Há 6 anos, morria no Rio de Janeiro, Almir Guineto
"Almir Guineto, um bamba"
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Rio - Já conhecia Almir Guineto das rodas de samba do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos.
Compositor de grandes sucessos, destacava-se, também, pelo modo extremamente original de executar o banjo - instrumento adaptado com um braço de cavaquinho, que ele introduziu no samba - que afinava à moda das últimas cordas do violão e palhetando-as velozmente, fazendo-as tremular conforme o suingue do repique de mão e do tantã.
Um dia, Tiãozinho, um amigo - divulgador da gravadora RGE - apareceu com Almir Guineto para uma entrevista.
Ele invadiu os estúdios da Rádio 96 FM como sempre, no seu estado habitual — em ebulição.
Acabara de lançar seu sétimo LP pela RGE, o gostoso “Pele de Chocolate”.
Fomos, eu e a Irene, escalados para entrevistar um dos fundadores do grupo “Fundo de Quintal”, que depois de deixar o grupo, seguia sua carreira solo.
Regada à cerveja e uísque, a entrevista foi uma das melhores que fizemos.
Almir falou da infância no Morro do Salgueiro, do contato ainda na infância com o samba - seu irmão, Chiquinho, foi um dos fundadores dos "Originais do Samba".
Falou do pai Iraci de Souza, violonista do grupo “Fina Flor do Samba”, da mãe, dona Nair (mais conhecida como “Dona Fia”), compositora e uma das principais figuras da Acadêmicos do Salgueiro.
E do tio Mazinho, que tocava banjo no Salgueiro, e foi quem lhe deu a inspiração para levar o instrumento para o samba.
Revelou que no final dos anos 70 mudou-se para São Paulo e tornou-se cavaquinista dos “Originais do Samba”, onde gravou seu primeiro samba: “Bebedeira do Zé”.
Falou da volta ao Rio - no início dos anos 80 - e como, junto com os amigos Bira, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e Ubirany, fundou o grupo “Fundo de Quintal”.
E, claro, falou do disco da RGE.
Almir falava pelos cotovelos. Foram duas fitas cassetes gravadas. No final da entrevista, Almir se aproximou da janela, e ainda com o copo na mão, sentou-se no parapeito - no terceiro andar do prédio - e comentou: “A vista daqui é muito bonita”.
Tiãozinho quase teve um treco.
Almir era assim, intenso e em constante ebulição.
O sambista faleceu no dia 5 de maio de 2017, no Rio de Janeiro.
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