Governar a quatro mãos
O colunista Alex Solnik analisa o cenário das eleições municipais. Ele diz: "será a primeira vez para os eleitores darem sim ou não a Bolsonaro. Quanto mais bolsonaristas forem eleitos, mais longe seu governo estará do fim. Incluo no pacote os bolsonaristas arrependidos, que romperam com Bolsonaro, mas não abandonaram suas convicções direitistas"
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Sempre achei que as eleições deste ano seriam o ensaio geral para 2022. Será a primeira vez para os eleitores darem sim ou não a Bolsonaro. Quanto mais bolsonaristas forem eleitos, mais longe seu governo estará do fim. Incluo no pacote os bolsonaristas arrependidos, que romperam com Bolsonaro, mas não abandonaram suas convicções direitistas.
Sabe-se, é questão indiscutível, das dificuldades de derrotar um candidato que tenta a reeleição.
Uma das táticas que pode funcionar é, em vez de cada candidato da oposição concorrer por si, contra o principal oponente e os demais, juntarem-se todos contra quem está no poder, para ganharem juntos e governarem juntos.
O que está acontecendo em São Paulo pode servir de exemplo.
Temos aqui, segundo a mais recente pesquisa, o atual prefeito Bruno Covas liderando com 30%, em segundo o candidato do PDT e PSB (Márcio França) com 16% e em terceiro o PSOL, com Boulos e Erundina, 11%.
O candidato do PT (Jilmar Tatto) está lá embaixo. Tem 1%. A candidata que seria bolsonarista, Joice Hasselmann também não decola.
Mais importantes que os nomes são os partidos envolvidos. No mundo ideal em que a lógica prevalecesse os candidatos de oposição a Covas, menos Joice, ganhariam musculatura todos juntos.
O critério – que valeria não só para São Paulo – deveria ser o dos resultados. Aquele que, às vésperas das convenções, estivesse à frente seria o candidato majoritário; o segundo, seria o vice e o terceiro e o quarto teriam expressiva participação no governo. Todos os partidos governariam, não importa os candidatos.
No caso de São Paulo, se as posições forem as atuais, o candidato do grupo seria França, o vice Boulos, o PT e o PCdoB teriam uma expressiva participação no futuro governo, de acordo com seu tamanho e sua representatividade.
Ah, mas quem vota em Márcio França não vota em Boulos, podem alegar alguns. Quem vota em Tatto não vota em Márcio França.
Esse tipo de argumento cairia por terra se esses partidos fizessem campanha juntos, com um programa comum. E repertório da esquerda à centro-esquerda.
Isso deveria ocorrer já no primeiro turno. Para tentar ganhar já no primeiro turno. Deixar a união para o segundo nem sempre dá certo, como vimos em 2018.
Se funcionar em São Paulo em 2020 pode funcionar no Brasil em 2022.
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