Globo acusa blogueiros para apoiar Sardenberg e Merval

Optei por dar essa entrevista porque, em minha visão, prefiro debater com os adversários mesmo quando eles mais atacam do que debatem. Mesmo sabendo que não dariam espaço a tudo que falei, mesmo sabendo que distorceriam fatos



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A esta altura, o público da blogosfera já leu vários posts de outros blogs sobre entrevista que o jornal O Globo propôs aos blogueiros que entrevistaram o ex-presidente Lula na semana passada (8/4). À diferença de alguns de meus colegas, aceitei dar uma longa entrevista ao jornal.

As repórteres Bárbara Marcolini e Thais Lobo procuraram a blogueira Conceição Lemes e os seus colegas Altamiro Borges, Eduardo Guimarães, Fernando Brito, Kiko Nogueira, Marco Weissheimer, Miguel do Rosário, Renato Rovai, Rodrigo Vianna. Só eu, Rovai, Miguel e Kiko concordamos em falar. Os outros preferiram não dar entrevista ou publicaram as respostas em seus blogs.

Os amigos que não quiseram dar a entrevista previram o que este que aceitou constatou ser fato, mas que também sabia que aconteceria. A matéria teve o objetivo claro de desqualificar os blogueiros que entrevistaram Lula. Só que, à diferença do que O Globo fez em 2010, quando deu uma página inteira de sua edição impressa para nos desancar, desta vez o jornal pelo menos resolveu dar voz aos que, em verdade, são seus adversários políticos.

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Optei por dar essa entrevista porque, em minha visão, prefiro debater com os adversários mesmo quando eles mais atacam do que debatem. Mesmo sabendo que não dariam espaço a tudo que falei, mesmo sabendo que distorceriam fatos.

Por exemplo: a repórter de O Globo diz que a entrevista coletiva com Lula foi “definida por Eduardo Guimarães como uma conversa entre camaradas”. Não é verdade. Na transcrição da entrevista que publico abaixo – editada como a do Globo, porque é ainda mais longa do que figura aqui – fica claro que quem definiu a entrevista como “entre camaradas” foi a entrevistadora. Eu apenas disse que não me opunha à defição dela.

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Outro exemplo: a matéria de O Globo cita que este e outros blogs têm banners das prefeituras de Guarulhos e/ou de São Paulo para induzir o leitor a crer que por conta desses banners eu e meus colegas temos e divulgamos opiniões favoráveis ao PT, a Lula e ao governo Dilma, ainda que todos os blogs citados já tenham feito críticas a eles. Porém, a matéria oculta minha informação de que o banner está aqui há quinze dias e é o primeiro de algum órgão público que aparece por aqui em 9 anos de existência desta página.

Essa linha de ataque que tenta nos acusar de sermos subornados para dizer o que dizemos sobre política, porém, tem uma outra origem além do desconforto que as opiniões dos blogueiros e de Lula causaram na autoproclamada “grande imprensa”.

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O leitor irá notar que a repórter que me entrevistou levanta o assunto da acusação que os jornalistas Carlos Alberto Sardemberg e Merval Pereira fizeram na CBN aos blogueiros que entrevistaram Lula, justamente a acusação de que somos “financiados por órgãos públicos”, insinuando, escancaradamente, que é por isso que pensamos como pensamos.

A repórter chega a debater sobre esse e outros com este que escreve tentando fazer prevalecer a teoria de que não houve acusação dos dois comentaristas da CBN, acusação que o jornal tenta comprovar com a matéria que publicou em seu caderno digital Globo A Mais, acessível só por assinantes de O Globo.

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A pergunta específica da repórter sobre a calúnia dos dois colegas aos blogueiros e o tom acusatório da matéria por conta de publicidade oficial permite a este que escreve inferir, tanto quanto inferiu sobre várias coisas O Globo, que este a fez a matéria sobre blogueiros para referendar a acusação de Sardemberg e Merval, entre outras razões.

Enfim, caberá ao leitor decidir o que pensa. Abaixo, a transcrição da maior parte da entrevista, com muitos trechos omitidos pela edição, trechos que se contrapõem à acusação não tão velada que o jornal O Globo fez a mim e aos meus colegas blogueiros. E para não imitar o Globo, este Blog publica, também, a sua matéria em questão.

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Primeiro, a transcrição da gravação que fiz da entrevista que dei à repórter Bárbara Marcolini. É uma leitura longa, foram 56 minutos de conversa, gastei horas para transcrever, mas garanto que valerá a pena. Em seguida, a matéria de o Globo, intitulada “A entrevista dos camaradas”.

Boa leitura.

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—–

Eduardo – Então, Bárbara…

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O Globo – Você está falando no “viva voz”?

Eduardo Guimarães –  É, porque fica mais prático, para mim, porque estou falando e escrevendo.

O Globo – Ah, então está legal. Eu queria que você falasse um pouquinho, primeiro, de você. Eu li no seu blog que você fala que é comerciante…

Eduardo Guimarães –  É, na verdade eu sou representante comercial…

O Globo – Ah, é? Qual é a sua área de atuação, qual é o meio que você trabalha?

Eduardo Guimarães –  Eu trabalho com indústrias brasileiras, eu represento indústrias brasileiras na América Latina e na África. Então eu viajo a Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Venezuela… Já estive acho que umas vinte vezes em cada país, já estive em Angola, na África do Sul, em Moçambique… Eu sou comissionado e, na verdade, também implanto departamentos de exportação em pequenas empresas, gente que quer exportar e não sabe como e, assim, abro mercado e faço, também, a parte comercial. São contratos com prazo determinado. Eu vivo disso.

O Globo – Que indústrias são? Que tipo de indústria?

Eduardo Guimarães –  Tem vários materiais, mas, aí, eu prefiro não misturar as empresas para as quais eu trabalho com o meu trabalho como blogueiro.

O Globo – Mas só me explica qual é a matéria-prima, alguma coisa assim, para eu ter uma noção melhor…

Eduardo Guimarães –  Ramo de construção de estradas, também partes para produtos agrícolas…

O Globo – E há quanto tempo você tem o blog?

Eduardo Guimarães –  O blog foi fundado em fevereiro de 2005 no UOL e, em maio de 2010, passei a ter o meu domínio próprio, que é oblogdacidadania.com.br.

[...]

O Globo – Eu li um pouco sobre você, parece que você começou escrevendo cartas para as seções de cartas de leitores dos jornais.

Eduardo Guimarães - Sim, em 1992, mais ou menos.

Eu leio jornais desde os 13 anos; imagine que eu tenho 55. E digo a você que dos 13 anos até hoje deve ter tido algum dia que não li jornal, mas não me lembro qual foi esse dia nem quantos dias foram, mas, seguramente, é um número infinitesimal de dias.

A partir de 92 ou 93… Eu lia muito o Estadão, que era um hábito de família, e comecei a escrever cartas com as minhas opiniões e aí, um belo dia, publicaram e eu disse, “Nossa, eu tenho condição de, sei lá, participar do debate público”.

Aí comecei a escrever muito, para o Estadão. Na Eleição de 2000, que a Marta disputou com o Maluf, cheguei a ter, no Estadão, carta minha publicada quase todo dia…

O Globo – É mesmo?

Eduardo Guimarães –  É que, naquele ano, acho que pela primeira vez na história o Estadão ficou a favor do PT. Porque [o adversário de Marta] era o Maluf, que tinha destruído São Paulo. O Estadão apoiou o Maluf contra a Erundina, mas aí acabou com São Paulo e o Estadão ficou a favor da Marta. Foi um negócio muito doido…

O Globo – E você sempre foi mais voltado para o PT?

Eduardo Guimarães –  Em 1989, no primeiro turno, votei no Mário Covas porque eu achava o PT muito radical; fiquei muito irritado com o PT por não ter assinado a Constituição de 88. Aquilo me irritou profundamente porque o Brasil precisava evoluir daquele período autoritário e, aí, o PT vai lá e não assina a Constituição…

Achava o PT muito radical. Aquela voz do Lula, também achava o Lula muito radical. Aí o Covas não passou para o segundo turno, passaram Lula e Collor e, aí, vou ser bem sincero com você: para mim o Collor tinha o que ele era escrito na testa. Aí eu falei: não tem jeito, é o Lula. E aí começou aquela baixaria em cima dele, colocaram a filha dele [na TV]…

Fiquei ao lado do PT de uma forma que foi… Eu sempre achei que as coisas que são feitas contra o PT e contra o Lula sempre foram de um nível muito errado, muito baixo, muito desleal dos adversários. Por exemplo, a ficha falsa da Dilma, que foi publicada na Folha de São Paulo. A Folha de São Paulo abriu espaço para um sujeito acusar o Lula de ter tentado estuprar um garoto na cela [do DOPS, em que ficou preso durante a ditadura]. Uma coisa sem comprovação, nem nada…

A gente sabe que a Míriam [Cordeiro], a ex-namorada do Lula, mãe da Lurian, foi sustentada pelo Collor por anos. Foi para a TV e mentia sobre o relacionamento, a mulher foi comprada pelo Collor. E a mídia fez um trabalho, na cobertura daquela eleição, muito ruim.

A partir dos anos seguintes eu fiquei bastante contrariado, cada vez mais contrariado, até que comecei a escrever para jornal, sempre nessa linha, mas sempre de forma autônoma, nunca me filiei ao PT, nunca me aproximei do PT de maneira nenhuma. Mas, em 2005, eu já escrevia no Observatório da Imprensa críticas à mídia. E aí começou o escândalo do mensalão.

Eu estava até fora do Brasil e vi o tom do noticiário e falei: “eu acho que esse noticiário está muito enviesado. Tudo bem, tem uma denúncia, aí. Vamos apurar. Mas pelo que estou lendo, aqui, já há uma condenação. Eu quero ver apuração de tudo isso”.

Eu escrevia, naquele tempo, como leitor, para a Folha, para o Estadão. Para O Globo não escrevia. Não me lembro de que escrevesse para o Globo…  Mais para os jornais de São Paulo.

Só que, ali, senti que a minha opinião, criticando a postura dos jornais, não foi aceita e pararam de publicar minhas cartas. Aí comecei a fazer o trabalho no Blog.

O Globo – Como é que surgiu o Movimento dos Sem Mídia?

Eduardo Guimarães – O Movimento dos Sem Mídia surgiu em 2007. O ministro Ricardo Lewandowski estava em Brasília e tinha uma repórter da Folha, cujo nome me escapa, e essa repórter flagrou Lewandowski falando ao telefone, dizendo que o STF tinha aceitado o indiciamento do Dirceu com a faca no pescoço colocada pela mídia.

Nesse momento, escrevi um post – meu blog ainda estava no UOL – dizendo o seguinte: “isso é muito grave porque, se a Justiça brasileira pode ser pressionada pela mídia a condenar, isso é uma ameaça a qualquer um de nós.

Meu blog era muito pequeno, à época. Tinha bem menos leitores. A gente cogitou fazer uma vaquinha para colocar uma matéria paga nos jornais – isso, eu com os meus leitores, os comentaristas; a gente conversava, eu conversava com os comentaristas. Mas concluímos que não ia adiantar, poderiam não aceitar [a matéria paga].

Eu falei: “quer saber de uma coisa? Eu vou pegar um megafone e vou lá na frente da Folha e vou falar. Eu estava muito preocupado com a Justiça. Isso saiu na Folha de São Paulo: um ministro do Supremo dizendo que a Suprema Corte de Justiça do país foi coagida a tomar uma decisão que a imprensa queria (?).

É assustador. Acho que deveria assustar qualquer cidadão. Então, nesse momento, escrevo no Blog que vou comprar um megafone e vou para a frente de um jornal qualquer – e aí acabamos escolhendo a Folha – para dizer aquilo que não é possível dizer como leitor, porque, naquele período – 2007, quando havia um clima político conturbado –, estava difícil conseguir espaço como leitor, escrevendo para jornal, e você não via matérias da mídia que divergissem de uma linha anti-Lula, anti-PT.

Eu sempre brincava no Blog dizendo o seguinte: que pessoas que tinham opiniões como a minha eram pessoas como os sem-terra, eram pessoas sem-mídia. Ai eu falei: “um dia vou fundar um movimento dos sem-mídia, um movimento análogo ao dos sem-terra, o movimento dos sem-mídia”.

Nós nos encontramos na frente da Folha. Gente que eu não conhecia. Apareceram mais de 200 pessoas. E fizemos um ato diante da Folha. 15 de setembro de 2007. Escrevi um manifesto, publiquei no Blog e li ao megafone diante da Folha. Aquele monte de gente… Fomos para a Praça Princesa Isabel, ali perto da Barão de Limeira, fizemos uma reunião e falamos: “vamos fundar um movimento dos sem-mídia”.

Fundamos uma ONG, mas acabamos fundando a ONG só em cartório, não tem CNPJ, tem no Estatuto que não aceita dinheiro público, nunca bati na porta de lugar nenhum [pedindo dinheiro]. Não tem nem sede, não tem verba.

O Globo – – Eu gostaria de entender. Eu fiz uma pesquisa na internet e encontrei um site que não tinha muita coisa. Eu queria entender um pouquinho como é a atuação desse movimento.

Eduardo Guimarães –  Na verdade é um movimento meio virtual, porque não tem uma organização, não tem nada. As pessoas enviaram fichas de filiação, mas eu nunca constituí uma figura jurídica. As pessoas entram no Blog, comentam…

Fiz várias representações ao Ministério Público em nome do Movimento dos Sem Mídia e em meu nome. Por exemplo, naquele caso da febre amarela, de 2008, quando estava saindo na mídia que haveria risco de ter uma epidemia de febre amarela urbana no Brasil, que era uma coisa que não acontecia havia sessenta anos.

Veja bem: até janeiro de janeiro de 2008, morreram 10 pessoas no Brasil por reação adversa à vacina da febre amarela. Pessoas que tomaram a vacina, a vacina fez mal e as pessoas morreram.

Você sabe quantas pessoas morreram no Brasil em 2008 por reação adversa à vacina? Mais dez. Exatamente em um mês, dobrou [o número de] mortes por reação adversa à vacina ocorrido desde que a vacina foi inventada.

Por que aconteceu isso? Devido ao alarmismo da mídia. Teve uma colunista de jornal que escreveu: “Vá se vacinar antes que seja tarde. O Lula está dizendo que não tem epidemia, mas o Lula está protegido e você não está”.

Teve muita gente que entrou três vezes na fila da vacina e você sabe como é efeito de vacina: você inocula um vírus enfraquecido da doença para que o seu organismo crie anticorpos. Só que se você toma três doses de vacina você contrai febre amarela. Essas pessoas [que se sobre vacinaram] entraram em choque anafilático.

Ao fim de janeiro de 2008, havia mais gente doente por reação adversa à vacina do que por febre amarela. Aí, eu fiz essa representação ao Ministério Público Federal, ela foi aceita com base em um artigo da Lei de Imprensa [vigente à época], crime de alarma social. E esse processo foi rolando, o Ministério Público pediu informações ao Ministério da Saúde, mas, como se tornou uma tônica nos governos do PT, sempre houve muito medo de comprar briga e o Ministério da Saúde ficou sentado em cima até que caiu a Lei de Imprensa e o negócio acabou arquivado, não deu em nada.

Morreram dez pessoas, mas conheço duas que morreram por tomar a vacina sem pretender viajar a regiões de risco.

Houve outras [representações]. Por exemplo: na eleição de 2010, o Datafolha começou a acusar o instituto Sensus de fraudar a pesquisa [de intenção de voto] em favor da Dilma. Do outro lado, acusavam o Datafolha de fraudar a pesquisa em favor do Serra. O que fiz foi uma representação à Procuradora Geral Eleitoral dizendo o seguinte: “como está na lei eleitoral  que falsificar pesquisas é crime, então investigue-se todo mundo – Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi”.

Mandei [a representação] para a doutora Sandra Cureau e ela determinou a abertura de investigação na Polícia Federal. Depois de um ano e pouco, acho que quase dois anos, a Polícia Federal me chamou [e disse]: “olha, nós estamos com isso aqui, mas a gente não sabe o que fazer”. E [a investigação] acabou arquivada.

Eu criei o Blog da Cidadania porque [...] o cidadão tem o seu poder. Tem os seus direitos, tem as suas prerrogativas, além dos seus deveres. E uma herança da ditadura militar é a de que nós, brasileiros, sempre achamos que é perigoso falar, você pode se ferrar. [Isso acontece] porque nós passamos vinte anos em um país em que você não podia falar o que pensava.

Noto que, até hoje, continua. Muita, muita gente tem medo de dizer o que pensa. Muita gente… Então, criei esse Blog para mostrar às pessoas que isso não está certo, que a gente tem que dizer [o que pensa], tem que participar…

Há uma única coisa que eu não faço –  e não porque eu recomende aos outros que não façam, mas digo que não faço porque não serve para mim. Eu não me filio a partido político porque, realmente, acho que não serve para mim. O político precisa ser uma pessoa que tenha um certo jogo de cintura e eu sou um cara que falo muito o que penso, então acho que não seria um bom político. Iria dar uma de Ciro Gomes e iria falar demais.

O Globo – Voltando, um pouquinho, à entrevista coletiva do Lula. O que você achou dos blogueiros que foram convidados para participar da entrevista?

Eduardo Guimarães – Na verdade, foram convidados – acho que – mais uns três blogueiros. Uma é a Conceição Oliveira, uma professora de História da USP, que estava adoentada. E teve mais duas pessoas que não me lembro quais são, que não puderam comparecer.

Os outros que estavam lá são pessoas que conheci nesses anos todos e que são excelentes pessoas. Alguns eu conheço mais, outros eu conheço menos.

A Conceição Lemes é uma grande jornalista, uma repórter fantástica, com quem fiz uma amizade muito boa.

O Miro, o Altamiro Borges, é um grande cara, uma pessoa séria, um grande jornalista. Gosto muito dele.

O Fernando Brito eu conheço pouco, mas a gente sabe que ele assessorou o Brizola. É um sujeito que tem um valor inegável.

Miguel do Rosário também não conheço tanto, mas conheço há muito tempo. Não proximamente, porque ele é do Rio, mas é um rapaz que escreve muito bem, tem um texto maravilhoso.

O Marco Weissheimer, lá do Sul 21, pouco conheço, mas gosto muito, leio o Marco, acho muito competente.

Quem mais?

O Rodrigo Vianna é um amigo, fizemos uma grande amizade.

O Renato Rovai também é um amigo.

Enfim, acho que estavam muito bem representados os blogueiros, ali. Evidentemente que não dá para fazer uma entrevista com 30, 40 blogueiros, então eles escolheram aqueles que têm um pouco mais de visibilidade.

No meu caso, não sou jornalista, não sou nada, sou só um representante comercial [...] Acontece que sou um apaixonado pelo idioma e aprendi a escrever direitinho. Lógico que [meu texto] não é perfeito, mas gente que entende do traçado diz que meu texto é razoável e acho que talvez por isso e pela visão que adquiri da política, porque passei a minha vida me interessando por política [...] Não só por política, mas, também, por economia e história.

Talvez por isso eu tenha conseguido fazer meu Blog ganhar alguma visibilidade.  Mas muitas vezes quando me vejo em meio a jornalistas tarimbados, pergunto-me: “nossa, que estou fazendo aqui? O que estou fazendo aqui entrevistando Lula?”. E foi a segunda vez, porque o entrevistei também em 2010.

Mas eu não sou a melhor pessoa para dizer por que eu fui escolhido…

O Globo – Isso é o que eu ia lhe perguntar: por que você acha que foi escolhido?

Eduardo Guimarães – Evidentemente que o Lula deu uma entrevista para pessoas que o apoiam. Eu nunca neguei que apoio o Lula. Eu não escondo minhas preferências políticas. Apoio o Lula desde 1989.

Vou ser bem sincero com você: já vi edições do programa Roda Viva idênticas à entrevista que fizemos com o Lula. Posso conseguir para você entrevista com José Serra no Roda Viva idêntica à que foi feita com o Lula – o clima de camaradagem, sem perguntas incômodas, inclusive com os entrevistadores batendo nos adversários [de Lula]. Isso é público, está na internet.

O Globo – Você admite, então, que a entrevista foi entre camaradas?

Eduardo Guimarães – Mas isso é óbvio. Nenhum de nós está negando que foi uma entrevista entre camaradas porque, na verdade, nós fomos perscrutar a opinião do Lula sobre temas que interessam ao nosso ao nosso público. Ninguém teve a pretensão de ser isento porque eu sempre digo que não existe jornalista isento, existe jornalista mentiroso.

Ninguém é isento. Eu espero que esta minha sugestão figure no material [que O Globo iria publicar]: se você pegar um programa que está em uma tevê pública como o Roda Viva, de entrevistas como de um Fernando Henrique Cardoso, de um José Serra, você não vai achar diferença alguma da entrevista que nós fizemos com o Lula.

Qual é a diferença? Primeiro, não foi em uma concessão pública que a entrevista aos blogueiros foi dada. Segunda diferença: os “camaradas”, como você disse, eles assumem que são camaradas. Eu nunca me disse isento [...] Escrevo isso todo dia no meu Blog. Como é que algum de nós teria a desonestidade intelectual de nos dizermos isentos, de não termos opinião política?

Primeiro porque isso não existe e segundo porque é claro, nós defendemos um projeto político, eu falo para os meus leitores, eu não sou jornalista, eu sou um cidadão comum que estou exercendo o meu direito de opinar e de difundir a minha opinião.

Isso é jornalismo? Eu uso uma linguagem jornalística. Isso, estou falando [sobre] o meu caso. Os outros são jornalistas, mas eles têm posicionamento político assim como O Globo tem posicionamento político, o SBT, a Folha, o Estadão…

Aliás, o Estadão tem um posicionamento político claro. Inclusive, nas últimas campanhas eleitorais ele tem declarado seu voto.

O Globo – Agora, como é que, na sua opinião, fica a imagem da mídia alternativa? Ela tenta construir a imagem de ser uma mídia plural, que abrange todos os assuntos, que dá margem a todas as opiniões… Como é que fica a imagem da mídia alternativa quando um evento como uma entrevista coletiva do Lula tem como entrevistadores apenas blogueiros, como você mesmo disse, que são favoráveis ao Lula?

[...]

Eduardo Guimarães – Não é mídia alternativa, porque nós estamos fazendo uma confusão, aí. Você tem um grupo de blogueiros que integram a mídia alternativa, mas a mídia alternativa eu não vejo ela se dizendo apartidária. Todos os veículos mais importantes da mídia alternativa, eles se dizem de esquerda.

Sobre a pluralidade, é o seguinte: eu, por exemplo, entrevistaria o José Serra, se ele me desse entrevista.

Agora, eu pergunto a você: é melhor uma mídia que assume as suas preferências políticas e informa o leitor que apoia o Lula do que…

O Globo – A mídia alternativa, então, se restringe a blogs de esquerda?

Eduardo Guimarães – Não… Você pergunta se a mídia alternativa se restringe a blogs de esquerda?

O Globo – É isso que você está me dizendo…

Eduardo Guimarães – Não, eu não disse isso a você. Eu disse que a mídia alternativa é muito mais ampla. Agora, quem foi entrevistar o Lula foram blogs de esquerda. Mas você tem mais coisas na mídia alternativa. Você tem, inclusive, na mídia alternativa, sites que são contra o PT, mas que são de esquerda.

Por exemplo: veículos ligados ao PSOL. Eles são oposição ao PT. Acho que é “Correio do Brasil”… Tem um site que é do Plínio de Arruda Sampaio que bate no PT direto. Você tem os sites, as revistas que têm críticas ao governo Dilma, têm críticas ao Lula, têm críticas ao PT, na mídia alternativa, e têm críticas à mídia tradicional.

Agora, eu desafio o jornal O Globo a nós compararmos duas entrevistas: uma, de um expoente do PSDB – um José Serra, um Fernando Henrique – ao Roda Viva e outra, a entrevista com o Lula [aos blogueiros] e vamos ver se essa dureza jornalística que se prega que seja usada contra o PT é usada, também, contra o PSDB…

O Globo – Não é dureza jornalística. Eu estou só lhe questionando sobre esse papel da mídia alternativa, que deveria ser um lugar onde todos têm voz e, aí, em um evento como uma entrevista com o Lula, só os blogs de esquerda participam. Cadê, justamente, essa pluralidade da mídia [alternativa]? Eu queria saber isso, porque é uma coisa que todo mundo ficou se questionando.

Eduardo Guimarães – Mas, agora, eu lhe pergunto. Agora, quem ficou curioso fui eu. Quando foi que programas da grande mídia, programas das tevês, convidaram blogueiros de esquerda para entrevistar alguém?

O Globo – Não, não estou falando de programas de TV. A gente está falando da entrevista do Lula especificamente…

Eduardo Guimarães – Mas, aí, nós vamos ficar naquela mesma situação da CPI da Petrobrás, se vai investigar o metrô ou não vai investigar o metrô. Então, quer dizer, eu quero falar é do seu escândalo, não quero falar do meu. É muito conveniente….

O Globo – É por que a minha matéria é sobre entrevista do Lula. Não tem nada a ver com Roda Viva, não tem que ficar falando sobre isso. Mas vamos voltar…

Eduardo Guimarães – Ué, mas eu estou lhe dando uma resposta. Você me perguntou como é que fica a mídia alternativa diante de uma falta de pluralidade na entrevista. Eu falo: a mídia alternativa como a mídia tradicional. Só que com o diferencial de que nós não estamos fazendo essa entrevista em uma concessão pública e não escondemos as nossas preferências, que é muito mais honesto.

Então, o público, o leitor, o espectador, ganha com a mídia alternativa em honestidade porque não estamos nos dizendo isentos, nós não estamos mentindo para o público dizendo que somos isentos…

É isso.

O Globo – Qual foi, na sua opinião, o ponto mais relevante da entrevista, o que lhe chamou mais a atenção?

Eduardo Guimarães – Olha, acho que o mais importante da entrevista – e que teve maior repercussão – foi o Lula dar uma visão ao PT e ao governo de que é preciso travar o debate político. Não dá para o PT ficar calado, encurralado, porque isso tem efeitos eleitorais e nós estamos em ano eleitoral.

Está se tentando, em ano eleitoral, investigar escândalos, denúncias contra A e não investigar contra B. Ou, pelo menos, publicizar investigações contra A e ocultar contra B. Então, o que Lula disse de mais importante na entrevista acho que foi o recado ao PT, à própria Petrobrás e ao próprio governo de que é preciso travar o debate político. Não é ataque, não é impedir CPI, até porque, neste governo teve muito mais investigação do que no governo do PSDB. Se você for ver no meu blog, publiquei uma matéria no domingo mostrando como o PSDB enterrou a CPI da corrupção em 2001. Dito, inclusive, pela grande mídia, que ele fez isso.

O PSDB nunca deixou investigar nada. Manteve, por oito anos, o mesmo procurador-geral da República. Com o PT, os procuradores-gerais da República indicados pelo Lula e pela Dilma foram duríssimos com o PT. O escândalo do mensalão é produto da absoluta liberdade que têm para investigar a Polícia Federal, o Ministério Público na era PT.

Acho que foi muito importante e, inclusive, não vejo, aí, a pretensão do Lula de tutelar a presidente de maneira nenhuma porque, se ele a tutelasse, ela não teria seguido caminhos diferentes. Qual foi o caminho diferente? Por exemplo, a Dilma nunca abriu o Palácio a uma entrevista de blogueiros. Ela manteve uma distância total dos blogueiros, da mídia alternativa.

Pelo contrário, a primeira coisa que a Dilma fez, quando assumiu, foi ir à festa da Folha de São Paulo – festa de 90 anos da Folha de São Paulo –, em seguida ela foi fazer um omelete na Ana Maria Braga e nunca teve essa aproximação, qualquer aproximação, com aquilo que você chama de mídia alternativa…

O Globo – Você se ressente um pouco disso?

Eduardo Guimarães – Não!

O Globo – A Dilma não poderia dar…

Eduardo Guimarães – Não!

O Globo – Dar uma atenção maior, um status maior para essa turma de blogueiros que apoia o governo dela?

Eduardo Guimarães – Não. Eu já lhe digo não. Eu acho que a Dilma tentou um caminho. Qual foi o caminho que ela tentou? Na minha visão, ela achava que aquelas dificuldades do Lula com a mídia, que permearam o seu governo, foram decorrentes – e isso é uma expressão minha –, eu acho que ela via aquilo como uma briga de machos. Picuinha. Uma coisa que não precisaria existir e que, se ela não entrasse pelo mesmo caminho, teria uma relação mais tranquila com a mídia e, na verdade, não foi isso que aconteceu. Basta a gente ligar [a TV] no Jornal Nacional e ver que só se fala da Petrobrás enquanto você tem um escândalo, aqui em São Paulo, com muito mais provas, que já está em estado adiantado de investigação, que envolve políticos.

Por exemplo: responsabilizam a Dilma pela compra da refinaria de Pasadena, mas eu nunca vi responsabilizarem, na grande mídia, o Geraldo Alckmin e o José Serra – com o mesmo ímpeto – pelo cartel que teve no metrô. E dificilmente, raramente, aparece o nome de um político. E nunca foi atribuído [nada aos tucanos] diretamente.

Você sabe que o José Serra foi denunciado por um procurador do Ministério Público Estadual [de São Paulo], um tal de Milani, e disso só saiu uma matéria pequenininha no Estadão. Se ele fosse do PT, saía no Jornal Nacional.

Esse procurador acabou entregando a denúncia contra o Serra ao procurador-geral do Estado e eu não sei que fim levou isso. Parece que foi engavetado, também. Porque esse procurador-geral do Estado foi o segundo da listra tríplice [que o MP faz e envia ao governador para que escolha novos procuradores-gerais do Estado], escolhido pelo Alckmin, e não levou para frente.

Mas você imagina se o Lula fosse indiciado ou fosse denunciado… Aliás, ele foi denunciado por procuradores [do MP] e isso saiu no Jornal Nacional, saiu em tudo quanto é lugar. O mesmo aconteceu com o Serra e não saiu em lugar nenhum. Saiu uma matéria pequenininha só no Estadão.

O que acontece com a Dilma é que acho que ela tentou um caminho, talvez por inexperiência.

Eu não me ressinto, não.

[...]

Leitores perguntam: por que a Dilma não corta as verbas da Globo? Eu falo: porque a Dilma não é dona do dinheiro [das verbas de publicidade]. Os recursos públicos têm que ser usados da melhor forma. A verba de publicidade tem que ser usada da forma mais eficiente. Como é que você vai deixar de anunciar na Globo? O dinheiro não é do PT, o dinheiro é do povo.

Eu acho que a Dilma tentou um caminho mais republicano possível, uma melhor relação [com a mídia] possível. Ela mantém essa relação, porque ela deixa de responder muita coisa. Só que eu acho que é um equívoco político dela, mas é um direito dela. Não há por que se ressentir de maneira nenhuma.

Até porque, a nossa repercussão [dos blogueiros], diante da grande mídia, é pequena. Mas, evidentemente, como eu sempre digo: há meio século, foi dado um golpe de Estado no Brasil porque só os grandes jornais falavam, só falava O Globo, só falava o Estadão, só falava a Folha da Manhã.

Hoje, esse golpe não aconteceria da mesma forma porque você tem uma mídia que faz aquele trabalho de formiguinha, mas que vai se espalhando. Por que é que toda ditadura, quando se instala, trata de silenciar a imprensa, ela trata de silenciar qualquer voz dissonante? Porque a informação, a palavra, ela é como – e é uma má imagem – uma infecção que se alastra.

Se você deixar surgir algum contraditório, em algum lugar, se não sufocar esse contraditório ele vai crescer. E é o que tem acontecido. Você veja que vira e mexe se vê colunistas de grandes jornais atacar blogs que ninguém sabe quem são.

Sempre fica aquela coisa de que são pagos pelo governo, são pagos pelo governo, são pagos pelo governo… Eu nunca recebi dinheiro nenhum do governo.

O Globo – Voltando aos colunistas, você fala daquele áudio do Sardemberg com o Merval, né?

Eduardo Guimarães – É.

O Globo – Ele fala que “muitos daqueles ali são pagos pelo governo”, mas, em nenhum momento, ele cita nenhum blogueiro. Por que você se ofendeu tanto?

Eduardo Guimarães – Vamos supor que duas repórteres estejam fazendo matéria sobre a entrevista do Lula: a Bárbara e a Thaís. Aí eu digo: aquelas repórteres que estão fazendo a matéria sobre a entrevista do Lula são pagas pelo José Serra ou pelo Alckmin. Eu não preciso citar a Bárbara ou a Thaís. Ao falar “aquelas repórteres que estão fazendo aquela matéria”, estou levantando suspeita sobre as duas. O Sardemberg disse: “Aqueles blogueiros são financiados com dinheiro de órgãos públicos”…

O Globo – Ele disse “alguns deles”…

Eduardo Guimarães – Não, o Sardemberg não falou “alguns”. Quem falou alguns foi o Merval. Disse assim: “Alguns são pagos, outros são militantes mesmo. Tem de tudo, ali”.  Ele disse…

O Globo – É um grupo bem maior do que só eu e a Thaís. Vocês eram nove.

Eduardo Guimarães – Mas não importa. São nove pessoas. Se você não disser quem são as pessoas é pior ainda, porque você levanta dúvida sobre todo mundo. Era melhor que ele dissesse: “Olha, o Eduardo Guimarães é pago para dizer o que ele diz”.

Eu tenho esse Blog há nove anos. Quinze dias atrás a Prefeitura de Guarulhos me procurou e pediu para colocar um banner no meu Blog. Esse banner está lá há quinze dias. Foi a primeira vez em nove anos que aconteceu [de um órgão público pôr um banner no Blog].

[...]

Então eu vejo um jornal, acho que “O Povo”, colocar uma matéria dizendo assim: “Ah, você veja, eles têm banner da Prefeitura de Guarulhos. Porque a Prefeitura de Guarulhos é do PT, então ele já faz o link de que como a Prefeitura de Guarulhos é do PT já veio uma ordem de Brasília para a Prefeitura anunciar no meu Blog, sendo que eu digo a mesma coisa há nove anos…

O Globo – A Prefeitura de Guarulhos paga alguma coisa por esse anúncio? Paga. Vai pagar, não pagou ainda.

Todo mundo sabe que isso é pago. Eles me ofereceram a publicidade e eu aceitei. Agora, o meu blog foi fundado em 2005. Nunca teve publicidade oficial. Teve agora e não sei se vai continuar. Tomara que continue, porque se eles estão me propondo acho que deve ser legal.

O Globo – Agora, o seu Blog não é a sua fonte de renda?

Eduardo Guimarães – Não, o meu Blog não me dá dinheiro. Alguns leitores contribuem, dão 20 reais, dão 30 reais, dão 50 reais. Você vê que eu não tenho nem publicidade do Google. Eu não vivo do Blog. Não dá para viver do Blog. Eu nem jornalista sou. Pelo contrário, estou gastando com o Blog. Tenho dois servidores dedicados [para mantê-lo no ar] e aquilo custa bem carinho, mas os leitores ajudam.

Só que não cobre [as despesas].  Outro dia fiz uma entrevista com o presidente do sindicato dos médicos do Ceará, que comandou aquele ataque aos médicos cubanos. Eu liguei no celular do cara, lá no Ceará. Fiquei quarenta minutos com ele no telefone. Do meu telefone fixo para o celular dele. Vem uma baita conta. É lógico que não faço isso todo mês, senão estou lascado.

[...]

Será que essa matéria é para dizer que o Lula nos paga para a gente dizer que a gente é pago para falar o que a gente fala dele? É por aí?

O Globo – Olha…

Eduardo Guimarães – Precisa achar esse link? Não dá para se admitir que um cidadão tenha um ponto de vista e honestamente ele defenda aquele ponto de vista de frente, de peito aberto, exercendo a sua cidadania?!

O Globo – Eduardo, em momento algum eu disse que estou procurando qualquer ligação sua com qualquer pessoa. Estou querendo somente saber quem é você, como é o seu trabalho, como você começou a atuar como blogueiro…

Eduardo Guimarães – Não tem problema, Bárbara.

[...]

—–

Perguntas por escrito

Ao fim da entrevista gravada, a repórter enviou-me três perguntas por escrito que respondi, mas que não aparecem na matéria que ela me enviou por e-mail.

O GLOBO - Por que você acha que foi escolhido para a entrevista?

RESPOSTA: Seguramente não foi pela minha opinião política, porque há centenas de blogueiros com opinião igual. Acho que os que fizeram a escolha procuraram escolher os blogs nos quais a repercussão seria mais efetiva.

O GLOBO - O que você acha do movimento Volta Lula? 

RESPOSTA: Acho equivocado. Lula é o primeiro a rejeitar a possibilidade de se candidatar em lugar de Dilma e esse seria, inclusive, um erro político, pois daria margem a acharem que Lula fez uma má escolha de sua sucessora.

O GLOBO - Que nota você daria ao governo Dilma? Por quê?

RESPOSTA: Dilma fez um grande governo. Conseguiu manter os brasileiros a salvo da grande depressão que se espalhou pelo mundo a partir de 2008. No Brasil de 2011 a 2014, os salários subiram muito, o desemprego despencou, a desigualdade continuou caindo. Só não dou 10 a Dilma porque ela não enviou ao Congresso o Marco Regulatório das Comunicações, um arcabouço legal que existe até em países comunistas como os Estados Unidos, por exemplo.

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