Governo Temer, a PEC 241 e o golpe contra os direitos sociais do povo

Fatos evidenciam uma estreita relação entre o golpe político que conduziu Temer ao governo e o golpe nos direitos sociais. A agenda Temer é a agenda da desconstrução do estado de bem-estar social estabelecido pela Constituição Cidadã de 1988



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O presidente Temer assumiu a Presidência da República sem receber o voto popular e está executando uma agenda que afeta diretamente os interesses da ampla maioria da população brasileira. O governo do golpe está executando a agenda do golpe.

Em 15 de junho de 2016, o governo Temer enviou ao Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional nº 241 (PEC 241) que altera a Constituição de 1988 para instituir o Novo Regime Fiscal. Sob o pretexto de reequilibrar as contas públicas, o governo optou por estabelecer uma restrição ao crescimento do gasto público primário da União pelos próximos 20 anos. Em cada ano o gasto só poderá ser ampliado para cobrir a inflação do ano anterior, medida pelo IPCA.

Esta medida implicará redução real dos recursos financeiros públicos direcionados à saúde, à educação, à assistência social, ao saneamento, à segurança pública e a outras políticas de amplo interesse das famílias, em especial as de baixa renda. O próprio governo afirma, na exposição de motivos da PEC, que "(...) é essencial alterarmos os gastos mínimos de algumas áreas". Como é sabido por todos, as áreas que possuem regras de gastos mínimos estabelecidos pela Constituição são a saúde e a educação.

continua após o anúncio

Um exemplo dos efeitos negativos deste corte de gastos sociais pode ser observado para o setor saúde. Os custos deste setor foram maiores que o IPCA em nove dos últimos dez anos, como mostram os índices de correção dos planos de saúde, autorizados pela ANS. Estes custos foram maiores que o IPCA, em média, mais que 2% ao ano. Portanto, a correção das despesas com saúde pública pelo IPCA implicará perda real superior a 20% anuais, em dez anos.

Este fato é agravado por outros dois fatores de ordem demográfica. Primeiro, a população brasileira está crescendo. Segundo o IBGE, nos próximos dez anos passaremos dos atuais 206 milhões de habitantes para aproximadamente 219 milhões de habitantes. Portanto, o Sistema Único de Saúde precisará ser ampliado para atender uma população que terá mais 13 milhões de pessoas nos próximos dez anos.

continua após o anúncio

Segundo, a população brasileira está envelhecendo. Nos próximos dez anos haverá um crescimento expressivo do número de homens e mulheres com 60 anos ou mais de idade, fato que demanda a ampliação da rede pública orientada à atenção ao idoso, cujos custos são mais expressivos que a média dos custos de atenção à saúde.

Portanto, a Nova Política Fiscal do governo Temer cria uma regra de gasto que desconsidera as mudanças demográficas em cursos no Brasil e reduz os recursos governamentais destinados à saúde. O resultado será a precarização do atendimento na rede pública e a perda de bem-estar das famílias de baixa renda, que não podem pagar planos de saúde privado cujos preços estão cada dia mais abusivos.

continua após o anúncio

Ademais, para viabilizar este modelo de controle do gasto público o governo adotará outras medidas muito negativas. Pelo menos duas delas, estão sendo recomendadas, com frequência, por muitos daqueles técnicos, empresários e políticos que atuam em defesa dos interesses dos grandes grupos empresariais e financeiros.

A primeira, já anunciada pelo próprio governo, diz respeito à reforma da previdência, com imposição de exigência de idade mínima de 65 anos de idade para a obtenção da aposentadoria. Temer fará isto mesmo sabendo que a população mais pobre começa a trabalhar muito nova e possui uma baixa expectativa de vida. Portanto, o governo do golpe exigirá que o trabalhador, inclusive os de baixa renda, passe mais tempo trabalhando e contribuindo para a previdência, e menos tempo recebendo os benefícios da aposentadoria.

continua após o anúncio

Segundo, o governo acabará com a vinculação entre o valor dos benefícios de aposentadoria e o valor do salário mínimo. Com isto, os reajustes do salário mínimo deixaram de corrigir o valor das aposentadorias pagas pelo INSS. As aposentadorias passarão a ser corrigidas por um novo índice, menor que a correção do salário mínimo. Os perdedores serão todos aqueles homens e mulheres trabalharam ao longo de uma vida para obter um modesto benefício de aposentadoria para custear as despesas básicas de suas famílias.

Todos estes fatos evidenciam uma estreita relação entre o golpe político que conduziu Temer ao governo e o golpe nos direitos sociais. O impeachment da presidenta eleita pelo voto popular é, em última instância, o impeachment da agenda social eleita pelo voto popular nas últimas quatro eleições presidenciais. A agenda Temer é a agenda da desconstrução do estado de bem-estar social estabelecido pela Constituição Cidadã de 1988.

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247