“Golpe” ganha de “impeachment”

Os defensores do impeachment estão preocupadíssimos com a possibilidade de o processo ser anulado. E Lewandowski também. Antes de abrir a sessão da tarde desta terça-feira leu um dispositivo que revoga outro, da lei 1079, que não permite a presença das partes (ou seja, dos advogados de acusação e de defesa) depois da inquirição da acusada, afirmando que fazia isso "para evitar futuros pedidos de anulação"

 À mesa, em pronunciamento, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
 À mesa, em pronunciamento, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado (Foto: Alex Solnik)


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Os defensores do impeachment estão preocupadíssimos com a possibilidade de o processo ser anulado. E Lewandowski também. Antes de abrir a sessão da tarde desta terça-feira leu um dispositivo que revoga outro, da lei 1079, que não permite a presença das partes (ou seja, dos advogados de acusação e de defesa) depois da inquirição da acusada, afirmando que fazia isso "para evitar futuros pedidos de anulação".

Prova disso é que todos os governistas, instruídos pelo governo Temer, ao discursarem hoje, véspera da votação, elogiaram, em primeiro lugar, a participação de Lewandowski e repetiram que não se justifica a palavra golpe porque o STF está ali presente.

E insistiram que foi respeitado o direito de defesa da acusada e o devido processo legal.

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Foi o mantra de todos eles.

Uma espécie de vacina anti-anulação para inglês ver, pois há muitos motivos para o impeachment ser anulado, dentre os quais a declaração de voto ainda em meio ao processo, o que é inaceitável em qualquer tribunal do júri.

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Sem contar que, como disse o senador Jorge Viana, "não há como esperar justiça desses jurados pois eles são beneficiários do resultado".

O suspeito mais notório é José Aníbal. Suplente de Serra, se o impeachment não passar ele terá de voltar para São Paulo, pois Serra sairia do ministério e voltaria ao Senado. No entanto, como se não fosse com ele, além de não ficar na sua, escondido num canto qualquer nos fundos do plenário, atua como um dos mais ferozes pitbulls de Temer, causando preocupação em Aloysio Nunes Ferreira, que não admite concorrência nesse quesito.

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Outro motivo para anulação é o fato de o STF ter alertado, ainda no início do processo que os acusadores deveriam ater-se às duas acusações – os três decretos de suplementação de verba e o Plano Safra - o que, no entanto, é sistematicamente desrespeitado do primeiro dia até hoje, já que eles sempre acusam Dilma pelo "conjunto da obra". Isso não é permitido num julgamento sério porque constitui obstrução da defesa, já que ela não pode defender a acusada do que não consta dos autos.

Por tudo isso é possível que o "impeachment" vire "golpe" e seja, por isso, anulado.

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"Golpe", aliás, tem sido a palavra mais citada no Senado, ganhando de "impeachment" graças aos governistas que morderam a isca da oposição.

Para rebater as acusações de golpe passaram a repetir a palavra de forma exaustiva, usando-a para atacar os que os atacam, com alegações tais como "golpe é mentir nas eleições", "golpe é acabar com as estatais", "golpe é causar 12 milhões de desempregados", "golpe é destruir a Petrobrás" e outras baboseiras que não estão no gibi nem em nenhum tratado de política.

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Conseguiram com isso colocar a palavra golpe nos "trend topics" do Senado. Agora todo mundo fala em golpe, quem é contra e quem é a favor.

A palavra golpe é mais pronunciada que a palavra impeachment.

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A pérola do dia foi do tucano Cássio Cunha Lima. Numa demonstração de quanto ele e seus colegas de aventura estão confusos, desorientados e desequilibrados ele teve a pachorra de afirmar que o impeachment foi "um conluio entre Eduardo Cunha e Dilma", razão pela qual "somente duas acusações de 2015 foram arroladas".

Ou ele não sabe que a constituição obriga que as acusações se restrinjam ao mandato em vigor ou não dá bola para a constituição.

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