Gradualismo e “almoço com generais” são respostas desastrosas de Múcio para a questão militar
"O ministro ainda não entendeu que vigora no Brasil um regime civil e que o comando supremo é exercido pelo presidente da República", diz Jeferson Miola
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Por Jeferson Miola, para o 247
Com suas posições erráticas e desastrosas sobre a questão militar, o ministro José Múcio Monteiro confirma e reconfirma porque ele é a pessoa errada, no lugar errada e no momento errado a ocupar o ministério da Defesa.
O gradualismo defendido pelo ministro Múcio em relação aos acampamentos criminosos nas áreas do Exército revelou-se um estrondoso fracasso.
Para se ter dimensão do equívoco desta estratégia do ministro Múcio, basta lembrar que nada menos que 1.200 criminosos que participaram dos atentados terroristas do 8 de janeiro foram presos no Quartel-General do Exército brasileiro.
O número de criminosos que deveriam ser presos no QG do Exército seria ainda maior, não fosse a desobediência do comandante do Exército, general Arruda, à ordem de prisão expedida pelo STF. O general protegeu militares da ativa, da reserva e familiares que também se amotinavam na usina central do terrorismo.
Naquela tensa madrugada do 9 de janeiro, Múcio perdeu a oportunidade especialíssima para demitir o sedicioso comandante do Exército e submetê-lo a processo administrativo e criminal.
Em resposta aos acontecimentos do 8 de janeiro, o ministro Múcio está colocando em prática outra medida igualmente equivocada na abordagem da questão militar – o programa “almoço com generais”.
“A partir de agora, Múcio levará um ministro civil por semana para entrosamento e abertura de canais com a cúpula militar”, noticiou a jornalista Eliane Cantanhêde.
Nesta terça-feira [17/1], o ministro-chefe da Casa Civil Rui Costa será o segundo convidado do “almoço com os generais” servido no ministério da Defesa. Flávio Dino, da Justiça, foi o estreante desta ritualística de “beija-mão” ciceroneada pelo ministro Múcio.
Decididamente parece que o ministro Múcio ainda não entendeu que vigora no Brasil um regime civil e que o comando supremo das Forças Armadas é exercido pelo presidente da República, a quem os comandantes das três Forças devem obediência, por força da escolha soberana do povo brasileiro em 30 de outubro.
O presidente Lula vive o momento de maior autoridade política e institucional e conta com a coesão e solidariedade entre os Poderes da República para promover mudanças inadiáveis nas Forças Armadas.
É urgente colocar um ponto final na tutela militar sobre a democracia e, também, se desfazer em definitivo a pretensão delirante das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas, que se arvoram como o Poder Moderador.
Os militares poderão reagir a qualquer esforço do poder político e da sociedade civil neste sentido.
Mas, num contexto como o atual, de inédita convergência na sociedade brasileira sobre a necessidade de se enfrentar eficazmente e com urgência a questão militar, se estreita enormemente o espaço para a reação antidemocrática dos militares.
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