Göring ou Goebbels, o PSDB em foco
Para gáudio de todos, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) promoverá eleição para Presidente do Partido. Não se sabe se em torno de um Château Pétrus ou de algum renomado Grand Cru de Bourgogne. Mas, certamente, limitada à "massa cheirosa"
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Para gáudio de todos, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) promoverá eleição para Presidente do Partido. Não se sabe se em torno de um Château Pétrus ou de algum renomado Grand Cru de Bourgogne. Mas, certamente, limitada à “massa cheirosa”.
Fervem as profundas divergências entre as irreconciliáveis tendências em choque: de um lado os que querem um “programa radical de privatização” (do manifesto firmado por Bolivar Lamounier, Edmar Bacha, Elena Landau, Luiz Roberto Cunha e Pérsio Arida em favor de Tasso Jereissati, publicado no “Conversa Afiada”, de Paulo Henrique Amorim), de outro os que se contentam em privatizar o máximo possível, os seguidores de Aécio Neves, coerente, se isto é possível, com seu discurso de candidato, derrotado pelos eleitores, em 2014.
Vamos, do Manifesto pró Jereissati, entender o que é a privatização. No item da revisão dos gastos públicos, aprendemos que é entregar a gestão do Estado Brasileiro ao setor privado, não para qualquer um, mas para o resultado da licitação em que comparecerão as empresas de “capital estrangeiro”. Trocando em miúdos, alguma “Company” ou “Corporation”, legalmente (para evitar mandados de seguranças destes comunistas e esquerdistas), contratada (com o pagamento por nossos impostos) vão nos dizer o que fazer e como viver, para que elas atinjam seus maiores lucros. Ou as empresas estrangeiras são beneficentes, verdadeiras Madre Teresa de Calcutá e nós, ignorantes bugres, não sabíamos?
O que mais é “radical” neste programa? Lá está o manifesto para esclarecer. É acabar com todas as empresas em que o Estado Nacional Brasileiro possua participação acionária, tipo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás, aquela que descobriu e é a única a ter capacitação técnica para produzir, no interesse brasileiro, o petróleo do pré sal, nossa Arábia Saudita marítima), Banco do Brasil e outras que todos os brasileiros conhecem. Mas não para aí, é também acabar com a previdência social pública. Uma pausa para um caso pessoal.
Poderia escrever sobre a privatização da previdência realizada pelo corrupto carrasco chileno Augusto Pinochet. E vocês ficariam aterrorizados. Mas vou contar um diálogo com um vetusto senhor, em Ceský Krumlov, na República Tcheca. Ele aguardava uns turistas que visitavam o castelo medieval da cidade e eu descansava. Soube que era professor e, aos 80 anos, servia de guia por dominar alemão, francês, inglês e russo. Estava para se aposentar, após trabalhar como professor de ciências, quando o regime socialista foi extinto e o estado “privatizado”. Sua merecida aposentadoria voou e ele, idoso para continuar recebendo turmas de estudantes, usava seu conhecimento para levar estrangeiros a passeios por seu país. Aos privatistas, bastante trabalho até que o caixão os recolha.
Mas não param aí o radicalismo e o possível. Propõem que saúde e educação sejam privadas, isto é, nada de escola pública, universidade pública, nada de clínica de família, de Unidade de Pronto Atendimentos (UPA) ou hospital público. Seu salário em queda constante abrigará novos dispêndios, para a maior receita dos banqueiros e empresários, de preferência estrangeiros. Não é xenofobia, mas não entendo por que este interesse na participação (sic) de estrangeiros se empresas brasileiras são , no mínimo, tão capazes de realizar o mesmo trabalho.
Esta disputa por quem entrega mais é midiatizada para acostumar o povo com estes nomes e estas ideias. Há um ano da eleição isto é muito importante e “não viola a lei de propaganda eleitoral antecipada”, entenderam?
Para que Göring e seu sucessor Himmler criassem campos de extermínio e o holocausto, era preciso a intensa propaganda comandada por Goebbels. Relatando o período entre 1918 e 1923, na Alemanha, a professora Isabel Loureiro (A Revolução Alemã, UNESP, SP, 2017) descreve a “surpresa do povo” pela derrota alemã, na I Grande Guerra, graças às mentirosas informações dos jornais e noticiários oficiais sobre o desenvolvimento do conflito. E, ainda, deu margem para se criar a “famosa lenda da punhalada pelas costas“, imputando aos judeus e aos comunistas (todo e qualquer simpatizante de ideias esquerdistas) a “inacreditável” derrota do “bem preparado exército imperial alemão”. Um exemplo desta calhordice é o artigo de Paul Baecker, publicado em 10 de novembro de 1918, no Deutsche Zeitung, do qual transcrevo parte:
“Palavras não bastam para expressar a indignação e a dor. A obra pela qual nossos pais lutaram com seu precioso sangue – apagada pela traição de dentro das fileiras do próprio povo. A Alemanha, ainda ontem invicta, foi abandonada aos seus inimigos por homens que trazem o nome alemão; por felonia, foi demolida de dentro de suas próprias fileiras de forma criminosa, de forma vergonhosa! Os socialistas alemães sabiam que a paz estava a caminho e que apenas semanas, talvez dias seriam necessários para mostrar ao inimigo um front sólido, fechado, a fim de lhe arrancar condições toleráveis.”
Qualquer semelhança com os discursos antipopulares, antinacionalistas, e anti qualquer partido ou associação que lute pelo Brasil e pela soberania nacional, pela justiça social, pelos mais pobres e desvalidos não será mera coincidência. Assim como a mentira, lá descaradamente exposta sobre um exército em fuga, e aqui sobre quem são os verdadeiros assaltantes do Brasil.
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