesadelo, melhor para todos nós!
Em tempo: além do voto útil em Lula, é fundamental que coloquemos governadores(as), senadores(as) e deputados(as) igualmente alinhados com Lula, pois só assim garantimos a governabilidade.
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