Haddad não aceitou pagar o pedágio cobrado pela Folha, que era o cancelamento de Lula

"Quem sai menor desta briga é o jornal dos Frias, que perde parte relevante do público progressista, depois de já ter perdido a direita", aponta o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247

Ou dá Lula, ou dá Haddad
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O ex-prefeito Fernando Haddad vem sendo seduzido há tempos pela burguesia nacional com uma proposta indecente: cancele o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o legado de seus governos, e seja aceito em nossos salões. Seu espaço na Folha de S. Paulo e vários recados enviados por colunistas da chamada "grande imprensa" faziam parte deste esforço.

Com a decisão tomada neste sábado, de suspender sua participação na Folha de S. Paulo, Haddad deixou claro, inclusive para aqueles que questionam seu "lado" e sua lealdade, que não aceitou pagar o pedágio cobrado pela mídia comercial. Perdeu uma tribuna ainda importante, mas reforçou sua coerência.

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Quais serão as consequências deste ato? Haddad provavelmente será também cancelado pela Folha, ou pelo menos silenciado, o que não representará grande prejuízo, uma vez que este já era um processo em curso. Basta lembrar que as conquistas da educação pública no Brasil foram obra de um tal "década", e não dos governos progressistas e de seus ministros da educação. Processo semelhante aconteceu com a filósofa Marcia Tiburi, que pregou o cancelamento de assinaturas da Folha, em razão do apoio escancarado do jornal ao golpe de 2016, que tanta destruição trouxe ao Brasil.

Mas se Haddad perde algo, a Folha perde muito mais. Desde o golpe de 2016, o jornal dos Frias vem tentando construir a farsa de que luta pela democracia no Brasil – o exemplo mais patético foi a campanha "use amarelo pela democracia". Com a saída de Haddad, mesmo que cheguem outros colunistas como Guilherme Boulos, já contratado, e talvez Ciro Gomes (aposto que será chamado para a vaga do ex-prefeito), a Folha se desconecta de vez do leitor simpático aos governos do Partido dos Trabalhadores. O que será um tiro no pé para um jornal que também não tem o respeito dos leitores bolsonaristas. Restará ao jornal o público tucano somado ao da chamada "frente ampla", o que talvez não seja um bom negócio para veículos de comunicação que se pretendem plurais e lidam com os desafios impostos pela transformação tecnológica.

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Haddad também terá certo prejuízo imediato, sem a sua tribuna semanal, mas terá total condição de reconstruir canais diretos de comunicação com a sociedade, mais efetivos do que a própria Folha. Se há algo que foi demonstrado nas eleições de 2018, é que nem sempre é necessária a mediação dos veículos de comunicação tradicionais para chegar ao poder. Dito isso, adeus, Folha, boa sorte, Haddad.

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