Governo se esforçou para abafar o caso Mirian Dutra
Colunista Alex Solnik afirma que o caso de FHC com a jornalista Mírian Dutra "pertence à esfera privada, embora extrapole para a pública"; "Também é verdade que o governo atuou ativamente para abafar o caso na mídia, o que mostra, de novo, que a esfera pessoal foi ultrapassada ao menos uma vez, em 2000, quando a revista 'Caros Amigos' estava preparando uma matéria a respeito do caso", recorda o jornalista, destacando que a revista foi procurada com promessas de anúncios do Planalto, para que não fosse publicada reportagem a respeito do relacionamento extraconjugal do ex-presidente da República

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Tenho certeza que nem o Lula aceita politizar o caso Mirian Dutra vs. Fernando Henrique, conhecendo-o como conheço. Numa entrevista que fiz com ele há mais de 15 anos ele já demonstrara horror a exposição da vida pessoal dos políticos.
O caso em si pertence à esfera privada, embora extrapole para a pública.
Nenhum homem sabe lidar muito bem com a "outra". Não é novidade para ninguém.
As fofocas sobre o caso, na época em que explodiu, apavoraram setores do governo que passaram a trabalhar para varrer tudo para debaixo do tapete.
No auge do caso ainda oculto, mas conhecido dos jornalistas de Brasília, principalmente, pois envolvia uma jornalista com o presidente da República, alguém precisava contar a verdade à primeira-dama. Estávamos às vésperas da reeleição.
Aí fica nítido que o caso era tratado como problema de estado. O escalado para a missão foi o ministro das Comunicações Sergio Motta, o homem forte do governo, o tesoureiro das campanhas, o trator, como era conhecido.
Também é verdade que o governo atuou ativamente para abafar o caso na mídia, o que mostra, de novo, que a esfera pessoal foi ultrapassada ao menos uma vez, em 2000, quando a revista "Caros Amigos" estava preparando uma matéria a respeito do caso.
Nesse caso específico houve uma tentativa de dissuadir a publicação mediante uma contrapartida em forma de anúncios que não chegou a ser efetivada porque a pessoa que o governo procurou para fazer a intermediação e que já havia trabalhado com o dono da revista recusou-se a fazê-lo, alegando que o mesmo, Sérgio de Souza, jamais concordaria com a proposta e além de rejeitá-la ainda acrescentaria à reportagem essa tentativa de chantagem, o que ficaria pior para o governo do que a publicação da matéria em si.
Hoje, em sua página, Tão Gomes Pinto relata que seu parente, o jornalista Fernando Lemos, na época casado com a irmã da Mirian Dutra, tinha pedido a ele para ter uma conversa com Sérgio de Souza, mas não menciona nenhuma contrapartida, como a relatada acima. Seria apenas um pedido para preservar o filho do casal, então com nove anos e que, segundo comentário geral, era a cara do presidente da República.
O intermediário de que falo não é Tão Gomes Pinto. São pessoas diferentes. Somente não revelo a identidade dele porque não tenho sua autorização. Mas acredito nele.
A matéria foi publicada. Mas o efeito não foi devastador como o governo temia. Teria sido se a Mirian Dutra tivesse falado à reportagem. Mas não falou.
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