Guerra na Ucrânia: o mundo entre EUA e Rússia/China. Lula será agente de paz

Mauro Lopes escreve sobre a guerra na Europa, a realidade da nova Guerra Fria e o papel que Lula pode jogar, a partir de uma perspectiva brasileira

Putin, Xi, Biden e Lula
Putin, Xi, Biden e Lula (Foto: Reuters | Ricardo Stuckert)


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Por Mauro Lopes

Passamos os últimos tempos saudando o novo mundo multipolar. As bombas sobre Kiev e outras cidades ucranianas esta madrugada acordaram-nos do sonho. 

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Foi assim: o documento conjunto assinado entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, em Pequim em 4 de fevereiro foi saudado por quase toda a esquerda como a chegada desse novo mundo. Mas a realidade da guerra acabou se impondo e desfez a ilusão, interrompeu o sonho: o que temos não é um mundo multipolar, mas uma nova Guerra Fria.

De um lado, os EUA, poder imperial em franca mas lenta decadência, com uma aliança militar, a OTAN, ainda incontrastável, apesar das fissuras cada vez maiores, em especial com as tentativas de “voo europeu” de Alemanha e França.

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Do outro lado, Rússia e China e seus aliados. Com a declaração de 4 de fevereiro, os dois países confrontam o império estadunidense como nunca desde o fim da União Soviética. O processo que chega agora à guerra russo-ucraniana começou o crescimento econômico, tecnológico, cultural e diplomático desde o fim dos anos 1970 da China e fins do século 20 e alvorecer do 21 da Rússia.

O que interessa ao Brasil e a todos os países que não as três potências?  

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A paz. 

E esse é o papel que Lula voltará a jogar no tabuleiro mundial, como o fez em seus dois primeiros governos, o de articulador de processos de paz, que interessam a todos os países, exceto os impérios.

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A posição do ex-presidente fez-se patente na manhã desta quinta-feira em entrevista a rádios do Distrito Federal: “Ninguém pode concordar com guerra, ataques militares de um país contra o outro. A guerra só leva a destruição, desespero e fome. O ser humano tem que criar juízo e resolver suas divergências em uma mesa de negociação, não em campos de batalha”. Lula disse ainda: “A humanidade não precisa de guerra, precisa de emprego, de educação. Por isso que eu fico triste de estar aqui falando de guerra e não de paz, de amor, de desenvolvimento”.

O mundo bipolar está de volta, com a nova Guerra Fria, agora quente com a eclosão da guerra na Ucrânia. 

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O sonho do mundo multipolar não está arquivado. Mas terá que ser arrancado da dinâmica que pauta o planeta entre EUA e Rússia/China. A relação do futuro governo não será  a mesma com os os dois blocos, até porque sofremos com o imperialismo estadunidense há quase 80 anos. Mas o governo Lula não será de alinhamento automático com o bloco russo-chinês.

Uma abordagem da guerra do ponto de vista brasileiro tem uma pauta e apenas uma: clamor pela paz.

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* * *

Como jornalista, aconselho nestas horas leitura crítica do noticiário sobre Ucrânia. Há propaganda dos dois lados. Um livro clássico do jornalismo, de Phillip Knightley, jornalista australiano, lançado em 1975, deve ser a referência nesta hora. “A Primeira Vítima”, o título do livro, é uma alusão à famosa frase do senador estadunidense Hiram Johnson em 1917: “A primeira vítima quando a guerra chega é a verdade."

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Há muita propaganda embalada como notícia nesta hora, de todos os lados. Isso acontece em tempos de paz, é certo. Mas nunca como durante as guerras. Por isso, cuidado. Leia notícias das agências russas, das agências dos EUA e seus aliados, e outras. E forme sua opinião. 

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