Golpe avança no Equador: Justiça confirma condenação de Rafael Correa e cassa quatro partidos que o apoiam

O intuito é favorecer uma fraude que mantenha a direita no poder para dar continuidade à política de Lenín Moreno, atual presidente extremamente impopular

Rafael Correa
Rafael Correa (Foto: AIZAR RALDES)


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Por Juca Simonard

A direita golpista aumenta o regime ditatorial e a repressão no Equador. A Justiça negou, nesta segunda-feira, 20, o recurso do ex-presidente Rafael Correa, confirmando sua condenação de oito anos no caso “Sobornos” por corrupção, informou o jornal El Comercio.  A defesa havia pedido o cancelamento da sentença, argumentando que não foi notificada na íntegra e nem a tempo, reforçando que o tribunal não comprovou adequadamente as evidências e as provas contra os acusados

No final de semana, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país decidiu suspender quatro organizações políticas, incluindo o partido Força de Compromisso Social (FCS), que apoiam o ex-presidente de esquerda, que foi presidente entre 2007 e 2017. 

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Também foram condenados o ex-vice-presidente de Correa, Jorge Glas, e empresários nacionais, em operação que se assemelha à Lava Jato brasileira. 

Glas já havia sido condenado por seis anos de prisão após desdobramentos de operações da força-tarefa brasileira em caso envolvendo a Odebrecht que a direita denominou de “Petrolão”. Desta forma, a confirmação da ligação entre a Lava Jato e o FBI deve ser lembrada para reforçar a ofensiva dos Estados Unidos contra empresas nacionais e os setores da esquerda latino-americana, uma vez que as operações da Lava Jato também atingiram dirigentes políticos de outros países.

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No julgamento que cassou quatro partidos que apoiam ou tem uma aproximação com a esquerda equatoriana - Podemos, Força de Compromisso Social, Liberdade é Povo e Justiça Social -, o CNE atendeu ao pedido da Controladoria Geral do Estado que apontou “irregularidades” nos processos de registro dessas formações políticas. Correa denunciou a perseguição política.

Essas organizações não poderão participar das eleições de 2021 caso a Justiça Eleitoral mantenha a linha. Da mesma forma, caso Correa, que está exilado na Bélgica, tenha a condenação mantida pelas outras instâncias, ele estará inapto a participar do pleito do ano que vem, em caso que se assemelha ao do ex-presidente Lula no Brasil.

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Assim como no Brasil, a direita aproveita-se do controle do aparato institucional para impor uma ditadura no Equador. Cassação de partidos, perseguição a lideranças de esquerda e de movimento sociais e assim por diante. O intuito é favorecer uma fraude que mantenha a direita no poder para dar continuidade à política de Lenín Moreno, atual presidente extremamente impopular. 

Naturalmente, diante de impopularidade de Morena, os tribunais estão movendo suas peças para impedir uma vitória da esquerda. Caso consigam, o governo do Equador será tão fraudulento e ilegítimo quanto o de Jair Bolsonaro.

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No ano passado, Moreno enfrentou intensas mobilizações contra sua política neoliberal, em protestos que duraram meses e levaram o governo a uma verdadeira crise, que teve de acionar os militares para reprimir milhões de manifestantes pelo país. 

A crise do governo de Moreno deve ser entendida, entretanto, como uma crise da política dos golpistas, do imperialismo e do neoliberalismo na América Latina. Ao mesmo tempo em que ocorria a crise no Equador, milhões saíram às ruas no Chile, contra a política de Sebastián Piñera, e na Bolívia, para tentar derrotar o golpe militar e fascista contra Evo Morales - ex-presidente que está exilado no México.

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Em todos os três países, os operários, camponeses, estudantes e integrantes de outras organizações populares, enfrentaram (inclusive com armas, como no caso da Bolívia) o Exército e milícias fascistas, promovidas por capachos dos Estados Unidos, como o boliviano Luis Fernando Camacho, líder da direita de Santa Cruz, região controlada pelos latifundiários, que promoveram uma política de linchamento e de assassinato de lideranças de esquerda.

No caso do Equador, o atual presidente surgiu de dentro do antigo partido de Correa, a Alianza País. Mas, elegendo-se como candidato da esquerda, deu um golpe no interior do partido e iniciou uma política de alinhamento político e econômico com os EUA, a favor da política neoliberal contra o povo e da perseguição de lideranças sociais do país. Foi ele que entregou o ativista cibernético Julian Assange - que revelou os crimes de guerra dos norte-americanos no Oriente Médio - para a polícia inglesa. 

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Assange estava exilado na embaixada do Equador em Londres durante o mandato de Rafael Correa, mas sofreu com o golpe “interno” ocorrido durante as eleições de 2017. Ele está preso em segurança máxima, com condições de saúde fragilizadas, há cerca de um ano, podendo ser extraditado para os EUA, onde poderá morrer na cadeia.

Recentemente, o Equador de Moreno tornou-se alvo da imprensa internacional diante da verdadeira crise ocorrida no país com a pandemia do coronavírus. Fotos de pessoas morrendo nas ruas, corpos empilhados em hospitais… uma situação caótica de calamidade pública e hecatombe sanitária. Enquanto isso, o governo juntava-se a Bolsonaro na política de negação da pandemia, mas também no favorecimento de um genocídio.

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De qualquer maneira, assim como os golpistas estão em crise no Brasil, o resto da direita também está no resto da América Latina, uma vez que além das políticas impopulares, todos os governos alinhados com o imperialismo promoveram um verdadeiro genocídio com a pandemia. 

É o momento de aumentar as mobilizações e expulsar todos os capachos entreguistas, fascistas e funcionários de banqueiros do continente! Fora Morena; Fora Bolsonaro; Fora Piñera; Fora Añez; Fora Guaidó; Fora toda a direita golpista; Fora o imperialismo da América Latina!

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