Governo dos generais está afogado num mar de corrupção e de mortes
Salvo na improvável hipótese de Ricardo Barros agir por conta própria e sem o consentimento do governo, a dedução crível é que o governo militar e seu proposto no ministério da Morte, o general da ativa Eduardo Pazuello, endossaram as tratativas, do mesmo modo que o próprio Bolsonaro, diz Jeferson Miola
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Depois da sessão realizada numa 6ª feira [25/6] que avançou no tempo e terminou somente às 22:52 horas, a CPI da COVID pode dar por encerrados seus trabalhos, pois os propósitos de instalação da Comissão podem ser considerados plenamente concretizados.
Além de já ter conseguido demonstrar a responsabilidade do governo no crime de morticínio de centenas de milhares de brasileiros, com o depoimento dos irmãos Miranda – o deputado Luis Cláudio e o servidor público Luis Roberto – a CPI desnudou o esquema bilionário de corrupção na negociata para aquisição da vacina COVAXIN.
Coerente com sua índole homicida, o governo não estava efetivamente interessado na aquisição de vacinas para imunizar a população brasileira, mas sim em aproveitar a oportunidade para um negócio corrupto envolvendo pelo menos R$ 1,6 bilhão de reais.
Alertado pelos irmãos Miranda no Palácio do Alvorada [20/3] sobre a corrupção em andamento, Bolsonaro revelou conhecer [ou concordar com] o envolvimento do líder do governo na Câmara Ricardo Barros, do mesmo PP do presidente da Câmara que engaveta os pedidos de impeachment, no esquema e, embora prometera acionar a Polícia Federal, prevaricou e abafou a denúncia.
Em fevereiro passado o governo firmou contrato de compra da COVAXIN sem previsão legal para fazê-lo.
Para dar cobertura legal à falcatrua, o líder do Bolsonaro na Câmara Ricardo Barros/PP emendou a Medida Provisória [MP] permitindo a aquisição de vacinas homologadas por agência sanitária da Índia, ausente na redação original da MP. Sem esta medida “providencial”, o contrato fraudulento do governo firmado em fevereiro de 2021 seria nulo.
Salvo na improvável hipótese de Ricardo Barros agir por conta própria e sem o consentimento do governo, a dedução crível é que o governo militar e seu proposto no ministério da Morte, o general da ativa Eduardo Pazuello, endossaram as tratativas, do mesmo modo que o próprio Bolsonaro.
O governo dos generais está afogado num mar de corrupção e de mortes. É uma máquina de terror, morte, obscurantismo, mentiras, violência e, principalmente, de corrupção deslavada, como mostra a compra de apoio parlamentar com mais de R$ 20 bilhões do batizado “orçamento secreto”.
Os generais e altos oficiais das Forças Armadas, principalmente do Exército, que lideram o que autores como Alain Rouquié, Oliveiros Ferreira na década de 1980 e, mais recentemente, Marcelo Pimentel [ex-coronel do Exército] chamam de Partido Militar, devem estar ajustando suas táticas políticas.
Os militares conspiradores acalentam um projeto duradouro de poder, e não colocam no seu radar de futuro a “desintoxicação” do aparelho de Estado civil atualmente infestado por mais de 10 mil militares em funções tipicamente desempenhadas por civis.
A situação do Bolsonaro, em razão disso, ficou delicadíssima.
No momento em que as oligarquias, militares e políticos desesperadamente buscam alternativas para impedir a eleição do Lula em 2022, poderá ser posto em marcha o descarte do Bolsonaro pelos seus reais controladores, os comandantes do governo militar.
Mourão, o “bombeiro racional e comedido” pode ter sido colocado em aquecimento para ocupar o lugar do “incendiário incontrolável e irascível” Bolsonaro para executar aquilo que Lampedusa diz na sua obra prima O Gatopardo – “tudo deve mudar para que tudo fique como está”.
Inscreva-se no canal de cortes da TV 247 e saiba mais:
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247