Gravar Dilma e divulgar o grampo pode, gravar Temer não

Engraçado. Agora falam de lei de Segurança Nacional. Mas por que se calaram há oito meses suas excelências que hoje alegam ser absurda a simples hipótese de gravar uma conversa com um presidente da República?

calero temer
calero temer (Foto: Chico Vigilante)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Parece piada. Agora Michel Temer quer enquadrar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero na lei de Segurança Nacional. O balão de ensaio já foi lançado por aliados seus como o presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (PR-BA).

Acusam Calero de caluniar e difamar o presidente da República. Como assim, caluniar? Ele tem provas do que diz.

O crime do qual acusam Calero foi ter gravado as conversas com Temer e os ministros Geddel e Eliseu Padilha, quando o pressionavam a tomar decisões a favor da liberação da construção pelo Iphan de um prédio onde Geddel era proprietário de um apartamento.

continua após o anúncio

Ou seja, o presidente, seus ministros e auxiliares seus queriam que um ministro tomasse decisões ilegais para defender interesses particulares de outro ministro. Simples assim.

Tanto era verdade, que Geddel caiu.

continua após o anúncio

Engraçado. Agora falam de lei de Segurança Nacional. Mas por que se calaram há oito meses suas excelências que hoje alegam ser absurda a simples hipótese de gravar uma conversa com um presidente da República?

Não vi nenhum deles naquela quarta-feira, 16 de março de 2016, criticando a PF por ter executado e divulgado o grampo telefônico de um diálogo entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, mesmo duas horas depois de o juiz Sérgio Moro, ter ordenado a interrupção das interceptações de Lula.

continua após o anúncio

Não vi a grande mídia ou os senhores parlamentares agentes do golpe em ação criticar o fato das gravações terem sido anexadas ao processo judicial de investigação sobre a propriedade de um sítio usado por Lula em Atibaia (SP). 

O diálogo entre Dilma e Lula – no qual a presidente informa seu antecessor sobre o encaminhamento de um termo de posse como ministro da Casa Civil, a ser usado “em caso de necessidade” – foi interceptado pela PF às 13h32, e este horário foi especificado  em relatório encaminhado pelos investigadores a Moro.

continua após o anúncio

Ou seja, o delegado que foi avisado por Moro sobre a interrupção das gravações, Luciano Flores de Lima, mesmo sabendo que as gravações aconteceram cerca de duas horas depois do momento em que já deveriam ter sido interrompidas, determinou a anexação nos autos do áudio com Lula e Dilma.

Uma curiosidade que neste caso faz sentido é que este delegado, Luciano Flores de Lima é o mesmo delegado da PF que interrogou Lula em 4 de março, quando Moro determinou condução coercitiva de Lula para depor.

continua após o anúncio

Nada acontece por acaso nos corredores da PF e da Operação Lava Jato.

A divulgação do áudio da conversa entre a presidente Dilma Rousseff com Lula foi uma total arbitrariedade e tinha o claro objetivo de estimular distúrbios para justificar repressão aos movimentos sociais que lutavam contra o golpe em andamento.

continua após o anúncio

A tentativa de enquadrar Calero na  Lei de Segurança Nacional é demonstração clara do sistema ditatorial e de rompimento dos direitos civis que estamos vivendo.

Espero que o MP não ouse oferecer denúncia contra Calero e que as fitas venham a público para que o Brasil enxergue com que tipo de gente estamos lidando.

continua após o anúncio

Pau que bate em Chico tem que bater em Francisco. O tipo de comportamento que valeu pra ajudar a derrubar a Dilma tem que servir também para tirar o golpista Temer do poder.

A população brasileira está enojada diante de tanta hipocrisia. Vivemos numa República de dois pesos e duas medidas. O momento é de darmos uma basta a essa corja que tomou de assalto o Brasil. A hora é da verdade, gritando nas ruas Fora Temer. Impeachment já.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247