Governo Bolsonaro está derretendo
Não há espaço para recuo: vamos manter a pegada em defesa dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores. Faremos um 30M ainda maior que o já histórico 15M. E, 14 de junho, marcharemos juntos na maior greve geral da história deste país
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Compartilho com vocês o que percebi nesta semana em Brasília. As coisas nunca estiveram tão ruins para o regime Bolsonaro: o clima é de um governo à caminho da morte, agonizante e com pouca esperança de retorno à normalidade.
Pior: o próprio paciente (o presidente Jair Bolsonaro e seu entorno próximo) reforça a situação ruim. Por incompetência e também por acreditar que as coisas funcionam assim, o grupo ultradireitista segue na política do confronto enfurecido contra inimigos reais e imaginários. Com isso, isola-se cada vez mais, abandonado até por apoiadores antigos (vide os casos do astrólogo dublê de filósofo Olavo de Carvalho e do músico Lobão, nos últimos anos convertido em "líder" fanático da extrema direita).
A economia não ajuda. Pelo contrário, só reforça o isolamento e a fraqueza do paciente. O dólar fechou a semana acima de R$ 4,10, com a Bovespa desabando 4,5% e abaixo dos 90 mil pontos. Se o mercado financeiro dá sinais de desalento, o pior ocorre na economia real. O PIB recuou no primeiro trimestre, configurando recessão técnica. O desemprego aumenta e já chega perto dos 15 milhões de brasileiros, segundo os dados oficiais. Qualquer brasileiro com o mínimo de sensibilidade é capaz de perceber, ao andar nas ruas, os sinais de pobreza e mendicância do povo. Traços que são reflexo da prática adotada desde o início do governo Temer, marcada pelos cortes nas políticas sociais que marcaram os anos Lula e Dilma, e que foi aprofundada no governo Bolsonaro.
No Parlamento, percebe-se, mesmo entre os aliados mais próximos do governo, um ar de resignação, quase desistência total. As derrotas na Câmara, nas votações do Coaf e da convocação do ministro da Educação, revelaram novamente as duas características do atual Executivo: incompetência e aposta na política errada.
Aliados que tentam se desvencilhar da crise, como o ministro Sergio Moro, tampouco conseguem acalmar o ambiente, pelo contrário: o ex-juiz foi desautorizado publicamente por Bolsonaro, que deu de ombros para a perda do Coaf; e é confrontado diariamente com o inexplicável silêncio sobre o cada vez mais escandaloso caso Queiroz. A família presidencial está envolvida diretamente, as provas de falcatruas são cada vez mais evidentes, mas Moro, outrora paladino da moral, mantêm-se numa mudez abjeta.
O escândalo Queiroz, por sua vez, poderá ser a razão que restava para a elite enfim dar cabo ao governo Bolsonaro. Os fatos contra o senador Flávio Bolsonaro já justificam a perda do mandato e até a abertura de inquérito e punição. O envolvimento da mulher de Jair, Michelle Bolsonaro, será usado como razão da implicação direta do presidente.
Eis, então, a razão maior para o estado decrépito do regime ultradireitista brasileiro: a elite que o ajudou a eleger-se, prendendo Lula por "ato indeterminado" (Lula, como sabemos, venceria a disputa eleitoral) e permitindo irregularidades como as fakenews espalhadas com uso de dinheiro ilegal, sabe que Bolsonaro é um incapaz. Inculto, despreparado, sem experiência para debater qualquer assunto além de armas. Adjetivos que já reconhecíamos em Bolsonaro, mas que foram ignoradas por essa elite, no seu desejo incontível de realizar no Brasil o projeto neoliberal, com privatizações, reformas previdenciárias e perda da soberania (reformas feitas na Argentina, como sabemos, e que levam o país vizinho à quebradeira atual).
É um governo, na prática, já morto. Mas que deve ser vencido não por essa elite que o criou. Mas pelo povo, via mobilização popular.
A nós, que representamos o campo popular e de luta, cabe manter o foco no que interessa: ajudarmos na mobilização de todas e todos contra as perdas desejadas pelo governo Bolsonaro. Está sendo assim na educação, com o povo brasileiro realizando uma maravilhosa manifestação que juntou milhões de pessoas em todas as regiões do país contra os cortes de verbas para universidades. É necessário que ocorra o mesmo com a reforma da Previdência, contra a qual o povo brasileiro precisa levantar-se.
Não há espaço para recuo: vamos manter a pegada em defesa dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores. Faremos um 30M ainda maior que o já histórico 15M. E, 14 de junho, marcharemos juntos na maior greve geral da história deste país.
O povo está vencendo essa dura batalha. Sempre na luta!
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