Genocídio levará Bolsonaro ao xilindró primeiro
'É de genocídio e crimes contra a humanidade que se fala quando se pesquisa a atuação de Bolsonaro no que diz respeito aos indígenas', diz Eduardo Guimarães
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Há hoje uma disputa surda entre os crimes de Bolsonaro; consiste em saber qual deles levará o ex-presidente a ver o sol nascer quadrado primeiro. Nesse aspecto, acaba de surgir um crime "preferido" para fazer justiça antes contra um homem que desmoraliza a espécie.
A British Broadcasting Corporation (Corporação Britânica de Radiodifusão, mais conhecida pela sigla BBC) é a maior e mais respeitada corporação pública de rádio e televisão do mundo. E sua sucursal brasileira acaba de marcar um golaço.
A ideia da BBC foi genial e simples, como quase toda ideia genial. Consistiu em pesquisar através da Lei de Acesso a Informação (LAI), tão desrespeitada no governo Bolsonaro, se houve mesmo um aumento das mortes de yanomamis durante o governo passado.
O resultado foi estarrecedor e literalmente macabro, potencialmente indutor de uma condenação mais do que previsível de Bolsonaro pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, na Holanda.
Antes de prosseguir, vale explicar que o que motivou a criação do TPI foi combater e punir crimes contra os Direitos Humanos. Esse tribunal é competente somente para os crimes mais graves cometidos por indivíduos: genocídios, crimes de guerra e crimes contra a humanidade em geral.
E é de genocídio e crimes contra a humanidade que se fala quando se pesquisa a atuação do governo Bolsonaro no que diz respeito aos povos originários, entre outras vítimas do bolsonarismo.
A boa notícia, para quem quer impedir a impunidade de um genocida asqueroso como Jair Messias Bolsonaro, é que acaba de surgir prova inquestionável de que ele cometeu esses crimes, o que deve levá-lo para a cadeia antes de outros crimes graves que perpetrou.
O número de mortes por desnutrição de indígenas da etnia yanomami aumentou 331% nos quatro anos do governo Bolsonaro em comparação com os quatro anos anteriores. Esse dado pode ser facilmente encontrado através da Lei de Acesso a Informação.
Segundo foi apurado entre 2019 e 2022, 177 indígenas do povo yanomami morreram por algum tipo de desnutrição -- os dados são do Ministério da Saúde. Nos quatro anos anteriores, foram 41 mortes.
Detalhe: o crescimento pode ser ainda maior, porque os dados referentes a 2022 ainda estão sendo contabilizados.
Os dados liberados pelo Ministério da Saúde mostram a quantidade e as causas das mortes registradas nos Distrito Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), órgãos responsáveis pela saúde dos povos originários. As informações vão de 2013 a 2022.
Em 2013 e 2014, ainda no governo Dilma, as mortes de yanomamis por desnutrição totalizaram oito (2013) e seis (2014). São casos isolados em um patamar compreensível devido ao isolamento em que vive essa etnia.
Somando as mortes nos quatro anos seguintes (2015 a 2018), nos governos de Dilma (2015) e Temer (2016, 2017 e 2018), o total foi de 41 mortes. Nos quatro anos seguintes, já sob Bolsonaro, o número subiu a (pelo menos) 177 -- número deve aumentar bastante quando dados de 2022 forem totalmente tabulados.
O salto no número de mortes por desnutrição entre os yanomami ocorrido já no primeiro ano do governo Bolsonaro, 2019, impressiona: em 2018, foram sete mortes registradas por alguma forma de desnutrição. No ano seguinte, esse número aumentou para 36 (!).
Em 2020, o número saiu de 36 para 40 e atingiu um pico em 2021, quando 60 indígenas yanomami morreram por algum tipo de desnutrição. Ou seja, em três anos de Bolsonaro, a morte de indígenas por desnutrição subiu quase dez vezes.
Em 2022, sempre lembrando que nesse ano os dados ainda estão sendo totalizados, o número de mortes por desnutrição já chega a 40.
Não existe defesa possível para Bolsonaro contra povas dessa magnitude. Está provado que, em seu governo, houve política de Estado que promoveu o genocídio de uma etnia.
E se fossem necessárias mais provas, elas abundam. Bolsonaro tomou medidas como liberar garimpo ilegal naquelas terras e sua trajetória política é marcada por ameaças e discursos de ódio contra os povos originários, sobretudo contra os yanomamis.
A descoberta dessa bomba obriga o Brasil a se mexer para condenar e punir Bolsonaro logo para não ficar a reboque de um Tribunal Internacional que vai priorizar a condenação dele devido à fartura de provas de que promoveu genocídio contra a Nação Yanomami.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247