Guedes, por que não te calas?



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O ministro da Economia, Paulo Guedes, fala pelos cotovelos, como dizem dos que não pensam muito, ouvem pouco e falam mais do que devem. Cada entrevista ou audiência pública que participa, os jornalista deliciam-se com a oferta abundante de matéria prima. Talvez seja pela função de “posto ipiranga” que lhe foi confiada pelo então candidato Jair Capiroto, que alegava sinceramente nada entender de economia.

A última fala dele reforça a importância de que todos devem -homens públicos mais ainda- pensar antes de proferir suas palavras. Vejam o que disse o ministro:

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“Prudentemente eu lancei R$ 200 no auxílio emergencial logo no início por duas razões. Primeira razão é que eu não podia fazer um ultraje a quem já recebia assistência social. Como é que alguém do Nordeste ia aceitar se, a partir de amanhã, só porque alguém vive no Sul e ganhava R$ 800 – não confirmados, porque é um mercado informal, ela pode autodeclarar que ganhava esse valor – por que ela [o trabalhador do Sul] vai receber receber R$ 800 [de assistência do governo] agora se um irmão pobre nordestino ganha R$ 200? Então eu tinha que botar R$ 200 [pra todo mundo]”, disse Guedes.

Ora, ora. Primeiro, é bom que se registre, ele confessa que foi derrotado pela oposição, que conquistou os R$ 600 que Guedes e Bolsonaro não queriam pagar. Depois, revela uma dose extra de arrogância e preconceito. É verdade que a desigualdade revela alguns de seus traços mais cruéis no Nordeste, mas ela está por toda a parte, em particular desde o golpe de 2016, quando o governo que sempre lutou pela redução da desigualdade, foi deposto por um golpe no qual a elite branca, rica e descarada chegou ao poder com Temer e depois com Bolsonaro, o trapaceiro que cometeu todo tipo de ilegalidade para chegar ao Planalto.

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Mas Guedes não precisa ir ao Nordeste para ver essa miséria e desigualdade. Se sair da Granja do Torto, onde está residindo com despesas pagas pelo povo e for até a Estrutural, verá que muita gente que tinha emprego nos governos do PT passou a ter  trabalho informal e está vivendo com 200 ou 300 reais em atividades insalubres e perigosas. A pandemia só agravou esse quadro. O desastre chama-se Bolsonaro e Guedes.

Por isso, se não tem uma estratégia para tirar o Brasil dessa tragédia, que ao menos deixe de insultar o povo nordestino e todos os que foram prejudicados pela insana política econômica e social desse governo. Antes do golpe, o povo tinha emprego, apoio do governo, programas sociais que estão sendo esvaziados todos os dias. O auxílio emergencial foi obra do PT e demais partidos de oposição que foram apoiados por parte da base do próprio governo. Continuando desse jeito, o velho bordão humorístico “Cala a boca, Magda” será reciclado como “Cala a boca, Guedes”

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O que, aliás, já foi explicitados pelo ministro Ramos e pelo líder do Governo, Ricardo Barros, quando retiraram o falastrão de uma entrevista, em um “quase sequestro”. Cala a boca e respeite o povo pobre deste Brasil.    

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