Haddad se consolidou

Para o colunista do 247 Emir Sader, a escolha de Lula em ter Fernando Haddad como seu vice - e como candidato à Presidência da República, caso seja impedido de disputar a eleição -  foi acertada, uma vez que ele conseguiu vencer resistências e, ainda, passar pelo "teste de massas na Região eleitoralmente decisiva no Brasil": o Nordeste; para ele, a viagem de Haddad pelo Nordeste "consagrou a operação realizada pelo Lula de projeção do nome do seu vice, da construção da frente de esquerda, do isolamento de outras alternativas no campo popular e de renovação da política"

Haddad se consolidou
Haddad se consolidou (Foto: Ricardo Stuckert)


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Lançado pelo Lula como seu vice e seu representante em debates, contatos políticos e campanha eleitoral, enquanto ele estiver preso, Fernando Haddad encontrava algumas resistências dentro do PT e em outros setores de esquerda. Havia quem dissesse, dentro do PT, que se Lula não pudesse ser candidato, o partido deveria apoiar um nome de outro partido, escolha que pareceria recair em Ciro Gomes. Havia também quem, dentro do PT, afirmasse que, se o candidato fosse Haddad, preferiria votar em Boulos. Em outros setores da esquerda também havia certa resistência ao nome do Haddad, por uma ou outra razão.

Se temia que, se o candidato a vice não fosse do Nordeste – como era o caso, sempre mencionado, de Jaques Wagner -, Lula não conseguiria manter a unidade da Região, em especial dos governadores de esquerda, caso ele não fosse o candidato, propiciando apoios a Ciro Gomes na Região.

Desde que Lula definiu o nome do Haddad como seu vice – e candidato a presidente, caso ele não possa ser candidato -, a dinâmica de apoios ao Haddad foi rápida. Em primeiro lugar, a frente interna do PT se uniu, desaparecendo rapidamente as posições que tinham manifestado simpatia pelo Ciro ou pelo Boulos, seja porque Lula os convenceu, seja porque Ciro e Boulos não conseguiram romper o isolamento em que se encontram. A verdade é que Lula – até mesmo na operação de apoio do PSB, passando pela complexa situação de Pernambuco – conseguiu unificar o PT e dar assim uma base inicial de sustentação muito sólida ao Haddad.

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Lula programou a viagem ao Nordeste como batismo de Haddad, orientando-o sobre as formas de relacionamento com aquele banho de massas que o aguardava, de um povo lulista de mente e de coração. Mas, antes da viagem, Haddad deu entrevista à TV Bandeirantes, com ótimo desempenho, de todos os pontos de vista. Firme politicamente, extremamente competente em todos os temas que abordou, muito persuasivo em toda sua argumentação. Terminou de convencer de como a escolha do Lula tinha recaído no melhor quadro político da esquerda, para ter papel fundamental no próximo governo – como presidente ou como provável coordenador geral do governo.

Restava o teste de massas na Região eleitoralmente decisiva no Brasil. Foi ali onde, apesar de derrotada por 2/3 a 1/3 no Sudeste e no Sul do Brasil, Dilma pôde superar Aécio, obtendo sempre mais de 70% dos votos no segundo turno – somados aos do Norte de Minas. Haddad retomou de forma quase idêntica o roteiro da Caravana do Lula no Nordeste – espelhado no livro a Caravana da Esperança, Lula pelo Nordeste, publicado recentemente.

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Começou pela Bahia, por Salvador, a capital mais lulista do Brasil e que, no caso de Haddad, serviria para terminar de convencer o PT baiano da viabilidade da sua candidatura. O banho de massas a que a Bahia tem acostumado o Lula se repetiu, mesmo com a sua ausência física, mostrando como Haddad passava a representar, para o povo lulista, seu líder maior, na ausência dele. A fidelidade política irrestrita do Haddad ao Lula, a clareza na defesa posições programáticas do PT, a simpatia, a disponibilidade para atender a todos, demonstrou como Haddad tornou-se o melhor representante político do Lula e como o povo o reconhece dessa maneira.

A viagem por seis estados do Nordeste – que será complementada nos 3 restantes no final desta semana – consagrou a operação realizada pelo Lula da projeção do nome do seu vice, da construção da frente de esquerda, do isolamento de outras alternativas no campo popular e de renovação da política, com os nomes do Haddad e da Manuela.

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Haddad responde plenamente às responsabilidades que Lula depositou nele e começa a granjear já, de forma aberta, a transferência de votos à ele, caso Lula não possa ser candidato, e dá garantias, não apenas do seu favoritismo, como a de que o próximo governo será o governo do Lula.

A direita tinha ilusões de que essa transferência pudesse não se dar, mas rapidamente caiu na real e, da mesma forma que um clima de otimismo – depois de 5 anos de tensões, ansiedades e dificuldades – toma conta da esquerda, um clima de pessimismo toma conta da direita.

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Haddad se consolidou como grande líder político, sobre quem recai, ao lado do Lula, o grande objetivo de reconstrução do Brasil.

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