Governo rompe inércia e colhe sinais de alento

"O pacote fiscal não tira o governo da zona de risco, mas demonstra que ele ainda tem iniciativa e não respira por aparelhos. Isso é crucial nesta hora de cerco. Críticas, reações e ressalvas à parte, a reação inicial, a começar pelo PMDB de Michel Temer, está sendo bem melhor que a de dez dias atrás, depois do vazamento desastrado da proposta de recriação da CPMF", avalia a jornalista Tereza Cruvinel, a respeito das medidas econômicas apresentadas pelos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa; ela destaca que "a base parlamentar também emitiu sinais de vitalidade, com o lançamento e a entrega a Dilma de um manifesto contra o impeachment" nesta terça-feira, "o primeiro contraponto à ofensiva da oposição"

"O pacote fiscal não tira o governo da zona de risco, mas demonstra que ele ainda tem iniciativa e não respira por aparelhos. Isso é crucial nesta hora de cerco. Críticas, reações e ressalvas à parte, a reação inicial, a começar pelo PMDB de Michel Temer, está sendo bem melhor que a de dez dias atrás, depois do vazamento desastrado da proposta de recriação da CPMF", avalia a jornalista Tereza Cruvinel, a respeito das medidas econômicas apresentadas pelos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa; ela destaca que "a base parlamentar também emitiu sinais de vitalidade, com o lançamento e a entrega a Dilma de um manifesto contra o impeachment" nesta terça-feira, "o primeiro contraponto à ofensiva da oposição"
"O pacote fiscal não tira o governo da zona de risco, mas demonstra que ele ainda tem iniciativa e não respira por aparelhos. Isso é crucial nesta hora de cerco. Críticas, reações e ressalvas à parte, a reação inicial, a começar pelo PMDB de Michel Temer, está sendo bem melhor que a de dez dias atrás, depois do vazamento desastrado da proposta de recriação da CPMF", avalia a jornalista Tereza Cruvinel, a respeito das medidas econômicas apresentadas pelos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa; ela destaca que "a base parlamentar também emitiu sinais de vitalidade, com o lançamento e a entrega a Dilma de um manifesto contra o impeachment" nesta terça-feira, "o primeiro contraponto à ofensiva da oposição" (Foto: Tereza Cruvinel)


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“Fazer alguma coisa é melhor que não fazer nada”, disse Renan Calheiros. Dilma e o governo, desta vez, não apenas saíram da inação como fizeram algo na direção certa, ao contrário da semana passada, quando a apresentação do orçamento deficitário foi um certeiro tiro no pé. O pacote fiscal não tira o governo da zona de risco, mas demonstra que ele ainda tem iniciativa e não respira por aparelhos. Isso é crucial nesta hora de cerco. Críticas, reações e ressalvas à parte, a reação inicial, a começar pelo PMDB de Michel Temer, está sendo bem melhor que a de dez dias atrás, depois do vazamento desastrado da proposta de recriação da CPMF. A proposta foi torpedeada, o governo apresentou o orçamento com déficit e colheu o rebaixamento da nota de crédito.

Coincidência ou não, com o pacote ainda sendo examinado e digerido, a base parlamentar também emitiu sinais de vitalidade, com o lançamento e a entrega a Dilma de um manifesto contra o impeachment. Foi o primeiro contraponto à ofensiva da oposição, que começou a fazer rodar a engrenagem de sua tramitação. Sintomaticamente, o manifesto foi assinado não apenas por aliados de esquerda, como PT e PC do B, mas também pelo presidente do PMDB, Valdir Raupp, o do PSD, Gilberto Kassab, além do PP, PROs e siglas menores. O líder do PMDB, Leonardo Picciani, fez declarações inequívocas de apoio a Dilma, em sintonia com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, um dos que, com maior desenvoltura, no jantar de ontem no Alvorada, comprou a proposta de aprovação da CPMF com a elevação de sua alíquota, de 0,2 para 0,38%, de modo que os estados fiquem com o excedente de 0,18%.

A grande maioria das medidas do pacote depende de aprovação do Congresso, o que estabelece uma distância enorme entre seu lançamento e os efeitos econômico e político desejados mas, desta vez, muitas coisas foram feitas de modo diferente. E a mais importante foi que o governo entendeu a importância de tentar cortar na carne, reduzindo as despesas discricionárias (não-obrigatórias) em R$ 26 bilhões – ainda que o número alcançado ao final possa ser menor. Até mesmo um economista crítico do governo como o fiscalista Raul Velloso admitiu que o corte superou suas expectativas. E com isso, os críticos no Congresso vão se concentrar mais na recriação da CPMF,  deixando de lado a ladainha de que o governo não tem compromisso algum com a austeridade. Até o final da semana ainda virá a cobrada redução do número de ministérios, embora isso vá ter efeito mais simbólico que efetivamente fiscal. 

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Houve erros políticos veniais mas não desastrosos como da outra vez. Lula não foi comunicado previamente e poderia ter sido. Dilma prometeu a Temer que não proporia imposto novo antes de apresentar os cortes mas fez tudo junto. Temeu um novo vazamento que pusesse tudo a perder.  Ela também não informou a Eduardo Cunha que proporia a destinação de boa parte dos recursos das emendas parlamentares de execução obrigatória à recomposição de projetos do PAC sacrificados juntamente com dispêndios do Minha Casa, Minha Vida. Ele reagiu, acusando-a de fazer cortesia com o chapéu dos deputados.

Em relação à CPMF - afora o vaticínio negativo de Cunha, de que dificilmente será aprovada - não se viu uma reação como a de Temer e outros há dez dias. Pelo contrário, o líder peemedebista Picciani fez uma sintomática declaração de que não se pode descartar liminarmente sua aprovação, pois alguma fonte de receita terá que ser providenciada para assegurar o equilíbrio do orçamento e o superávit mínimo porém fundamental para o resgate da confiança fiscal no país. Os empresários estão reclamando, não poderia ser diferente, e os bancos gostaram.

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O presidente do Senado, Renan Calheiros, não torpedeou a medida como da outra vez. Agora pede que se espere o pacote "assentar" e promete aprimoramentos. Renan Filho, governador de Alagoas, foi outro que cresceu os olhos sobre a fração da CPMF que pode ficar para os estados.

Estes e outros sinais do dia seguinte são indicadores de uma receptividade maior ao pacote, talvez induzida pelo próprio choque com a perda do grau de investimento. A oposição, além de estrilar, está muito absorvida com os preparativos da deflagração do processo de impeachment da presidente.

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A resposta fiscal foi dada, cabendo agora à equipe econômica aparar arestas, corrigir defeitos e enfrentar o debate. A negociação no Congresso caberá aos líderes governistas mas falta saber quem responderá por ela no Palácio. Não será Michel Temer, naturalmente. Não pode ser Dilma nem Mercadante. O governo continua  precisando de um coordenador político-parlamentar, principalmente agora, quando começa para valer a batalha de Dilma para salvar seu mandato ameaçado.

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