Guedes diminuiu, mas ainda não é Moro

"O ministro da Economia não é ainda um Moro, que perdeu tantas batalhas por obra e graça do próprio chefe que muita gente já se pergunta o que ainda está fazendo ali na pasta da Justiça. Mas Guedes perdeu parte da aura de superministro, e perderá o que lhe resta se não mostrar que nomeou sozinho o novo secretário da Receita", constata a jornalista Helena Chagas

Economia e Bolsonaro: poço sem fundo
Economia e Bolsonaro: poço sem fundo (Foto: Alan Santos/PR)


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Por Helena Chagas, para o Divergentes e Jornalistas pela Democracia -O ministro da Economia, Paulo Guedes, sabe engolir sapos. Assim como fez no caso de Joaquim Levy, não passou recibo publicamente de sua contrariedade com a demissão de Marcos Cintra. Mas obviamente sabe ter ficado enfraquecido com a saída do auxiliar sob a explicação – pretexto – de que insistia na criação do imposto sobre pagamentos – que o próprio ministro defendeu muitas vezes. Todo mundo sabe que a verdadeira razão da demissão de Cintra não foi essa, assim como até as emas do Alvorada estão esperando o anúncio do nome de seu substituto para avaliar o grau de desgaste e o tamanho de Paulo Guedes no governo.

O ministro da Economia não é ainda um Moro, que perdeu tantas batalhas por obra e graça do próprio chefe que muita gente já se pergunta o que ainda está fazendo ali na pasta da Justiça. Mas Guedes perdeu parte da aura de superministro, e perderá o que lhe resta se não mostrar que nomeou sozinho o novo secretário da Receita. Ainda que seja um nome que cumpra a principal função que Jair Bolsonaro quer que o novo chefe do fisco exerça, a de blindar seus familiares, políticos e autoridades da bisbilhotice dos auditores do órgão. Bisbilhotice, aliás, que em muitos momentos pode ter representado injusta perseguição, mas que em outros foi de grande importância para investigações de corrupção.

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Então, a dúvida em Brasília hoje é esta: Bolsonaro e Guedes serão capazes de concordar em torno de um nome que agrade a um e não represente desmoralização para o outro?  Apesar da situação desconfortável, o ministro da Econômko tem lá suas cartas na manga:o apoio, embora menos entusiasmado do que há alguns meses, do establishment econômico. Alguns temem que, aborrecido – e, sobretudo, diante da constatação de que não foi capaz de reativar a economia – o  ministro aproveite uma dessas situações para pedir o boné.

Guedes sabe que, nesse caso, o governo Bolsonaro entraria numa zona de perigo que poderia ameaçar sua própria sobrevivência. Como é provável que o presidente também saiba disso, as apostas são de que os dois vão se entender em torno do novo secretário da Receita.

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