Golpe atualizou e fortaleceu contraposição entre direita e esquerda
"A direita promove um programa desastroso no governo e a esquerda se reagrupou na resistência ao governo golpista e neoliberal, unindo movimentos sociais, partidos, personalidades, forças culturais, todos juntos na oposição", afirma o colunista do 247, Emir Sader; "O golpe favorece a tomada de consciência de amplos setores da população em relação a quem representa o que, ao que a direita tem a propor ao país e o que a esquerda representa. A direita deu o golpe, quer novas eleições indiretas, a manutenção do pacote neoliberal do Meirelles. A esquerda luta por eleições diretas, pela retomada do modelo de desenvolvimento com distribuição de renda, pelo resgate da politica externa de soberania"
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Se dizia que não havia mais divisão entre direita e esquerda, que estava superada, que um dos problemas do Brasil seria o Fla x Flu entre PT e PSDB.
De repente a direita assalta o poder, destrói o que de melhor havia sido construído no pais neste século, incluída a própria democracia. E a esquerda volta para as ruas, defendendo o povo, a democracia e o Brasil. Nunca como agora a polarização entre direita e esquerda foi tão atual e tão acentuada. Inclusive com o papel do PSDB no governo golpista e do PT na oposição democrática.
A ideia da superação entre direita e esquerda surgiu com o fim da URSS e do então chamado campo socialista, quando se passou a pregar o fim das ideologias, o fim do Estado, o fim dos partidos, o fim da politica e até o fim da História. Era o necrológio com que a direita pretendia sepultar definitivamente a esquerda.
Mas o que veio depois foi na direção oposta. O fim da História trouxe mais guerras e profunda recessões econômicas. A resistência à hegemonia norteamericana no mundo produziu cada vez mais resistência. Surgiram governos antineoliberais, de esquerda. Países começaram a construir, pelos Brics, uma alternativa ao mundo construído à imagem e semelhança dos EUA.
Não somente a História não acabou, como aprofundou suas contradições, que reafirmou sem papel de motor da História. Divididos pelo neoliberalismo e pelas guerras, direita e esquerda voltaram a alinhar-se de forma cada vez mais aberta. Se forças como a social democracia se alinhou com a direita, surgiu uma nova esquerda, antineoliberal e pacifista.
No Brasil, o golpe reagrupou a direita, em todos os seus segmentos – parlamentar, midiático, empresarial – e, por meio do golpe, reafirmou que seu programa e’ a restauração do neoliberalismo, com todas as suas consequências antissociais, antipopulares, antidemocráticas e antinacionais. Eram esses os que diziam que nao havia mais divisão entre direita e esquerda, mas assumiram frontalmente o programa histórico da direita e golpearam centralmente as realizações do governo de esquerda.
Havia gente, alguns no campo popular, que se somavam a essa cantilena. A oposição PT/PSDB refletiu sempre, desde que os tucanos, com o FHC, assumiram o modelo neoliberal, a oposição entre direita e esquerda nos tempos atuais, a oposição entre o neoliberalismo e o antineoliberalismo.
Marina procurou, de forma oportunista, para nao se alinhar nessa polarização, pregar uma “terceira via”, de que ela seria a representante. Não somente ela nunca conseguiu propor um programa alternativo, como no segundo turno se somou ao Aécio, revelando, ela mesma, como haveria que se definir entre o PT e o PSDB e ela se definiu por este.
Outras forças insistem na necessidade da superação da polarização entre esses dois partidos, como se ela dificultasse o enfoque do reais dos problemas do país. Quando, ao contrário, ela reflete, no campo da política e dos partidos, a polarização a favor e contra o neoliberalismo – a polarização fundamental do período histórico atual, no plano nacional e internacional.
A direita promove um programa desastroso no governo e a esquerda se reagrupou na resistência ao governo golpista e neoliberal, unindo movimentos sociais, partidos, personalidades, forças culturais, todos juntos na oposição. Não há divisões significativas na esquerda, apenas nuances de diferença em alguns temas. Lula e o PT são parte essencial desse caudal de forças, como segmento fundamental da esquerda brasileira.
O golpe favorece a tomada de consciência de amplos setores da população em relação a quem representa o que, ao que a direita tem a propor ao país e o que a esquerda representa. A direita deu o golpe, quer novas eleições indiretas, a manutenção do pacote neoliberal do Meirelles. A esquerda luta por eleições diretas, pela retomada do modelo de desenvolvimento com distribuição de renda, pelo resgate da politica externa de soberania.
Nos momentos mais agudos da História, direita e esquerda reafirmam o seu perfil e de enfrentam diretamente, como nestes tempos no Brasil.
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