Governo federal gasta R$ 500 bilhões com especuladores em 12 meses

(Foto: Marcello Casal Jr/Agencia Brasil)


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O Brasil vem de cinco anos de estagnação do Produto Interno Bruto (PIB). Esse que, possivelmente, é o pior desempenho do produto que se tem registro nas contas nacionais, tem feito o país perder continuamente posições no ranking das maiores economias do mundo. De 2019 até 2021, o país caiu quatro posições, da 9ª para a 13ª maior economia. O Brasil, que entre 2010 e 2014 ostentava a condição de 7ª economia do mundo, em 2020 saiu da lista das dez maiores pela primeira vez desde 2007. 

Nesse quadro dramático de estagnação econômica, em agosto último o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central elevou a taxa Selic de 13,25% para 13,75% ao ano, 12º aumento consecutivo. É o maior patamar de taxa de juros em quase seis anos. Esse nível de taxa de juros, mantêm o Brasil na condição de líder do Ranking Mundial de juros reais desde maio (ver Tabela), abrindo inclusive distância do México, segundo colocado na lista. No Ranking o nível de juros reais no Brasil (isto é, juros nominais menos inflação) é um verdadeiro “ponto fora da curva” entre os 40 países listados.

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Pela sinalização do Copom em agosto, o Banco Central irá manter a estratégia de alto dos juros até que a inflação esteja “sob controle”. Possivelmente o aumento dos juros não conseguirá controlar uma inflação que, como se sabe, não é causada por excesso de demanda. No entanto, é garantido que o aumento da Selic causará fortes prejuízos sobre produção, consumo, comércio e investimentos produtivos. 

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Por que a taxa básica de juros do Brasil tem que aumentar muito acima da média mundial, seguindo uma receita que nunca funcionou, que é tentar controlar com juros altos uma inflação que não decorre de excesso de demanda? Será que os economistas do Banco Central (que no governo Bolsonaro se tornou “independente”) desconhecem esse fato elementar? A explicação está no “sistema da dívida”, que beneficia uma minoria privilegiada de banqueiros, rentistas e outros especuladores. Entre junho do ano passado, até maio deste ano, em 12 meses o governo federal já pagou R$ 500 bilhões com juros da dívida. Segundo dados do Banco Central, este é o maior valor gastos em um ano, desde fevereiro de 2016, quando a despesa alcançou R$ 513 bilhões. 

O montante equivale a 5,51% do Produto Interno Bruto (PIB) e é superior aos orçamentos previstos para este ano em Saúde (R$ 139,9 bilhões) e em Educação (R$ 62,8 bilhões), somados. Para termos ideia do que significa desembolsar R$ 500 bilhões para meia dúzia de especuladores, o conjunto de ações do governo Bolsonaro, visando ganhar as eleições, aprovado em julho e chamado ironicamente de “pacote de bondades” não chegará a R$ 200 bilhões. São recursos distribuídos para milhões de pessoa, com objetivos claramente eleitorais, mas que representam apenas uma fração do que é destinado a um pequeno grupo de milionários e bilionários.  

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Esse é o único segmento na sociedade que não têm o que reclamar da política econômica atual, está voando em céu de brigadeiro. Prova disso é que, ao mesmo tempo em que a classe trabalhadora empobrece rapidamente, e 33 milhões de brasileiros estão passando fome, os quatro maiores bancos de capital aberto do país (Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander), juntos lucraram R$ 26,6 bilhões entre abril e junho, alta de 20,6% em relação ao mesmo período de 2021. É um desempenho que nada tem a ver com a economia produtiva e que indica que quase toda a energia de uma população trabalhadora, que sobrevive à duríssimas penas, é canalizada para sustentar uma minoria de privilegiados. 

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