Golpe em três atos
O Golpe de Estado de 2016 teve como operador principal o Legislativo, contou com apoio fundamental de parcela da imprensa e a chancela do Poder Judiciário, no padrão dos golpes que aconteceram em Honduras e no Paraguai. O Golpe de 2016 atingirá o seu objetivo com a cassação do registro do PT
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Escrevi aqui no 247 sobre a metodologia do Golpe de 2016[1], depois sobre o encadeamento dos fatos que trouxeram o país ao Estado de Exceção[2] e, um ano antes do afastamento de Dilma Roussefff, denunciávamos que o golpe estava em marcha[3].
Feitos esses registros e referências passo a contar fato que merece ser compartilhado, para depois convidar o leitor a uma reflexão.
Em 2012 estive com Zé Dirceu pouco antes dele ser preso em razão da condenação na AP 470, o “mensalão”.
Conversar com Zé Dirceu sempre foi um privilégio, pois ele é brilhante e integralmente comprometido com o Brasil e com a democracia.
Lá pelas tantas perguntei a ele se ele pensava em pedir asilo político e, do exterior, denunciar o golpe que se anunciava.
Ele respondeu: “- Isso está fora de questão. A democracia e as instituições são fruto da nossa militância política.... Não posso negar a democracia pela qual eu lutei porque cometeu-se um erro ou uma injustiça. ”.
Sabemos que Zé Dirceu resistiu, apresentou recursos e submeteu-se à decisão judicial com resignação e dignidade, sem perder a altivez.
Mas nem Zé Dirceu em 2012 teve ou Lula em 2018 no TRF4 terá a um julgamento justo e imparcial.
Ambos estavam condenados antes mesmo de a denúncia ser recebida pelo poder judiciário.
Porque o que sempre esteve em marcha era um golpe em três atos.
O substantivo “Ato” no contexto teatral é uma das divisões ou unidades que compõem uma peça de teatro. O número de atos de uma produção pode variar de um para cinco, dependendo de como o autor estrutura a sua obra.
No cenário político do Golpe no primeiro ato ocorreu o afastamento de Dilma.
No segundo ato a criminalização da esquerda e de Lula, inabilitando-o a concorrer à presidência da república.
E um terceiro se anuncia, trata-se da cassação do registro do PT.
Tudo para que a agenda liberal, derrotada nas urnas, pudesse ser colocada em movimento novamente.
Dilma foi injustamente afastada em 2016, a esquerda está criminalizada, Lula condenado em primeira instância e às vésperas de ser inabilitado.
Os dois primeiros atos do golpe estão praticamente concluídos.
Por isso a situação hoje é muito diferente de 2012.
O Golpe de Estado de 2016 teve como operador principal o Legislativo, contou com apoio fundamental de parcela da imprensa e a chancela do Poder Judiciário, no padrão dos golpes que aconteceram em Honduras e no Paraguai[4].
O Golpe de 2016 atingirá o seu objetivo com a cassação do registro do PT.
Com o Golpe concluído a PETROBRÁS será fatiada e privatizada, em nome do saneamento da companhia, a ELTROBRÁS idem, o BANCO DO BRASIL e a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL seguirão o mesmo caminho.
Com a esquerda demonizada poucas vozes serão ouvidas contra o desmonte do Estado e com as grandes empresas de engenharia nacionais combalidas as companhias estrangeiras vão dominar o país e os aristocratas da burocracia jurisdicional poderão gozar os benefícios do american way of life, afinal a meritocracia terá vencido a democracia.
[1] https://www.brasil247.com/pt/colunistas/pedromaciel/221526/A-metodologia-do-golpe.htm
[2] https://www.brasil247.com/pt/colunistas/pedromaciel/261953/Da-judicializa%C3%A7%C3%A3o-da-pol%C3%ADtica-ao-estado-de-exce%C3%A7%C3%A3o.htm
[3] https://luizmuller.com/2015/07/18/um-golpe-de-estado-esta-em-marcha-e-a-cidadania-precisa-reagir-por-pedro-benedito-maciel-neto/
[4] https://www.brasil247.com/pt/colunistas/pedromaciel/227525/Honduras-Paraguai-e-Brasil-Qual-ser%C3%A1-o-pr%C3%B3ximo.htm
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