Há milícias neonazistas na Ucrânia?
O que importa é que os russos estão morrendo, o que favorece tanto os neonazistas quanto os políticos pró-OTAN que eles protegem
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A justificativa da Rússia de que recebeu apelo das lideranças de Donetsk e Lugansk para “...forçar os provocadores nazistas à paz”, busca legitimar a agressão que realizou.
Putin disse ainda que as medidas visam garantir a paz no Donbass, região dominada por milicias nazistas, patrocinadas pelo governo da Ucrânia.
Será que é verdade que há milicias nazistas na Ucrânia?
Será que é em razão da existência milicias nazistas por lá que bolsonaristas, como Sara Winter queriam, “ucranizar” o Brasil?
Temos recebido informações instantâneas sobre a invasão da Rússia à Ucrânia e sobre as consequências econômicas, mas, infelizmente, a alegação de que há nazismo vicejante na Ucrânia e milícias no Leste, não tem sido objeto de atenção dos analistas, dos especialistas ou dos chefes de redação. Por quê?
Bem, há um belo texto de Lucas Leiroz denominado “Entendendo o nazismo ucraniano” que merece ser lido. Me valho de algumas de suas informações para trazer esse tema ao debate aqui no CORREIO.
Repito o que já escrevi aqui: sou contra qualquer guerra, sob qualquer justificativa, pois aqueles que buscam a guerra como caminho, sempre invocam motivos nobres, mas não há nobreza alguma em matar em nome da paz, em nome de Deus, em nome da civilização, em nome do progresso, em nome da democracia.
Mas seria importante que os meios de comunicação divulgassem as informações disponíveis sobre o ‘nazismo na Ucrânia’, para que possamos formar nossa opinião sobre os acontecimentos.
Os simpáticos à OTAN dizem que não existe a necessidade de “desnazificar” a Ucrânia, pois a afirmação de Putin não é verdadeira, mas como saber a verdade se não se aprofunda a análise dessa questão?
Dizem ainda: “o presidente é judeu”, além de destacarem que a Ucrânia “vive uma democracia por lá”.
A Ucrânia é uma democracia, mas faz pouco tempo viveu um golpe de Estado que obrigou a renúncia do presidente eleito; no contexto do golpe deputados ucranianos puseram no lugar do presidente eleito o ex-chefe dos serviços secretos Alexander Turchinov; aboliram a Constituição em vigor e a substituíram pela de 2004 (o que foi feito sem referendo, violando os artigos 156 e 157 da constituição).
Após 115 dias do governo de Turchinov foi eleito Petro Poroshenko, um empresário bilionário, filiado ao ‘Solidariedade Europeia’, partido de centro-direita, alinhado ao Liberalismo, e pró-europeísmo.
Caiu um presidente pró-Rússia e surgiu em novo pró-OTAN.
Em 2019 foi eleito e tomou posse Zelensky, filiado ao partido ‘Servo da Pátria’, que se apresentou como sendo de ‘centro’, mas igualmente pró-OTAN.
O que Lucas Leiroz afirma é que o “nazismo ucraniano”, não é uma cópia contemporânea do Nazismo de Hitler; mas é o elemento neonazista é um ponto fundamental da Ucrânia pós-2014; que o golpe de 2014 foi abertamente apoiado e financiado pela OTAN como forma de minar qualquer influência russa.
Para alcançar seu objetivo - tornar a Ucrânia um estado fantoche, comandado por Washington– era necessário aniquilar as relações políticas, econômicas e diplomáticas entre Kiev e Moscou, bem como eliminar os laços culturais, étnicos, religiosos e linguísticos entre as duas nações.
Planos ‘anti-russia’ foram implementados: russos étnicos são perseguidos desde o golpe de 2014 através do extermínio sistemático em algumas regiões; a língua russa foi criminalizada em cidades inteiras onde a população não fala ucraniano; cismas na Igreja Ortodoxa foram apoiados para formar uma “igreja nacional” ucraniana fora do Patriarcado de Moscou.
Tudo começou no governo Poroshenko, quando o Ministro do Interior Avakov iniciou um processo de instrumentalização de milícias neonazistas que apoiaram o golpe, tornando esses grupos extremistas pontos chave na defesa do novo regime ucraniano.
Muitas pessoas acreditam que o racismo nazista era restrito aos judeus, mas na verdade, o ódio anti-Rússo era maior, tendo levado Hitler à decisão irracional de invadir e tentar anexar a URSS.
Esse ódio está vivo nessas milícias neonazistas, que estão literalmente prontas para fazer qualquer coisa para aniquilar os russos, sendo muito mais fanáticas em suas convicções racistas do que as forças armadas ucranianas.
Grupos como o Batalhão Azov, C14 e as milícias armadas de partidos de direita como Pravyy Sektor e Svoboda operam livremente na Ucrânia e são os maiores responsáveis pelo extermínio de russos étnicos no Donbass.
Em um relatório da Freedom House de 2020: “A New Eurasian far right rising”, informa que a extrema direita é um dos elementos mais fortes e influentes da sociedade ucraniana hoje, sendo uma força política sofisticada, altamente profissional.
Os grupos neonazistas operam não apenas na esfera da força militar, mas também no campo cultural, fomentando o ódio anti-russo entre os ucranianos comuns. A exaltação de Stepan Bandera (líder nacionalista antissoviético ucraniano que colaborou com a Alemanha Nazista) é um dos sintomas disso.
No mesmo sentido, esses grupos vandalizam paróquias e mosteiros da Igreja Ortodoxa Russa e são responsáveis pela consolidação de uma mentalidade ucraniana inteiramente hostil a Rússia, que está gradualmente permeando a população local.
A Ucrânia de fato é governada por um judeu e a estrutura de poder do país é de fato publicamente “democrática” - apesar de ser internamente autoritária e corrupta -, mas o nazismo está na estrutura de proteção do Estado ucraniano pós-golpe, apoiada por uma coalizão nacional de milícias neonazistas cujo objetivo é simplesmente perseguir e matar russos, independentemente de quem esteja no poder em Kiev.
Não importa para essas milícias se o Presidente da República é judeu, o que importa é que os russos estão morrendo, o que favorece tanto os neonazistas quanto os políticos pró-OTAN que eles protegem.
Em outras palavras, há muita coisa de podre nessa história, afinal, informações que nos são sonegadas, por isso não podemos saber se há de fato milicias neonazistas na Ucrânia, nem que tipo de treinamento a bolsonaristas Sara Winter teve por lá.
Essas são as reflexões.
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