Governo nomeou braço direito de Anderson Torres como número 2 da Abin
"O delegado Alessandro Moretti, que pertenceu ao núcleo de poder do governo anterior, é mais um Cavalo de Troia de extrema-direita no novo governo", diz Miola
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Saiu no Diário Oficial da União de 2 de março o decreto de nomeação de Alessandro Moretti como Diretor Adjunto da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.
Moretti, que será o número dois da Abin, é delegado da Polícia Federal e, no governo anterior, foi braço direito e homem de confiança do ex-ministro bolsonarista da Justiça Anderson Torres.
Em março de 2022 foi nomeado por Anderson Torres como diretor da Diretoria de Inteligência Policial da PF no marco de mudanças determinadas por Bolsonaro para, de acordo com o noticiado à época, aparelhar a área e “manter a PF em rédea curta e sob o comando de gente de sua extrema confiança”.
Antes disso, ainda na gestão de Anderson Torres, Moretti foi diretor de Tecnologia da Informação e Inovação da PF.
No período recente, o delegado Alessandro Moretti teve uma trajetória funcional fortemente vinculada ao bolsonarismo mais genuíno.
Ele foi secretário adjunto de Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública no DF no governo de Ibaneis Rocha [2019/2022] e, durante a gestão do hoje ministro do STF e ex-ministro da Justiça, o “terrivelmente evangélico” André Mendonça, fez parte da SENASP [Secretaria Nacional de Segurança Pública].
Depois da derrota eleitoral da chapa militar Bolsonaro/Braga Netto, a cúpula bolsonarista da PF se movimentou para transferir os agentes bolsonaristas e da confiança de Anderson Torres a postos da PF no exterior, em busca de um glamouroso e muito bem remunerado “auto-exílio”. O delegado Alexandre Moretti iria para a representação na França.
O governo Lula deu um passo relevante ao desvincular a Abin do GSI para estabelecer o controle civil e republicano da inteligência de Estado.
A nomeação, no entanto, do delegado Alexandre Moretti como o segundo principal dirigente da Agência, é incompatível com o esforço do governo de profissionalizar, desfascistizar e desaparelhar o Estado, sobretudo em área tão sensível como a da inteligência de Estado.
O delegado Alessandro Moretti, que pertenceu ao núcleo de poder do governo anterior e foi braço direito de Anderson Torres, é incompatível com o desafio que o governo Lula terá pela frente. É mais um Cavalo de Troia de extrema-direita no novo governo.
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