Governo Bolsonaro quer lançar telejornal com apenas “boas notícias” na TV aberta

- Não tem nem uma boa notícia do meu governo? E aquela ponte que eu inaugurei no Amazonas?

(Foto: Divulgação | ABr)


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O presidente Bolsonaro tem aparecido tanto na televisão que as emissoras estão preocupadas com os pedidos do presidente para se dirigir ao povo brasileiro.

Primeiro porque é caro e depois porque as pessoas ficam sem saber se acreditam ou não no horário da TV.

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Ainda assim, o presidente acha que é pouco. Crítico contumaz da imprensa, ele acha que a televisão tem noticiado muita coisa negativa a respeito do seu governo.

Para minimizar o problema, o governo de Bolsonaro pretende criar um telejornal para veicular apenas “boas notícias”, do seu governo na grade da TV Brasil.

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Bolsonaro, que por diversas vezes criticou a cobertura jornalística feita pelos jornais e a TV, especialmente em relação à pandemia da Covid-19, que se aproxima da triste marca de 500 mil vítimas, quer mudar essa imagem.

A criação do programa, conduzida pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, que pretende combater “narrativas erradas” da TV aberta, já está em fase final.

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- Como vai se chamar o programa? - quis saber o presidente.

- Que tal batizar de “O Mundo Maravilhoso de Bolsonaro”? - sugeriu Fábio Faria.

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- “O Show do Bolsonaro”, o que vocês acham? - sugeriu um assessor.

- Eu prefiro “No cercadinho com Bolsonaro” - opinou outro.

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O presidente não concordou com nenhum dos nomes. "Não quero meu nome no programa, talkey? O Silvio Santos já fez isso".

- Que tal “Bom de Ver”? - disse a moça do cafezinho.

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- Gostei. Agora precisamos encontrar alguém para apresentar o programa.

- Que tal o Sikêra Júnior? - sugeriu Fábio Faria.

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- Não. Tem que ser alguém bonito e carismático como o William Bonner - disse a moça do cafezinho.

- Que tal o Faustão? Ele está desempregado - sugeriu alguém.

- O "Centrão" não abre mão de indicar o redator e o apresentador, presidente. - disse o ministro da Economia.

Outra discussão foi quanto ao patrocinador. Uma marca de comida para cachorro se interessou em patrocinar, mas a assessoria do presidente achou que não era uma boa ideia.

- Tenho um amigo que fabrica cloroquina - sugeriu o presidente.

- Pode pegar mal, presidente - disse Fábio Faria.

- Vou falar com o véio da Havan - sugeriu Eduardo Bolsonaro.

- Bom, vamos discutir a pauta. Quero que o programa só veicule as boas notícias do meu governo. Qual a notícia mais relevante do dia? Temos que começar com uma notícia “bombástica”, talkey? - sugeriu o presidente.

- Quantos minutos terá o programa, presidente? - quis saber o secretário de comunicação.

- Minutos!!? Serão duas horas de programa - enfatizou o presidente.

- Mas, presidente, onde nós vamos arranjar duas horas de boas notícias por mês?

- Mês? Quem falou em mensal? O programa será diário! Peguem as notícias dos jornais, da TV, do rádio...

- Presidente, as principais notícia do dia são: “Brasil atinge marca trágica de 500 mil mortes pela Covid-19”; “País contabiliza em 2021 mais que o dobro de mortes de 2020”; Sobe o gás de cozinha, a luz e a gasolina”; “Milhares de pessoas voltam às ruas em todos os estados e no DF em manifestações contra Bolsonaro e pela vacina”...

- Não tem nem uma boa notícia do meu governo? E aquela ponte que eu inaugurei no Amazonas?

- Era uma "pontezinha" de madeira de 18 metros, presidente - disse o ministro da infraestrutura Tarcísio de Freitas.

- E a transposição das águas do Rio São Francisco?

- Foi o Lula que fez 94% da obra.

- E a BR-163?

- 93% foi paga pelo governo do PT.

- E a Ferrovia Oeste-Leste?

- 89% foi paga pelo governo do PT.

- E a BR 116 (trecho Porto Alegre-Pelotas)?

- 86% foi paga pelo governo do PT.

- E o “Minha Casa Verde e Amarela”?

- Era o “Minha Casa Minha Vida”, do Lula.

- E o auxílio emergencial de 600 reais?

- Foram os congressistas que deram, o senhor queria dar só 200 reais, lembra?

- E o “Renda Brasil”?

- Era o “Bolsa Família”, do Lula.

- E a privatização da Eletrobrás?

- Os “jabutis” colocados lá pelo “Centrão” vão prejudicar o meio ambiente e onerar os consumidores de energia por décadas. Não é bom nem comentar - avisou o secretário.

- O que vamos anunciar na estréia do programa? - perguntou o presidente.

- Ou esperamos por uma boa notícia ou mudamos o nome do programa para “Programa do Bozo” - sugeriu um assessor.

- Parece um programa infantil.

- E daí? Ninguém vai acreditar nas notícias mesmo.

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