Há muitos Amós Oz e um só Netanyahu

O jornalista Alex Solnik destaca que o escritor israelense Amós Oz morreu exatamente no dia em que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, veio ao Brasil acertar uma aliança com o futuro presidente Jair Bolsonaro; "Estou chorando por Amós Oz porque eu gostaria que os brasileiros associassem o Estado de Israel ao grande escritor e não ao pequeno estadista israelense ora no poder", enfatiza o jornalista 

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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia  - Estou chorando por Amós Oz e nem sei porque. Eu não o conheci, nunca estive com ele, não entrevistei nem por telefone. Nunca fui leitor fanático de seus livros. Se muito, li trechos de "Caixa preta" que dei de presente de aniversário ao meu pai.

O que me fez chorar talvez tenha sido o fato de ele ter morrido exatamente no dia em que Benjamin Netanyahu veio ao Brasil acertar uma aliança com o futuro presidente Jair Bolsonaro. Estou chorando por Amós Oz porque eu gostaria que os brasileiros associassem o Estado de Israel ao grande escritor e não ao pequeno estadista israelense ora no poder.

Oz era mais velho que Israel. Nasceu numa Jerusalém onde judeus, cristãos e muçulmanos conviviam em paz. Talvez por isso sempre defendeu a existência de dois estados – Israel e Palestina -, na contramão da extrema-direita de Netanyahu que não tolera a convivência pacífica com os vizinhos e sempre estimula conflitos nas fronteiras, e, dada a superioridade militar dos israelenses fornece manchetes nas quais Israel aparece como uma espécie de estado genocida, muitas vezes comparado – injustamente – ao nazismo.

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Eu estive em Israel em 1971. Estranhei a onipresença de soldados nas ruas e nas estradas, jovens e velhos, homens e mulheres. De manhã, à tarde e à noite. Para mim, que vivia uma ditadura militar era o sinal de que também ali vigia um regime ditatorial. Mas também conheci um país de pessoas alegres, vibrantes, dinâmicas, tolerantes, dispostas a aceitar as diferenças e os diferentes.

Embora haja, em Israel, pessoas de direita, de esquerda e de centro, como em todo o mundo, e Benjamin Netanyahu tenha mandato obtido pelo voto popular, de alguns anos para cá o país passou a ser estigmatizado por setores da esquerda mundial e brasileira. Extremistas como o músico Roger Waters criaram campanhas de boicote. Incitavam artistas a não se apresentarem no país, como fosse uma República do Mal.

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Nunca fui, não sou e nunca serei militante de esquerda, mas sou uma pessoa de esquerda desde a infância. Sempre associei a esquerda a liberdade, tolerância e convivência pacífica. A viver e deixar viver. A respeitar a si mesmo e aos outros. A cultivar valores éticos. A defender intransigentemente os direitos humanos. A lutar pelos oprimidos.

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Por isso estranho muito e não entendo quando pessoas que se dizem de esquerda tratam Israel com a fúria e a intolerância de Waters. Isso significa demonizar os israelenses. Demonizar pessoas. O que não é aceitável.

A esquerda demoniza Israel como a direita demoniza Venezuela.

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Netanyahu vai passar, como passaram todos os outros estadistas. O que Oz escreveu vai ficar para sempre.

Em Israel há um só Netanyahu, e – felizmente - muitos Amós Oz.

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